O esclarecimento do juiz

Mateus25:

37 Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
38 E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.


Os que acolheram os excluídos são chamados justos. Isto significa que a justiça do Reino não se alcança observando normas e leis, mas sim acolhendo os necessitados. Mas os próprios justos não sabem quando foi que acolheram Jesus necessitado. Jesus responde: “Toda vez que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes!” Quem são estes “meus irmãos mais pequeninos?” Em outras passagens do Evangelho de Mateus, as expressões “meus irmãos” e “pequeninos” indicam os discípulos. São os membros mais abandonados da comunidade, os desprezados que não recebem lugar e não são bem recebidos (Mateus 10:40). Jesus se identifica com eles. Mas não é só isto. Aqui no contexto tão amplo desta parábola final, a expressão “meus irmãos mais pequeninos” se alarga e inclui todos aqueles que na sociedade não têm lugar. Indica todos os pobres. E os “justos” e os “benditos de meu Pai” são todas as pessoas que acolhem o outro na total gratuidade, independentemente do fato de ser cristão ou não.

Jesus Cristo, Mahatma Gandhi e o cristianismo



A não-violência na vida e nos ensinamentos de Jesus

Jesus de Nazaré tinha tudo para ser um homem ressentido e violento, pois sofreu desde cedo, a violência e a opressão dos poderosos. Ainda criança, seus pais tiveram que fugir com o Menino para o Egito devido à perseguição de Herodes que, por medo de perder o poder, ordenou que matasse “todos os meninos menores de dois anos em Belém e arredores” (Mateus 2:16), tendo assim que viver a sua infância em terras estrangeiras. Quando adulto, Jesus experimentou novamente a dor dos refugiados ao passar pelas aldeias de samaritanos e não ser acolhido, porém, não aceitou a proposta de vingança de seus discípulos ( Lucas 9:51-55). Dor maior Ele sofreu ao ser rejeitado pelos seus conterrâneos que por preconceito e fechamento não o acolheram e ainda queriam eliminá-lo (Lucas 4:14-30); e, mesmo depois de ser torturado, humilhado e condenado à morte por um tribunal injusto “Ele não abriu a boca” ( Marcos 14:53-65).
Na cruz, Ele olha no rosto de seus algozes, não com ressentimento, ódio ou desejo de vingança, mas com misericórdia. Ao invés de derramar a ira Jesus prefere derramar sobre eles o perdão: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).

A não-violência ensinada e praticada por Jesus deve ser paradigma para todos os cristãos. Sua resistência segue a via da humilde mansidão.

Como dizia Mahatma Gandhi:“A força de um homem e de um povo está na não-violência. A não-violência é o primeiro artigo da minha fé e o último… Conheci a Bíblia por volta dos 45 anos de idade… De tudo o que li, o que mais me impressionou foi o fato de Jesus ter vindo para estabelecer uma nova lei… Não mais olho por olho, nem dente por dente; devermos estar dispostos a receber duas bofetadas, se nos dão uma, e percorrer dois quilômetros, se nos pedem um… Dizia a mim próprio: isto não é seguramente o cristianismo. O Sermão da Montanha demonstrou-me como estava errado, à medida que tomava contato com os verdadeiros cristãos, quer dizer, com os que viviam para Deus. Vi que o Sermão da Montanha era todo o cristianismo… Enquanto não formos homens insatisfeitos e não tivermos arrancado a raiz da violência da nossa civilização, Cristo não terá nascido… O princípio da não-violência infringe-se com os maus pensamentos, com a pressa injustificada, com a mentira em todas as suas vertentes, o ódio, desejando mal ao próximo. Violamo-la ao reter para nós o de que necessitam os outros. A não-violência, na sua forma ativa, é boa vontade em tudo o que se vive. É amor perfeito”.

O princípio da não-violência está relacionado ao projeto de Reino anunciado e testemunhado por Jesus. Ele fez da não-violência uma estratégia de resistência profética contra o pecado estrutural. 

paz, graça e bem.

Vidas Negras Importam

 

Deus, perdão por todo mal causado aos negros e negras da nossa pátria. Há um débito histórico que ainda não foi resolvido e, nós, cristãos temos a obrigação de mostrar o nosso arrependimento através da luta pela garantia dos direitos sociais e humanos, assim, reconhecer o privilégio de ser branco neste contexto já é o primeiro passo. Que Deus tenha piedade de nós e que possamos entender que vidas negras importam. Que o sopro do Espírito Santo antirracista esteja sobre nós. Amém!

