Mateus25:
37 Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
38 E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Os que acolheram os excluídos são chamados justos. Isto significa que a justiça do Reino não se alcança observando normas e leis, mas sim acolhendo os necessitados. Mas os próprios justos não sabem quando foi que acolheram Jesus necessitado. Jesus responde: “Toda vez que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes!” Quem são estes “meus irmãos mais pequeninos?” Em outras passagens do Evangelho de Mateus, as expressões “meus irmãos” e “pequeninos” indicam os discípulos. São os membros mais abandonados da comunidade, os desprezados que não recebem lugar e não são bem recebidos (Mateus 10:40). Jesus se identifica com eles. Mas não é só isto. Aqui no contexto tão amplo desta parábola final, a expressão “meus irmãos mais pequeninos” se alarga e inclui todos aqueles que na sociedade não têm lugar. Indica todos os pobres. E os “justos” e os “benditos de meu Pai” são todas as pessoas que acolhem o outro na total gratuidade, independentemente do fato de ser cristão ou não.
Jesus Cristo, Mahatma Gandhi e o cristianismo
A não-violência na vida e nos ensinamentos de Jesus
Jesus de Nazaré tinha tudo para ser um homem ressentido e violento, pois sofreu desde cedo, a violência e a opressão dos poderosos. Ainda criança, seus pais tiveram que fugir com o Menino para o Egito devido à perseguição de Herodes que, por medo de perder o poder, ordenou que matasse “todos os meninos menores de dois anos em Belém e arredores” (Mateus 2:16), tendo assim que viver a sua infância em terras estrangeiras. Quando adulto, Jesus experimentou novamente a dor dos refugiados ao passar pelas aldeias de samaritanos e não ser acolhido, porém, não aceitou a proposta de vingança de seus discípulos ( Lucas 9:51-55). Dor maior Ele sofreu ao ser rejeitado pelos seus conterrâneos que por preconceito e fechamento não o acolheram e ainda queriam eliminá-lo (Lucas 4:14-30); e, mesmo depois de ser torturado, humilhado e condenado à morte por um tribunal injusto “Ele não abriu a boca” ( Marcos 14:53-65).
Na cruz, Ele olha no rosto de seus algozes, não com ressentimento, ódio ou desejo de vingança, mas com misericórdia. Ao invés de derramar a ira Jesus prefere derramar sobre eles o perdão: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
A não-violência ensinada e praticada por Jesus deve ser paradigma para todos os cristãos. Sua resistência segue a via da humilde mansidão.
Como dizia Mahatma Gandhi:“A força de um homem e de um povo está na não-violência. A não-violência é o primeiro artigo da minha fé e o último… Conheci a Bíblia por volta dos 45 anos de idade… De tudo o que li, o que mais me impressionou foi o fato de Jesus ter vindo para estabelecer uma nova lei… Não mais olho por olho, nem dente por dente; devermos estar dispostos a receber duas bofetadas, se nos dão uma, e percorrer dois quilômetros, se nos pedem um… Dizia a mim próprio: isto não é seguramente o cristianismo. O Sermão da Montanha demonstrou-me como estava errado, à medida que tomava contato com os verdadeiros cristãos, quer dizer, com os que viviam para Deus. Vi que o Sermão da Montanha era todo o cristianismo… Enquanto não formos homens insatisfeitos e não tivermos arrancado a raiz da violência da nossa civilização, Cristo não terá nascido… O princípio da não-violência infringe-se com os maus pensamentos, com a pressa injustificada, com a mentira em todas as suas vertentes, o ódio, desejando mal ao próximo. Violamo-la ao reter para nós o de que necessitam os outros. A não-violência, na sua forma ativa, é boa vontade em tudo o que se vive. É amor perfeito”.
O princípio da não-violência está relacionado ao projeto de Reino anunciado e testemunhado por Jesus. Ele fez da não-violência uma estratégia de resistência profética contra o pecado estrutural.
