Os perrengues conjugais de Ellen White
Existe a Ellen White que os adventistas conhecem. É a Ellen White simpática, amorosa, atenciosa, boa mãe, boa esposa. É assim que ela é apresentada em lições da escola sabatina, sermões, artigos de revistas, livros, programas de televisão e até filmes. E existe a verdadeira Ellen White, que tinha seus sérios perrengues conjugais com James [Tiago] White.
Quatro cartas reveladoras
Abaixo você lerá quatro cartas que a Ellen enviou a uma amiga íntima. Nessa correspondência a Ellen se abre sobre sua vida conjugal, conta as dificuldades e divergências com o marido, que a essa altura estava morando a cerca de 3.000 quilômetros de distância!
Alguns talvez duvidem da autenticidade dessas cartas, mas elas estão disponíveis no site oficial que divulga todos os escritos de Ellen White. (Nas notas de rodapé você tem os links das cartas no site oficial.)
Aliás, as cartas são tão problemáticas que a Igreja Adventista do Sétimo Dia se sentiu na obrigação de dar uma explicação. Por isso, depois do texto de cada uma das quatro cartas, é contada a história de que em 1973 o White Estate [Patrimônio White] adquiriu um grande lote de cartas recebidas pela adventista pioneira Lucinda Hall, de que entre essas várias cartas estavam justamente essas quatro e de que, apesar do pedido da Ellen para que as cartas fossem destruídas, ainda assim a IASD achou que muito tempo já se havia passado e não faria mal divulgá-las.
Contexto
Algumas informações que ajudarão a entender as cartas.
- As cartas foram escritas todas em maio de 1876, ano do primeiro centenário da independência dos Estados Unidos. As comemorações aconteceriam em 4 de julho.
- A essa altura a Ellen estava com 49 anos, e James, com 53.
- Lucinda Hall, a destinatária das 4 cartas, era adventista e amiga bem próxima da Ellen, possivelmente a amiga mais chegada que a “profetisa” teve.
- A Ellen estava morando em Oakland, estado da Califórnia. E o marido morava em Kansas, a aproximadamente 3.000 quilômetros de distância. Oakland fica bem no oeste dos Estados Unidos, no litoral do oceano Pacífico. Kansas fica bem para leste, a meio caminho entre os oceanos Pacífico e Atlântico.
- Quando a Ellen menciona ir para o leste, está se referindo a atravessar as montanhas Rochosas e ir até Kansas.
- É preciso lembrar que, naquela época, viagens eram feitas de trem, sendo bastante caras e demoradas.
- A Ellen se refere aos filhos chamando-os de “crianças”, mas, a essa altura, o filho Edson tinha 27 anos, e o filho William tinha 22. Edson havia se casado 6 anos antes, e William havia se casado no início de 1876. É bem possível que, quando usa a palavra “crianças”, também esteja incluindo as noras.
- Na terceira carta, a Ellen cita um trecho de uma carta que havia escrito para o James. Na mesma carta, ela reproduz um trecho bem longo de carta que havia recebido do marido. Por questão de clareza, esses dois trechos estão destacados com itálico, isto é, com letras inclinadas.
1ª carta
“Oakland, Califórnia, 10 de maio de 1876.
“Querida irmã Lucinda,
“Recebi sua carta ontem à noite. Recebi também uma do James . Lucinda, não pretendo agora trocar o certo pelo duvidoso. Consigo escrever mais e estou livre. Se eu for para o leste do país, pode acontecer da felicidade do James mudar de repente e ele ficar reclamando e irritado. Estou profundamente aborrecida com esta situação e não pretendo ir aonde existe a mínima possibilidade de isso acontecer. Quanto mais penso no assunto, mais resolvida e decidida estou de permanecer aqui, a menos que Deus me dê luz. Jamais conseguirei uma oportunidade como essa com a qual Deus me tem favorecido no presente. Tenho de trabalhar conforme Deus dirigir. Peço e suplico por luz. Se é meu dever participar das reuniões campais, ficarei sabendo.