Destruir a propriedade dos racistas é uma forma cristã de protesto

 


Mateus 21:

12 E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas;

Martin Luther King - pastor batista, discípulo de Cristo e de Gandhi



"King, com Gandhi e Nelson Mandela, são o ícone de um conflito que colocou os brancos cara a cara com sua herança política mais preciosa, e muitas vezes esquecida, o princípio de igualdade das Revoluções Americana e Francesa, que agora entendemos, não é um resultado necessário do progresso, ou de um ato revolucionário",
No início abril de 1968, Martin Luther King estava em Memphis, Tennessee, para apoiar a greve de trabalhadores negros da limpeza urbana. Em 3 de abril, pronunciou um dos seus discursos mais famosos: "Eu estava no topo da montanha", quase uma profecia, na qual disse que, como Moisés, tinha visto a terra prometida do Monte Nebo, mas nela não tinha podido entrar, talvez ele também não entraria; mas Deus lhe tinha permitido subir ao topo da montanha para vê-la, a Terra Prometida dos Povos Negros. Por isso, “estou feliz nesta noite. Não tenho medo de nada e de ninguém". No dia seguinte King, que tinha recebido muitas ameaças de morte, foi morto por James Earl Ray, um assassinato ainda em parte envolto no mistério.

Martin Luther King, com sua ação e sua morte, tornou-se um ícone da luta dos afro-americanos pela liberdade e pelos direitos civis. No entanto, não sei até onde estamos preparados para aceitar que King seja um afro-americano, com uma visão que começou a partir daí, da cultura negra americana, nascida da destruição das muitas tradições de grupos étnicos africanos reduzidos à escravidão. Uma enorme devastação cultural à qual escravos e negros livres responderam criando uma nova cultura, que era negra e americana juntas, porque os negros quase sempre queriam ser americanos, livres nos Estados Unidos. Fazer de Martin Luther King um símbolo universal, implica não eliminar sua história específica de afro-americano e de americano.

Em nosso país, ateu e católico, não se quer nem mesmo lembrar que King fosse, acima de tudo e sempre, um pastor batista, filho e neto de pastores batistas, a Igreja negra por excelência, com uma fé extática e pouca teologia; a Igreja que sempre viu no retorno de Israel a Canaã a figura da liberdade alcançada pelos negros, e isto como saída do pecado e retorno a Cristo. Ao lutar pelos direitos civis, King estava lutando por Cristo e, então, lutava também pela América. Queria ser o pastor da nação, como já disseram muitos que o conheceram. Ele pretendia redimir a alma da América.
Martin Luther King encarna o movimento pelos direitos civis, que, no entanto, não se reduzem a ele, ao contrário, ele próprio é um fruto, porque o movimento já estava vivo, bem antes dele, com uma resistência silenciosa às chamadas leis de Jim Crow, que no final do século XIX estabeleceram a segregação racial nos Estados do Sul, imediatamente declaradas constitucionais pelo Supremo Tribunal. O empenho continuou com o nascimento, em 1909, da Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (Naacp), uma associação de negros e brancos que lutavam para garantir a igualdade de todos os cidadãos. Esse movimento cresceu, e dividiu-se entre uma ala integracionista, sob a liderança de Booker T. Washington, e uma radical, com o grande ativista e intelectual W. E. B. Dubois. Na década de 1930, o jamaicano Marcus Garvey jogou, em Harlem, o bairro afro-americano de Nova York, as bases do nacionalismo negro, que seriam retomadas, trinta anos depois, no Black Power, por Stokely Carmichael.

Uma história em que o movimento dos direitos civis dos anos 50 e 60 compõem um capítulo fundamental, mas apenas um capítulo. A história, acima de tudo, de um movimento de base, uma rede de atividades e de associações locais que apareciam às centenas, desapareciam e voltavam continuamente a viver.

Em 1954, aos 25 anos, King tornou-se pastor da Igreja Batista na Dexter Avenue, em Montgomery, Alabama, uma das cidades onde a segregação e a resistência negra eram mais robustas, e logo foram absorvidas pelas atividades políticas de afro-americanos. No mesmo ano, um caso judicial de teste, promovido pela Naacp, levou a Suprema Corte, no caso chamado Brown contra Board Education ("escritório escolar"), a declarar inconstitucional a segregação nas escolas. Foi a primeira grande vitória do movimento. Em dezembro de 1955, em Montgomery, a costureira e ativista negra Rosa Parks se recusou a ceder o lugar a um homem branco em um ônibus segregado da cidade, e foi presa. As organizações afro-americanas, lideradas pelo pastor Ralph Abernathy, animaram, então, um boicote aos ônibus da cidade. Para dirigir esse movimento chamaram King, que por sua vez foi preso, e teve sua casa incendiada por uma bomba, mas não recuou. Depois de mais de um ano de luta, os ônibus de Montgomery foram desagregados e King tornou-se uma figura nacional.