Jesus de Nazaré tinha tudo para ser um homem ressentido e violento, pois sofreu desde cedo, a violência e a opressão dos poderosos. Ainda criança, seus pais tiveram que fugir com o Menino para o Egito devido à perseguição de Herodes que, por medo de perder o poder, ordenou que matasse “todos os meninos menores de dois anos em Belém e arredores” (Mateus 2:16), tendo assim que viver a sua infância em terras estrangeiras. Quando adulto, Jesus experimentou novamente a dor dos refugiados ao passar pelas aldeias de samaritanos e não ser acolhido, porém, não aceitou a proposta de vingança de seus discípulos ( Lucas 9:51-55). Dor maior Ele sofreu ao ser rejeitado pelos seus conterrâneos que por preconceito e fechamento não o acolheram e ainda queriam eliminá-lo (Lucas 4:14-30); e, mesmo depois de ser torturado, humilhado e condenado à morte por um tribunal injusto “Ele não abriu a boca” ( Marcos 14:53-65).
Na cruz, Ele olha no rosto de seus algozes, não com ressentimento, ódio ou desejo de vingança, mas com misericórdia. Ao invés de derramar a ira Jesus prefere derramar sobre eles o perdão: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
A não-violência ensinada e praticada por Jesus deve ser paradigma para todos os cristãos. Sua resistência segue a via da humilde mansidão.
Como dizia Mahatma Gandhi:“A força de um homem e de um povo está na não-violência. A não-violência é o primeiro artigo da minha fé e o último… Conheci a Bíblia por volta dos 45 anos de idade… De tudo o que li, o que mais me impressionou foi o fato de Jesus ter vindo para estabelecer uma nova lei… Não mais olho por olho, nem dente por dente; devermos estar dispostos a receber duas bofetadas, se nos dão uma, e percorrer dois quilômetros, se nos pedem um… Dizia a mim próprio: isto não é seguramente o cristianismo. O Sermão da Montanha demonstrou-me como estava errado, à medida que tomava contato com os verdadeiros cristãos, quer dizer, com os que viviam para Deus. Vi que o Sermão da Montanha era todo o cristianismo… Enquanto não formos homens insatisfeitos e não tivermos arrancado a raiz da violência da nossa civilização, Cristo não terá nascido… O princípio da não-violência infringe-se com os maus pensamentos, com a pressa injustificada, com a mentira em todas as suas vertentes, o ódio, desejando mal ao próximo. Violamo-la ao reter para nós o de que necessitam os outros. A não-violência, na sua forma ativa, é boa vontade em tudo o que se vive. É amor perfeito”.
O princípio da não-violência está relacionado ao projeto de Reino anunciado e testemunhado por Jesus. Ele fez da não-violência uma estratégia de resistência profética contra o pecado estrutural.
paz, graça e bem.
Vidas Negras Importam
Deus, perdão por todo mal causado aos negros e negras da nossa pátria. Há um débito histórico que ainda não foi resolvido e, nós, cristãos temos a obrigação de mostrar o nosso arrependimento através da luta pela garantia dos direitos sociais e humanos, assim, reconhecer o privilégio de ser branco neste contexto já é o primeiro passo. Que Deus tenha piedade de nós e que possamos entender que vidas negras importam. Que o sopro do Espírito Santo antirracista esteja sobre nós. Amém!
Destruir a propriedade dos racistas é uma forma cristã de protesto
Mateus 21:
12 E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas;
Martin Luther King - pastor batista, discípulo de Cristo e de Gandhi
"King, com Gandhi e Nelson Mandela, são o ícone de um conflito que colocou os brancos cara a cara com sua herança política mais preciosa, e muitas vezes esquecida, o princípio de igualdade das Revoluções Americana e Francesa, que agora entendemos, não é um resultado necessário do progresso, ou de um ato revolucionário",
No início abril de 1968, Martin Luther King estava em Memphis, Tennessee, para apoiar a greve de trabalhadores negros da limpeza urbana. Em 3 de abril, pronunciou um dos seus discursos mais famosos: "Eu estava no topo da montanha", quase uma profecia, na qual disse que, como Moisés, tinha visto a terra prometida do Monte Nebo, mas nela não tinha podido entrar, talvez ele também não entraria; mas Deus lhe tinha permitido subir ao topo da montanha para vê-la, a Terra Prometida dos Povos Negros. Por isso, “estou feliz nesta noite. Não tenho medo de nada e de ninguém". No dia seguinte King, que tinha recebido muitas ameaças de morte, foi morto por James Earl Ray, um assassinato ainda em parte envolto no mistério.