“Mary agora está livre de perigo. Eu posso perdê-la, caso eu vá para o leste. Durante longos anos Satanás tem me impedido de escrever, e agora minha atenção não deve ser desviada. Não posso deixar de temer a probabilidade dos estados de ânimo de James oscilarem, temer suas fortes opiniões, suas censuras, sua opinião a meu respeito. E ele se sentiu na liberdade de me contar suas ideias de que eu era dirigida por um espírito de erro, de que eu restringia sua liberdade, etc. Não é fácil passar por cima de tudo isso e colocar-me voluntariamente numa posição em que ele será um obstáculo no meu caminho, e eu serei no dele.
“Não, Lucinda, nesta época não vou participar de nenhuma reunião campal. Na sua providência, Deus deu a cada um de nós dois o seu respectivo trabalho, e realizaremos esse trabalho separadamente, independentemente. Ele está feliz; eu estou feliz; mas receio que a felicidade possa acabar totalmente, caso nos encontremos. Dou bastante valor à opinião que você dá, mas tenho de ficar livre para fazer o meu trabalho. Não consigo suportar a ideia de prejudicar a obra e a causa de Deus por uma depressão como a que experimentei desnecessariamente. Meu trabalho é aqui em Oakland. Não darei um único passo rumo ao leste, a menos que o Senhor diga ‘Vá’. Então, sem um único murmúrio, irei alegremente, mas não antes.
“Foi-se uma grande razão de ser da minha vida. Se James tivesse se retratado, seria diferente. Ele disse que não devemos procurar controlar um ao outro. Não admito ter feito isso, mas ele fez, e muito mais. Nunca me senti como me sinto agora sobre este assunto. Não posso confiar no julgamento de James quanto aos meus deveres. Ele parece querer me dar ordens como se eu fosse uma criança — ele me diz para não vir para cá, que devo ir para o leste por medo da influência da irmã Willis ou por medo que eu vá a Petaluma, etc. Espero que Deus não tenha deixado para eu receber de meu marido as minhas obrigações. Deus me instruirá, se eu confiar nele.
“Estou alegre e feliz. Os meus nervos estão acalmando. Meu sono é suave. Minha saúde vai bem. Espero não ter escrito nada de errado, mas estes são apenas os meus sentimentos, e, além de você, ninguém sabe nada sobre isso. Que o Senhor me ajude a fazer o que é certo e a me sentir bem. Se as coisas tivessem sido diferentes, eu poderia sentir o dever de ir às reuniões campais. Do jeito como estão, não tenho nenhum dever. Que Deus me abençoe ao fazer o meu trabalho. Se conseguir obter luz por meio de um sonho ou de qualquer outra maneira, alegremente seguirei a luz. Atenderei às reivindicações de Deus e procurarei fazer sua vontade.
“Com amor.”1
2ª carta
“Oakland, Califórnia, 12 de maio de 1876.
“Querida irmã Lucinda,
“Gostaria que escrevesse com algumas notícias. Escreva com frequência.
“Decidi permanecer aqui e não participar de nenhuma das reuniões campais. Não me atrevo a ir para o leste sem uma garantia de que Deus quer que eu vá. Estou plenamente disposta a ir, caso a luz aponte para lá. Mas o Senhor sabe o que é melhor para mim, para o James e para a causa de Deus. O meu marido agora está feliz — bendita notícia. Se for apenas para ele continuar feliz, eu estou disposta a ficar longe dele para sempre. Se minha presença é prejudicial à sua felicidade, Deus me livre de estar ligada a ele. Farei o meu trabalho como Deus me guia. Ele pode fazer o seu trabalho como Deus o conduz. Não nos intrometeremos no caminho um do outro. O meu coração está determinado, confiando em Deus. Esperarei que Deus abra o meu caminho diante de mim.