Ao amadurecer como líder político, elaborou a teoria da não-violência, a partir das palavras de Jesus - "Quem com a espada fere, pela espada morre" -, enriquecidas com o encontro do pensamento de Gandhi, já difuso por outros ativistas negros. Jesus, Gandhi e David Thoreau, o grande filósofo e poeta antiescravista, que escolhera a prisão a apoiar a guerra de agressão contra o México, em 1846, foram os pilares do seu pensamento. Vários líderes afro-americanos, como Robert F. Williams, antes das Panteras Negras dos anos sessenta, ou mesmo de Malcolm X, praticavam a resistência armada como forma de autodefesa.
King opôs-se a eles; mas não foi um pacifista absoluto. A não-violência era para ele um sistema de vida, uma atitude ética, que o levou a nunca responder às agressões repetidas que sofria; mas, como para Gandhi, era um instrumento de luta, um instrumento dos fortes, para obter resultados. Foi o método que seguiu em todos os eventos que organizou, como, por exemplo, as marchas de março de 1965, de Selma a Montgomery, pelo direito de voto aos negros, em que a violência policial contra milhares de manifestantes pacíficos provocou um tal protesto que permitiu a aprovação, no mesmo ano, do Voting Rights Act (Lei dos Direitos de Voto), lei que acabou com a discriminação racial que impedia os negros de votarem nas eleições.

King, com Gandhi e Nelson Mandela, são o ícone de um conflito que colocou os brancos cara a cara com sua herança política mais preciosa, e muitas vezes esquecida, o princípio de igualdade das Revoluções Americana e Francesa, que agora entendemos, não é um resultado necessário do progresso, ou de um ato revolucionário. São conquistas que se perdem facilmente, e, para as quais, precisamos de luta pacífica, mas real, e vigilância contínua.

Reflexão do Dia - Evangelho Segundo Mateus 5:12

Paz, graça e bem,

A reflexão de hoje é sobre o texto de Mateus 5:1-12, mais conhecido como as bem-aventuranças e, certamente, um dos trechos mais lidos de todo o Novo Testamento, apreciado por cristãos e não cristãos. Mahatma Gandhi definiu as bem-aventuranças como “as palavras mais altas que a humanidade já escutou”.  As bem-aventuranças representam a síntese do programa de vida de Jesus e de seus seguidores de todos os tempos. É um texto belo e revolucionário.

"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;" Mateus 5:3
Tem sido essa a bem-aventurança que tem recebido as interpretações mais equivocadas ao longo da história, infelizmente. O convite de Jesus é para que não desanimem, mas coloquem-se em marcha para alcançarem o Reino que foi criado para eles, o Reino dos Céus, mas não no céu, aqui mesmo na Terra, reino como sinônimo de uma vida plena e digna.  Jesus convida a perder o medo, buscar seus direitos de herdeiro do Reino e jamais se dobrar ao sistema opressor.

"Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados" Mateus 5:4. 
jamais será consolado o aflito que se fecha em suas aflições, mas sim aquele que consegue mover-se, apesar do sofrimento. A implantação do Reino dos Céus num mundo hostil traz  aflições para os discípulos de Jesus. Mesmo assim, devemos avançar, sem recuar diante das dificuldades.

"Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;Mateus 5:5
O termo manso é equivalente a humilde, significa reivindicar alguma coisa sem violência. A luta sem violência é mais lenta e mais difícil de conseguir o objetivo. Por isso, Jesus encoraja e pede paciência, é como se ele dissesse: “não parem, continuem lutando”.

"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;" Mateus 5:6. 
O alimento e a bebida são essenciais para a vida, e assim deve ser a luta por justiça entre seus seguidores, devemos ter diariamente fome e sede justiça social. Onde não há justiça, não há paz. 

"Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;"
Mateus 5:7. 
É importante recordar que misericórdia, na Bíblia, não é um sentimento, mas uma ação em favor dos pobres e necessitados. A misericórdia é uma das principais características de Deus e por isso, deve ser também para os seus seguidores.

"Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;" Mateus 5:8
A lei mosaica e os antigos ritos de purificação do judaísmo tinham escondido o rosto verdadeiro de Deus. Jesus proclama a nulidade daquelas leis e ritos e pede para seus discípulos caminharem em outra direção, avançarem por outro caminho que não seja o da religião que divide, mata e exclui. Só há um tipo de pureza: a interior, essa não é proporcionada por nenhum rito.

"Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;" Mateus 5:9. 
Na marcha da comunidade formada por discípulos e discípulas de Jesus, a promoção da paz é requisito básico e essencial. Não se trata de uma falsa paz como aquela imposta por Roma, intitulada “pax romana”. A paz que Jesus propõe não é uma mera ausência de conflitos, mas um retorno ao ideal hebraico expresso pela palavra (שלום) shalom: paz como bem-estar total do ser humano, harmonia com Deus, com o próximo e consigo mesmo. É por essa paz que a comunidade de discípulos e discípulas deve lutar enquanto caminha, fazendo dessa paz o rumo da caminhada. Não há prêmio para quem caminha promovendo a paz, mas há consequências: ser chamados filhos de Deus. Na tradição bíblica, ser filho é ser parecido com o pai. Quando alguém caminha promovendo a paz, se torna parecido com Deus, por isso, será chamado seu filho.

"Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;" 
Mateus 5:10
A justiça é a prática bem-aventuranças anteriores. A quem adere plenamente à lógica do Reino de Deus não há outra consequência que não ser a perseguição pelo sistema religioso e político. Mas, mesmo diante da perseguição, a palavra de Jesus continua sendo de encorajamento: continuem marchando em busca do Reino.

Viver as bem-aventuranças é abraçar um projeto de sociedade alternativa que entra em conflito com os sistemas dominantes baseados na no lucro e na exploração,. Mas é diante desse conflito que a devemos avançar, seguir em frente sem desanimar. Por isso, Jesus reforçou "Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós." Mateus 5:11,12. 

Para seguir Jesus é preciso estar em estado de caminhada contra tudo o que impede o advento do Reino aqui na Terra. A mensagem libertadora das bem-aventurança é um convite a lutarmos por um mundo melhor, mais fraterno e mais justo.

Paz, graça e bem,
Renato Barbosa

Os 503 anos da Reforma Protestante

Neste dia 31 de outubro, é celebrado o aniversário dos 503 anos da Reforma Protestante. Apesar de muitas vezes ser lembrado como um movimento religioso, é preciso dizer que este marco histórico trouxe transformações muito profundas para o mundo, na época e até os dias de hoje, e que atingem diversas áreas da vida. De certa forma, refletir sobre a Reforma é também refletir sobre mudanças culturais, econômicas, educacionais e de convívio.
A história relata que, em 1517, Martinho Lutero, um monge alemão indignado com a exploração financeira da fé em sua época, afixou 95 teses na porta da Igreja de Wittemberg, na Alemanha, e este momento é conhecido como o período que deu início ao processo da Reforma Protestante.
As teses de Lutero não eram um “ataque” à fé, mas uma espécie de convite ao papa da época para dialogar sobre o que estava acontecendo com a Igreja. No entanto, não foi dessa forma que a atitude do monge foi vista, pois o papa se revoltou. A história mostra que a Igreja estava endividada e precisava de dinheiro, não querendo abrir mão do poder que tinha sobre o Estado e sobre o “comércio de perdão”. Não demorou muito para que as teses de Lutero encontrassem eco em outras pessoas.
Mesmo sob grande exposição, os reformadores tiveram proteção de várias cidades e Estados, pois a Igreja costumava se utilizar do artifício da excomunhão para fazer com que os governos se dobrassem à sua visão. Como Lutero, o primeiro reformador, questionava tais pontos, concedendo maior liberdade aos Estados, obteve apoio em sua luta. Calvino, posteriormente, apoiaria tal conceito, por isso a Reforma traz, mais uma vez, a ideia de um governo representativo e revive a democracia.
As transformações da Reforma Protestante
Além da democracia, entre os aspectos mais marcantes que a Reforma trouxe estão a liberdade de expressão e pensamento, incentivo à educação, a independência do Estado em relação à Igreja e muitos outros desmembramentos em diversas áreas, incluindo a jurídica: um dos exemplos é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi redigida sob influência das ideias dos reformadores.
O Mackenzie, como instituição presbiteriana, é filho desse processo, marco que serve como norteador de nossos princípios, baseados na visão cristã reformada e na crença da liberdade humana e da educação como meios para o desenvolvimento.
A evolução da Reforma trouxe uma transição no modelo de autoridade, indo de uma figura humana para as escrituras. Com isso, houve uma influência direta na educação, tendo em vista que a população não era letrada. Isso quer dizer que este processo dependia de uma população que aprendesse a ler, defendendo o estudo, trabalho e investigação científica para a sociedade e desenvolvimento das pessoas.
No âmbito religioso, vale destacar que a Reforma teve três grandes pilares: justificação pela fé somente, a centralidade das escrituras e o sacerdócio universal de todos crentes. De certa maneira, a Reforma continua sendo atual, porque é basicamente uma questão espiritual, na qual as escrituras passam a ser o ponto central de debate, afinal, o livre exame das escrituras é a centralidade e soberania de Deus em todas as coisas.
Em resumo, o movimento questionou o autoritarismo religioso medieval, com ênfase à participação responsável dos fiéis na vida e na direção das igrejas, liderança participativa, valorização do trabalho e de toda e qualquer ocupação honesta. Esses tópicos contribuíram para o fortalecimento de noções como liberdade, democracia e solidariedade social.
Os diferentes reformadores, e seus seguidores, deram importantes contribuições nas áreas da teologia, filosofia, política, sociologia e ética. E até hoje sentimos e podemos verificar esses efeitos.