No início abril de 1968, Martin Luther King estava em Memphis, Tennessee, para apoiar a greve de trabalhadores negros da limpeza urbana. Em 3 de abril, pronunciou um dos seus discursos mais famosos: "Eu estava no topo da montanha", quase uma profecia, na qual disse que, como Moisés, tinha visto a terra prometida do Monte Nebo, mas nela não tinha podido entrar, talvez ele também não entraria; mas Deus lhe tinha permitido subir ao topo da montanha para vê-la, a Terra Prometida dos Povos Negros. Por isso, “estou feliz nesta noite. Não tenho medo de nada e de ninguém". No dia seguinte King, que tinha recebido muitas ameaças de morte, foi morto por James Earl Ray, um assassinato ainda em parte envolto no mistério.
Martin Luther King, com sua ação e sua morte, tornou-se um ícone da luta dos afro-americanos pela liberdade e pelos direitos civis. No entanto, não sei até onde estamos preparados para aceitar que King seja um afro-americano, com uma visão que começou a partir daí, da cultura negra americana, nascida da destruição das muitas tradições de grupos étnicos africanos reduzidos à escravidão. Uma enorme devastação cultural à qual escravos e negros livres responderam criando uma nova cultura, que era negra e americana juntas, porque os negros quase sempre queriam ser americanos, livres nos Estados Unidos. Fazer de Martin Luther King um símbolo universal, implica não eliminar sua história específica de afro-americano e de americano.
Em nosso país, ateu e católico, não se quer nem mesmo lembrar que King fosse, acima de tudo e sempre, um pastor batista, filho e neto de pastores batistas, a Igreja negra por excelência, com uma fé extática e pouca teologia; a Igreja que sempre viu no retorno de Israel a Canaã a figura da liberdade alcançada pelos negros, e isto como saída do pecado e retorno a Cristo. Ao lutar pelos direitos civis, King estava lutando por Cristo e, então, lutava também pela América. Queria ser o pastor da nação, como já disseram muitos que o conheceram. Ele pretendia redimir a alma da América.
Martin Luther King encarna o movimento pelos direitos civis, que, no entanto, não se reduzem a ele, ao contrário, ele próprio é um fruto, porque o movimento já estava vivo, bem antes dele, com uma resistência silenciosa às chamadas leis de Jim Crow, que no final do século XIX estabeleceram a segregação racial nos Estados do Sul, imediatamente declaradas constitucionais pelo Supremo Tribunal. O empenho continuou com o nascimento, em 1909, da Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (Naacp), uma associação de negros e brancos que lutavam para garantir a igualdade de todos os cidadãos. Esse movimento cresceu, e dividiu-se entre uma ala integracionista, sob a liderança de Booker T. Washington, e uma radical, com o grande ativista e intelectual W. E. B. Dubois. Na década de 1930, o jamaicano Marcus Garvey jogou, em Harlem, o bairro afro-americano de Nova York, as bases do nacionalismo negro, que seriam retomadas, trinta anos depois, no Black Power, por Stokely Carmichael.
Martin Luther King encarna o movimento pelos direitos civis, que, no entanto, não se reduzem a ele, ao contrário, ele próprio é um fruto, porque o movimento já estava vivo, bem antes dele, com uma resistência silenciosa às chamadas leis de Jim Crow, que no final do século XIX estabeleceram a segregação racial nos Estados do Sul, imediatamente declaradas constitucionais pelo Supremo Tribunal. O empenho continuou com o nascimento, em 1909, da Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (Naacp), uma associação de negros e brancos que lutavam para garantir a igualdade de todos os cidadãos. Esse movimento cresceu, e dividiu-se entre uma ala integracionista, sob a liderança de Booker T. Washington, e uma radical, com o grande ativista e intelectual W. E. B. Dubois. Na década de 1930, o jamaicano Marcus Garvey jogou, em Harlem, o bairro afro-americano de Nova York, as bases do nacionalismo negro, que seriam retomadas, trinta anos depois, no Black Power, por Stokely Carmichael.