“Não creio que o meu marido deseje realmente a minha companhia. Ele ficaria feliz por eu estar presente nas reuniões campais, mas ele tem ideias tais a meu respeito, as quais ele expressou abertamente de tempos a tempos, que não me sinto feliz na sua companhia, e jamais poderei sentir assim até que ele veja as coisas de forma totalmente diferente. Ele me acusa de ser bastante responsável por sua infelicidade, quando ele mesmo é o responsável pela sua falta de autocontrole. Essas coisas existem, e não vou conseguir estar bem com ele até ele ver as coisas de forma diferente. Ele disse coisas demais para mim, por isso não sinto liberdade de orar com ele ou trabalhar junto com ele. Portanto, à medida que o tempo passa e ele não tira nada daquilo que colocou no meu caminho, fica claro que meu dever é jamais ir aonde ele será tentado a expressar seus sentimentos e resolver nossos problemas com discussão. Não posso nem serei incapacitada, como tenho sido.”2
3ª carta
[As frases seguintes foram escritas na margem da primeira página da carta: “A Mary não gosta desse acerto do Walling para que a família dele vá às comemorações do Centenário. Ela não quer ver Walling e se opõe a ir para o leste. Não irei para leste. Estou decidida. Não tenho nenhuma luz para ir a parte alguma. EGW.”]“Oakland, Califórnia, 16 de maio de 1876.
“Prezada Lucinda,
“Uma carta que recebi ontem à noite do meu marido me mostra que ele está pronto a me dar ordens e a adotar atitudes mais duras do que nunca. Decidi não participar em nenhuma reunião campal nesta temporada. Vou ficar aqui e escrever. O meu marido pode trabalhar melhor sozinho. Tenho a certeza de que pode.
“Ele escreveu que Walling quer que eu atravesse as planícies com nossas crianças para assistir às comemorações do Centenário. Mas, na última vez que elas atravessaram as planícies, o custo foi de 50 dólares. Se ele quer que as crianças vão, ele pode vir buscá-las.
“Eu poderia enviá-las com o irmão Jones, mas significaria elas não estarem mais sob minha responsabilidade. Fico preocupada demais ao preparar essas crianças, mesmo para uma viagem. James não deu a sua opinião sobre o assunto. Ele não concorda com os artigos “Vida e ensinos de Ellen White”, que estão sendo publicados na revista Signs of the Times. Vou parar por qui. Ele só menciona uma coisa: colocar o nome do [Israel] Dammon. Penso que ele ficaria satisfeito se tivesse controle total sobre mim, alma e corpo, mas isso ele não pode ter. Às vezes acho que realmente falta-lhe juízo, mas não sei. Que Deus ensine, lidere e guie. A última carta dele fez com que eu decidisse definitivamente ficar por aqui.
“Nas cartas que me enviou, ele me escreveu duramente sobre o Edson e, então, me disse que não escreveu para me desafiar. Ele não queria que eu fizesse nenhuma referência ao Edson. Respondi da seguinte maneira (cito as exatas palavras que escrevi porque ele me devolveu a carta: ‘Se você está contente, por favor, seja agradecido e não levante assuntos desagradáveis que você se sente chamado a me escrever; não faça nenhuma referência a eles. Por favor, tome você mesmo o mesmo cuidado. Quando desejar dizer essas coisas sobre seu próprio filho, por favor, deixe a caneta de lado e pare aí mesmo. Penso que Deus ficaria mais satisfeito com você, e isso não faria mal à sua alma. Deixe-me ser orientada pelo Senhor quanto ao Edson, pois ainda confio na sua mão orientadora e tenho confiança de que ele me dirigirá. A mesma mão orientadora é a minha confiança’.
“Ele se sentiu chamado a me pressionar sobre o perigo de eu ser induzida e enganada pelo Edson. Ele se sentiu chamado a escrever a respeito do perigo de eu ser enganada pela irmã Willis, a respeito de meu camado para ir a Petaluma, etc. Espero que, quando o meu marido foi embora, ele não tenha levado Deus com ele e nos tenha deixado a caminhar pela luz dos nossos próprios olhos e pela sabedoria dos nossos próprios corações.
