Reflexão do Dia - Evangelho segundo Mateus 17:1-9 - A Transfiguração do Senhor

O episódio conhecido como como a Transfiguração do Senhor é um episódio narrado por três evangelistas: Mateus, Marcos e Lucas). Cada evangelista o narra à sua maneira, conforme as suas intenções teológicas, seu conhecimento literário e, sobretudo, respondendo às necessidades de suas respectivas comunidades. Isso faz com que os três relatos se diferenciem entre si, embora tenham muitas semelhanças.

O texto de Mateus 17:1-9 é um texto muito rico em teologia e em simbologia, o que torna indispensável uma breve contextualização do mesmo.

Os discípulos do Cristo de Nazaré esperavam um messias triunfante, valente e guerreiro, enquanto Jesus era um homem simples que veio anunciar a doação da vida para alcançar a glória e a vida plena. Inclusive, impôs a disposição para carregar a cruz e doar a própria vida como condição para fazer parte do seu discipulado. A transfiguração é, portanto, a resposta de Jesus à incompreensão dos seus discípulos acerca da sua identidade, e uma demonstração de que cruz e glória fazem parte de um mesmo caminho: o destino do ser humano é a glória, mas essa passa pela cruz.

"Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte" (Mateus 17:1) → Jesus levou três discípulos: Pedro, Tiago e João. Jesus escolhe os mais próximos e íntimos, mas também eram os três discípulos que tinham mais dificuldade em enxergar o Messias sofredor.

"E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz" (Mateus 17:2) → Jesus antecipa a eles sua manifestação gloriosa. Seu rosto brilhou, inclusive suas vestes, indicando que à medida em que o Reino de Deus vai sendo implantado, o universo todo se renova.

"E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele." (Mateus 17:3) → Moisés e Elias representam a Lei e os profetas, indicando que Jesus é o seu pleno cumprimento. Um detalhe importante, os discípulos contemplam a cena, somente Jesus conversou com Moisés e Elias, isso é muito importante, mostra que em Jesus, a Lei e os profetas encerram-se, chegam ao fim enquanto cumprimento e plenitude. Portanto, Jesus é o critério de interpretação da Escritura: o Antigo Testamento só tem sentido se passar por Ele. Por isso, Moisés e Elias nada dizem aos discípulos.

"E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o"(Mateus 17:5) → A nuvem é um sinal da manifestação de Deus que reitera a autoridade de Jesus, Ele é o único que tem autoridade para falar e ser ouvido. Pedro ainda estava propenso a ouvir Moisés e Elias mas o Pai lhe corrige. Moisés e Elias já disseram o que tinham de dizer; à comunidade cristã só nos interessa o Evangelho.

"E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos" (Mateus 17:9) → Jesus pede que eles não contem nada a ninguém, por respeito aos decretos do Pai deveriam esperar a Ressurreição, pois se a notícia daquela experiência se espalhasse, rapidamente grandes multidões iriam se alvoroçar em busca de sinais e milagres. Eles deveriam anunciar Jesus, o Evangelho sem alimentar falsas ilusões, somente à luz da ressurreição é que o anúncio se torna eficaz.

Um dos ensinamentos mais importantes para as comunidades cristãs de todos os tempos é a necessidade de escutar os ensinamentos de Jesus. Quem escuta Jesus , escuta o Pai. Ele é a nossa referência para encarar a realidade, vencer os percalços(diabo) e desafios. Também ressalto que o comodismo não combina com a uma vida cristã, como soou absurda para Deus a proposta de Pedro construir tendas.

Paz, bem e graça
Renato Barbosa

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