Uma história em que o movimento dos direitos civis dos anos 50 e 60 compõem um capítulo fundamental, mas apenas um capítulo. A história, acima de tudo, de um movimento de base, uma rede de atividades e de associações locais que apareciam às centenas, desapareciam e voltavam continuamente a viver.
Em 1954, aos 25 anos, King tornou-se pastor da Igreja Batista na Dexter Avenue, em Montgomery, Alabama, uma das cidades onde a segregação e a resistência negra eram mais robustas, e logo foram absorvidas pelas atividades políticas de afro-americanos. No mesmo ano, um caso judicial de teste, promovido pela Naacp, levou a Suprema Corte, no caso chamado Brown contra Board Education ("escritório escolar"), a declarar inconstitucional a segregação nas escolas. Foi a primeira grande vitória do movimento. Em dezembro de 1955, em Montgomery, a costureira e ativista negra Rosa Parks se recusou a ceder o lugar a um homem branco em um ônibus segregado da cidade, e foi presa. As organizações afro-americanas, lideradas pelo pastor Ralph Abernathy, animaram, então, um boicote aos ônibus da cidade. Para dirigir esse movimento chamaram King, que por sua vez foi preso, e teve sua casa incendiada por uma bomba, mas não recuou. Depois de mais de um ano de luta, os ônibus de Montgomery foram desagregados e King tornou-se uma figura nacional.
Ao amadurecer como líder político, elaborou a teoria da não-violência, a partir das palavras de Jesus - "Quem com a espada fere, pela espada morre" -, enriquecidas com o encontro do pensamento de Gandhi, já difuso por outros ativistas negros. Jesus, Gandhi e David Thoreau, o grande filósofo e poeta antiescravista, que escolhera a prisão a apoiar a guerra de agressão contra o México, em 1846, foram os pilares do seu pensamento. Vários líderes afro-americanos, como Robert F. Williams, antes das Panteras Negras dos anos sessenta, ou mesmo de Malcolm X, praticavam a resistência armada como forma de autodefesa.
King opôs-se a eles; mas não foi um pacifista absoluto. A não-violência era para ele um sistema de vida, uma atitude ética, que o levou a nunca responder às agressões repetidas que sofria; mas, como para Gandhi, era um instrumento de luta, um instrumento dos fortes, para obter resultados. Foi o método que seguiu em todos os eventos que organizou, como, por exemplo, as marchas de março de 1965, de Selma a Montgomery, pelo direito de voto aos negros, em que a violência policial contra milhares de manifestantes pacíficos provocou um tal protesto que permitiu a aprovação, no mesmo ano, do Voting Rights Act (Lei dos Direitos de Voto), lei que acabou com a discriminação racial que impedia os negros de votarem nas eleições.
King opôs-se a eles; mas não foi um pacifista absoluto. A não-violência era para ele um sistema de vida, uma atitude ética, que o levou a nunca responder às agressões repetidas que sofria; mas, como para Gandhi, era um instrumento de luta, um instrumento dos fortes, para obter resultados. Foi o método que seguiu em todos os eventos que organizou, como, por exemplo, as marchas de março de 1965, de Selma a Montgomery, pelo direito de voto aos negros, em que a violência policial contra milhares de manifestantes pacíficos provocou um tal protesto que permitiu a aprovação, no mesmo ano, do Voting Rights Act (Lei dos Direitos de Voto), lei que acabou com a discriminação racial que impedia os negros de votarem nas eleições.
King, com Gandhi e Nelson Mandela, são o ícone de um conflito que colocou os brancos cara a cara com sua herança política mais preciosa, e muitas vezes esquecida, o princípio de igualdade das Revoluções Americana e Francesa, que agora entendemos, não é um resultado necessário do progresso, ou de um ato revolucionário. São conquistas que se perdem facilmente, e, para as quais, precisamos de luta pacífica, mas real, e vigilância contínua.
Reflexão do Dia - Evangelho Segundo Mateus 5:12
Paz, graça e bem,
A reflexão de hoje é sobre o texto de Mateus 5:1-12, mais conhecido como as bem-aventuranças e, certamente, um dos trechos mais lidos de todo o Novo Testamento, apreciado por cristãos e não cristãos. Mahatma Gandhi definiu as bem-aventuranças como “as palavras mais altas que a humanidade já escutou”. As bem-aventuranças representam a síntese do programa de vida de Jesus e de seus seguidores de todos os tempos. É um texto belo e revolucionário.