[No longo texto em itálico a Ellen reproduz a carta do marido] “Na última carta, ele repete que não quer que eu faça nenhuma referência àquilo que ele escreve até ‘que você veja as coisas de maneira diferente. E tenha a certeza disto: nenhuma dessas coisas me rebaixa em nada. Ficarei contente em encontrar você e a Mary na reunião campal em Kansas desde que, a menos que haja uma revelação direta de Deus, você me trate de igual para a igual. Terei todo o prazer em estar nessa posição e trabalhar com você, mas, enquanto eu estiver encarregado da supervisão de todo o trabalho, penso que é errado ter de me subordinar às opiniões pessoais de quem quer que seja. No momento em que eu chegar a essa situação, poderei ser controlado pela vontade da infalibilidade de outros. Quando não puder assumir essa posição, posso amigavelmente abrir mão das responsabilidades. Não vou ter mais controvérsias com a minha querida esposa. Ela talvea diga que a um impasse e siga seu próprio caminho. Se ela não gostar da minha posição quanto ao Edson ou outros assuntos, será que ela não pode guardar sua opinião para si e me deixar com a minha? Os comentários que você fez me desafiaram. E agora que você não consegue suportar que eu fale tão claramente quanto você fala, eu falei.“‘Quanto a você vir para Kansas, não estou nada ansioso. A julgar pelo que posso inferir da última carta, penso que podemos trabalhar melhor separados do que juntos, até que você deixe de lado seu esforço incessante de me condenar. Quando você tiver uma mensagem do Senhor para mim, espero estar onde tremerei diante da palavra dele. Mas, fora isso, você tem de me deixar que sejamos iguais, ou, então, é melhor trabalharmos separados.
“‘Você não precisa mais ficar preocupada, querendo que eu dê atenção a assuntos desagradáveis. Tenho essas coisas no meu coração. Mas, enquanto eu estiver em atividade, usarei a boa e velha cabeça que Deus me deu, até que ele revele que estou errado. A sua cabeça não cabe nos meus ombros. Mantenha-a no devido lugar, e eu tentarei honrar a Deus usando a minha. Terei prazer em ouvir de você, mas não perca seu precioso tempo e energias querendo me dar lição sobre assuntos que são meras opiniões.’
“A carta dele tem muito mais coisas assim.
“Agora, Lucinda, meu caminho é claro. Não atravessarei o país neste verão. Teria todo o prazer em dar meu testemunho nas reuniões, mas isso não aconteceria sem resultados piores do que aqueles que poderíamos ter.
“Será que você não vai me escrever algo a respeito dessas coisas? Por que é que você se mantém tão silenciosa? Como está a saúde do James? Tive um sonho que me perturbou quanto ao James.
“Qual é sua opinião em relação às crianças?
“Tenho pressa.”3
4ª carta
“Oakland, Califórnia, 17 de maio de 1876.
“Prezada irmã Lucinda,
“Lamento ter escrito aquelas cartas que lhe escrevi. Quaisquer que tenham sido os meus sentimentos, eu não precisava ter incomodado você com eles. Queime todas as minhas cartas, e não vou mais lhe contar assuntos que me deixam atordoada. Aquele que leva os pecados é o meu refúgio. Ele me convidou a ir até ele para descansar, quando eu estiver exausta e sobrecarregada. Não serei culpada de voltar a dizer algo, quaisquer que sejam as circunstâncias. O silêncio em todas as coisas desagradáveis ou confusas sempre foi uma bênção para mim. Nas vezes em que me afastei disso, arrependi-me imensamente.
“Quando você partiu, você sabia que não havia ninguém com quem eu poderia conversar, por mais aflita que eu estivesse. Mas isso não é desculpa. Escrevi a James uma carta de confissão. Você pode ler todas as cartas que envio daqui de Oakland para ele e reenviá-las por correio aonde ele está. Não sei aos cuidados de quem no Kansas eu poderia enviar cartas.
“Ontem à noite recebi uma carta do James expressando sentimentos bem diferentes. Mas não me atrevo a cruzar o país. É melhor para nós dois ficarmos separados. Não perdi meu amor pelo meu marido, mas não consigo explicar as coisas. Não participarei de nenhuma das reuniões campais no leste do país. Ficarei na Califórnia e escreverei. As últimas cartas [do James] já me levaram a uma decisão definitiva. Considero-as a luz que pedi. Teria ido à reunião em Kansas, mas me senti proibida de começar. Está tudo bem. O Senhor sabe o que é melhor para todos nós.