"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;" Mateus 5:3
Paz, graça e bem,
Renato Barbosa
A reflexão de hoje é sobre o texto de Mateus 5:1-12, mais conhecido como as bem-aventuranças e, certamente, um dos trechos mais lidos de todo o Novo Testamento, apreciado por cristãos e não cristãos. Mahatma Gandhi definiu as bem-aventuranças como “as palavras mais altas que a humanidade já escutou”. As bem-aventuranças representam a síntese do programa de vida de Jesus e de seus seguidores de todos os tempos. É um texto belo e revolucionário.
"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;" Mateus 5:3
Tem sido essa a bem-aventurança que tem recebido as interpretações mais equivocadas ao longo da história, infelizmente. O convite de Jesus é para que não desanimem, mas coloquem-se em marcha para alcançarem o Reino que foi criado para eles, o Reino dos Céus, mas não no céu, aqui mesmo na Terra, reino como sinônimo de uma vida plena e digna. Jesus convida a perder o medo, buscar seus direitos de herdeiro do Reino e jamais se dobrar ao sistema opressor.
"Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados" Mateus 5:4.
jamais será consolado o aflito que se fecha em suas aflições, mas sim aquele que consegue mover-se, apesar do sofrimento. A implantação do Reino dos Céus num mundo hostil traz aflições para os discípulos de Jesus. Mesmo assim, devemos avançar, sem recuar diante das dificuldades.
"Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;" Mateus 5:5
"Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;" Mateus 5:5
O termo manso é equivalente a humilde, significa reivindicar alguma coisa sem violência. A luta sem violência é mais lenta e mais difícil de conseguir o objetivo. Por isso, Jesus encoraja e pede paciência, é como se ele dissesse: “não parem, continuem lutando”.
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;" Mateus 5:6.
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;" Mateus 5:6.
O alimento e a bebida são essenciais para a vida, e assim deve ser a luta por justiça entre seus seguidores, devemos ter diariamente fome e sede justiça social. Onde não há justiça, não há paz.
"Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;"
"Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;"
Mateus 5:7.
É importante recordar que misericórdia, na Bíblia, não é um sentimento, mas uma ação em favor dos pobres e necessitados. A misericórdia é uma das principais características de Deus e por isso, deve ser também para os seus seguidores.
"Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;" Mateus 5:8
"Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;" Mateus 5:8
A lei mosaica e os antigos ritos de purificação do judaísmo tinham escondido o rosto verdadeiro de Deus. Jesus proclama a nulidade daquelas leis e ritos e pede para seus discípulos caminharem em outra direção, avançarem por outro caminho que não seja o da religião que divide, mata e exclui. Só há um tipo de pureza: a interior, essa não é proporcionada por nenhum rito.
"Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;" Mateus 5:9.
"Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;" Mateus 5:9.
Na marcha da comunidade formada por discípulos e discípulas de Jesus, a promoção da paz é requisito básico e essencial. Não se trata de uma falsa paz como aquela imposta por Roma, intitulada “pax romana”. A paz que Jesus propõe não é uma mera ausência de conflitos, mas um retorno ao ideal hebraico expresso pela palavra (שלום) shalom: paz como bem-estar total do ser humano, harmonia com Deus, com o próximo e consigo mesmo. É por essa paz que a comunidade de discípulos e discípulas deve lutar enquanto caminha, fazendo dessa paz o rumo da caminhada. Não há prêmio para quem caminha promovendo a paz, mas há consequências: ser chamados filhos de Deus. Na tradição bíblica, ser filho é ser parecido com o pai. Quando alguém caminha promovendo a paz, se torna parecido com Deus, por isso, será chamado seu filho.
"Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;"
Mateus 5:10
"Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;"
Mateus 5:10
A justiça é a prática bem-aventuranças anteriores. A quem adere plenamente à lógica do Reino de Deus não há outra consequência que não ser a perseguição pelo sistema religioso e político. Mas, mesmo diante da perseguição, a palavra de Jesus continua sendo de encorajamento: continuem marchando em busca do Reino.