“Não tenho certeza de que era seu dever ir para o leste do país quando você foi. Se tivesse ficado, eu poderia ter conseguido realizar muito mais. Mas entendo todas as circunstâncias e não tenho uma palavra de censura para você, meu marido ou ninguém.
“Estou frequentemente escrevendo vinte páginas por dia. Parei de escrever “Vida e ensinos”, mas recebi mais dois testemunhos. Mais um testemunho e o texto ficará completo. Mary Clough continua exatamente a mesma: ela trabalha com interesse e ânimo. Shew se mostra ótimo ajudador; não sei como poderíamos manter a casa sem ele. Ele faz pão, excelentes tortas e pães doces e cozinha legumes. Tudo o que lhe pagaram até agora foram dois dólares por semana até duas semanas atrás e, depois, dois dólares meio. Daqui a mais duas semanas pagaremos três dólares. Mary está ensinando-o a cozinhar. Ele é asseado; cuida da casa toda.
“Onde está Frankie Patten? Ela vem ou não? Porque não você diz alguma coisa a respeito disso?
“Com amor a todos.”4
Um casamento disfuncional
Fica óbvio que o casamento da Ellen e do James ia de mal a pior. Era o que hoje poderíamos chamar de “casamento disfuncional”.
Para alívio da Ellen, o marido morreu cinco anos depois. A partir daí não foi mais necessário salvar as aparências.
Para refletir
- Com base nessas quatro cartas, qual deve ter sido o principal problema do casal Ellen e James White?
- O divórcio já era permitido nos Estados Unidos. Quais teriam sido as razões para não terem se divorciado?
- Por que a Ellen pediu à amiga que destruísse as cartas?
- O que teria levado a Lucinda a não atender o pedido da amiga para destruir as cartas?
- O que as cartas revelam sobre o temperamento da Ellen? E sobre o temperamento do James?
NOTAS |
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1. Original: “Oakland, Califórnia “May 10, 1876 “Dear Sister Lucinda: “We received your letter last evening. We also received one from James. Lucinda, I have no idea now of exchanging a certainty for an uncertainty. I can write more, and am free. Should I come east, James’ happiness might suddenly change to complaining and fretting. I am thoroughly disgusted with this state of things, and do not mean to place myself where there is the least liability of its occurring. The more I think of the matter the more settled and determined I am, unless God gives me light, to remain where I am. I can never have an opportunity such as God has favored me with at the present. I must work as God should direct. I plead and entreat for light. If it is my duty to attend the camp meetings, I shall know it. “Mary is now secured. I may lose her if I should go east. Satan has hindered me for long years from doing my writing, and now I must not be drawn off. I can but dread the liability of James’ changeable moods, his strong feelings, his censures, his viewing me in the light he does, and has felt free to tell me his ideas of my being led by a wrong spirit, my restricting his liberty, et cetera. All this is not easy to jump over and place myself voluntarily in a position where he will stand in my way and I in his. “No, Lucinda, no camp meetings shall I attend this season. God in His providence has given us each our work, and we will do it separately, independently. He is happy; I am happy; but the happiness might be all changed should we meet, I fear. Your judgment I prize, but I must be left free to do my work. I cannot endure the thought of marring the work and cause of God by such depression as I have experienced all unnecessarily. My work is at Oakland. I shall not move east one step unless the Lord says “Go.” Then, without one murmur, I will cheerfully go, not before. A great share of my life’s usefulness has been lost. If James had made retraction, it would be different. He has said we must not seek to control each other. I do not own to doing it, but he has, and much more. I never felt as I do now in this matter. I cannot have confidence in James’ judgment in reference to my duty. He seems to want to dictate to me as though I was a child—tells me not to go here, I must come east for fear of Sister Willis’s influence, or fearing that I should go to Petaluma, et cetera. I hope God has not left me to receive my duty through my husband. He will teach me if I trust in Him. “I am cheerful and happy. My nerves are getting calm. My sleep is sweet. My health is good. I hope I have not written anything wrong, but these are just my feelings, and no one but you knows anything about it. May the Lord help me to do and feel just right. If things had been different, I might feel [it was my] duty to go to camp meetings. As they are, I have no duty. God blesses me in doing my work. If I can get light in [a] dream or in any way, I will cheerfully follow the light. God lives and reigns. I shall answer to His claims, and seek to do His will. “In love.” (Disponível em https://egwwritings.org/?ref=en_Lt64-1876; acesso em 20 fev. 2021). 2. Original: “Oakland, Califórnia “May 12, 1876 “Dear Sister Lucinda: “I wish you would write some news. Write often. “I have decided to remain here, and not attend any of the camp meetings. I dare not go east without an assurance that God would have me go. I am perfectly willing to go if the light shines that way. But the Lord knows what is best for me, for James, and the cause of God. My husband is now happy—blessed news. If he will only remain happy, I would be willing to ever remain from him. If my presence is detrimental to his happiness, God forbid I should be connected with him. I will do my work as God leads me. He may do his work as God leads him. We will not get in each other’s way. My heart is fixed, trusting in God. I shall wait for God to open my way before me. “I do not think my husband really desires my society. He would be glad for me to be present at the camp meetings, but he has such views of me, which he freely has expressed from time to time, that I do not feel happy in his society, and I never can till he views matters entirely differently. He charges a good share of his unhappiness upon me, when he has made it himself by his own lack of self-control. “These things exist, and I cannot be in harmony with him till he views things differently. He has said too much for me to feel freedom with him in prayer or to unite with him in labor, therefore as time passes and he removes nothing out of my way, my duty is plain never to place myself where he will be tempted to act out his feelings and talk them out as he has done. I cannot, and will not, be crippled as I have been.” (Disponível em https://egwwritings.org/?ref=en_Lt65-1876; acesso em 20 fev. 2021). 3. Original: “Oakland, Califórnia “May 16, 1876 “Dear Lucinda: “A letter received from my husband last night shows me that he is prepared to dictate to me and take positions more trying than ever before. I have decided to attend no camp meetings this season. I shall remain and write. My husband can labor alone best. I am sure I can. He writes [that] Walling wants me to bring the children over the plains to attend the Centennial. But they have crossed the plains for the last time, to pay out fifty dollars. If he wants them, he can come and get them. [The following sentences were written in the margin of the first page of the letter: “This arrangement of Walling’s to have his family go to the Centennial, May does not like. She does not want to see Walling, and is opposed to going east. I shall not go east. I am decided. I get no light to go anywhere. EGW.”] I could send them by Brother Jones, but it would be to have them no more under my charge. I have too much care to prepare these children even for a journey. James did not express his mind in the matter. He takes exceptions to the sketches of life in Signs. Shall stop just here. He only mentions one thing, the putting in of [Israel] Dammon’s name. I think he would be satisfied if he had the entire control of me, soul and body, but this he cannot have. I sometimes think he is not really a sane man, but I don’t know. May God teach and lead and guide. His last letter has fully decided me to remain this side of the mountains. “He has in his letters to me written harshly in regard to Edson, and then told me that he did not write to call me out. He did not want me to make any references to Edson. I wrote thus—I give you the words, for he has returned the letter: ‘Will you, please, if you are happy, to be thankful and not agitate disagreeable matters which you feel called upon to write me, to make no reference to them. Please take the same cautions yourself. When you wish to make these statements in reference to your own son, please lay down your pen and stop just there. I think God would be better pleased, and it would do no harm to your own soul. Leave me to be guided by the Lord in reference to Edson, for I still trust in His guiding hand and have confidence He will lead me. The same guiding hand is my trust.’ “He has felt called upon to press upon me the danger of being drawn in by Edson and deceived by him. He has felt called upon to write in regard to my danger of being deceived by Sister Willis, in regard to my being called to Petaluma, et cetera. I hope [that] when my husband left he did not take God with him and leave us to walk by the light of our own eyes and the wisdom of our own hearts. “In his last [letter] he repeats [that] he does not want me to make any references to what he writes till ‘You see things differently. And be assured of this, that none of these things sink me down a hair. I shall be happy to meet you and Mary at the Kansas camp meeting provided that, with the exception of a direct revelation from God, you put me on a level with yourself. I will gladly come to that position and labor with you, but while entrusted with the supervision of the whole work I think it wrong to be second to the private opinions of anyone. “‘The moment I come to this I can be turned by the will of others’ infallibility. When I cannot take this position I can gracefully cast off responsibilities. I shall have no more controversies with my dear wife. She may call it a ‘mouse or a bat’ and have her own way. If she doesn’t like my position in reference to Edson or other matters, will she please [keep] her opinion to herself and let me enjoy mine? Your remarks called me out. And now that you cannot endure my speaking as plainly as you do, I have done. “‘As to your coming to Kansas, I am not the least anxious. Judging from what I can gather from that last page, I think we can better labor apart than together until you can lay down your continual efforts to hold me in condemnation. When you have a message from the Lord for me, I hope I shall be where I shall tremble at His word. But aside from that, you must let me be an equal, or we had better work alone. “‘Don’t be anxious about my dwelling on disagreeables any more. I have them in my heart. But while on the stage of action I shall use the good old head God gave me until He reveals that I am wrong. Your head won’t fit my shoulders. Keep it where it belongs, and I will try to honor God in using my own. I shall be glad to hear from you, but don’t waste your precious time and strength lecturing me on matters of mere opinions.’ “There is considerable more of the same kind. “Now, Lucinda, my course is clear. I shall not cross the plains this summer. I would be glad to bear my testimony in the meetings, but this cannot be without worse results than we could gain. “Will you not write me something in reference to these things? Why do you keep so silent? How is James’ health? I had a dream that troubled me in reference to James. “What is your mind in reference to the children? “In haste.” (Disponível em https://egwwritings.org/?ref=en_Lt66-1876; acesso em 20 fev. 2021) 4. Original: “Oakland, Califórnia “May 17, 1876 “Dear Sister Lucinda: “I am sorry I wrote you the letters I have. Whatever may have been my feelings, I need not have troubled you with them. Burn all my letters, and I will relate no matters that perplex me to you. The [Sinbearer] is my refuge. He has invited me to come to Him for rest when weary and heavy laden. I will not be guilty of uttering a word again, whatever may be the circumstances. Silence in all things of a disagreeable or perplexing character has ever been a blessing to me. When I have departed from this, I have regretted it so much. “You knew when you left that there was no one I could speak with, however distressed I might be; but this is no excuse. I have written to James a letter of confession. You may read all letters that come from Oakland to him, and remail [them to him] where he is. I know not who to send letters in the care of at Kansas. “I received last night a letter from James expressing a very [different] tone of feelings. But I dare not cross the plains. It is better for us both to be separated. I have not lost my love for my husband, but I cannot explain things. I shall not attend any of the eastern camp meetings. I shall remain in California and write. The last letters have fully decided me. I regard it the light that I have asked for. I would have come to the Kansas meeting but felt forbidden to start. It is all right. The Lord knows what is best for us all. “I have no confidence that it was your duty to go east when you did. Had you remained, I might have accomplished much more. But I understand all the circumstances, and have not a word of censure to lay on you or my husband or anyone. “I am writing frequently twenty pages a day. I have dropped Sketches of Life, but [we] have got off two more forms [of] the testimony. One more form will complete it. Mary Clough is just the same; she works with interest and cheerfulness. Shew proves to be a precious help; I don’t know how we could keep house without him. He makes bread, just excellent pies, buns; and cooks vegetables. All that they have paid him as yet is two dollars each week, till last two weeks, two and [a] half. Shall pay three in two weeks more. Mary [is] teaching him to cook. He is neat; takes care of the whole house. “Where is Frankie Patten? Is she coming or not? Why do you not say something about these things? “Love to all.” (disponível em https://egwwritings.org/?ref=en_Lt67-1876; acesso em 20 fev. 2021) |