Viver as bem-aventuranças é abraçar um projeto de sociedade alternativa que entra em conflito com os sistemas dominantes baseados na no lucro e na exploração,. Mas é diante desse conflito que a devemos avançar, seguir em frente sem desanimar. Por isso, Jesus reforçou "Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós." Mateus 5:11,12.
Viver as bem-aventuranças é abraçar um projeto de sociedade alternativa que entra em conflito com os sistemas dominantes baseados na no lucro e na exploração,. Mas é diante desse conflito que a devemos avançar, seguir em frente sem desanimar. Por isso, Jesus reforçou "Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós." Mateus 5:11,12.
Para seguir Jesus é preciso estar em estado de caminhada contra tudo o que impede o advento do Reino aqui na Terra. A mensagem libertadora das bem-aventurança é um convite a lutarmos por um mundo melhor, mais fraterno e mais justo.
Paz, graça e bem,
Renato Barbosa
Os 503 anos da Reforma Protestante
Neste dia 31 de outubro, é celebrado o aniversário dos 503 anos da Reforma Protestante. Apesar de muitas vezes ser lembrado como um movimento religioso, é preciso dizer que este marco histórico trouxe transformações muito profundas para o mundo, na época e até os dias de hoje, e que atingem diversas áreas da vida. De certa forma, refletir sobre a Reforma é também refletir sobre mudanças culturais, econômicas, educacionais e de convívio.
A história relata que, em 1517, Martinho Lutero, um monge alemão indignado com a exploração financeira da fé em sua época, afixou 95 teses na porta da Igreja de Wittemberg, na Alemanha, e este momento é conhecido como o período que deu início ao processo da Reforma Protestante.
As teses de Lutero não eram um “ataque” à fé, mas uma espécie de convite ao papa da época para dialogar sobre o que estava acontecendo com a Igreja. No entanto, não foi dessa forma que a atitude do monge foi vista, pois o papa se revoltou. A história mostra que a Igreja estava endividada e precisava de dinheiro, não querendo abrir mão do poder que tinha sobre o Estado e sobre o “comércio de perdão”. Não demorou muito para que as teses de Lutero encontrassem eco em outras pessoas.
Mesmo sob grande exposição, os reformadores tiveram proteção de várias cidades e Estados, pois a Igreja costumava se utilizar do artifício da excomunhão para fazer com que os governos se dobrassem à sua visão. Como Lutero, o primeiro reformador, questionava tais pontos, concedendo maior liberdade aos Estados, obteve apoio em sua luta. Calvino, posteriormente, apoiaria tal conceito, por isso a Reforma traz, mais uma vez, a ideia de um governo representativo e revive a democracia.
As transformações da Reforma Protestante
Além da democracia, entre os aspectos mais marcantes que a Reforma trouxe estão a liberdade de expressão e pensamento, incentivo à educação, a independência do Estado em relação à Igreja e muitos outros desmembramentos em diversas áreas, incluindo a jurídica: um dos exemplos é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi redigida sob influência das ideias dos reformadores.
O Mackenzie, como instituição presbiteriana, é filho desse processo, marco que serve como norteador de nossos princípios, baseados na visão cristã reformada e na crença da liberdade humana e da educação como meios para o desenvolvimento.
A evolução da Reforma trouxe uma transição no modelo de autoridade, indo de uma figura humana para as escrituras. Com isso, houve uma influência direta na educação, tendo em vista que a população não era letrada. Isso quer dizer que este processo dependia de uma população que aprendesse a ler, defendendo o estudo, trabalho e investigação científica para a sociedade e desenvolvimento das pessoas.
No âmbito religioso, vale destacar que a Reforma teve três grandes pilares: justificação pela fé somente, a centralidade das escrituras e o sacerdócio universal de todos crentes. De certa maneira, a Reforma continua sendo atual, porque é basicamente uma questão espiritual, na qual as escrituras passam a ser o ponto central de debate, afinal, o livre exame das escrituras é a centralidade e soberania de Deus em todas as coisas.
Em resumo, o movimento questionou o autoritarismo religioso medieval, com ênfase à participação responsável dos fiéis na vida e na direção das igrejas, liderança participativa, valorização do trabalho e de toda e qualquer ocupação honesta. Esses tópicos contribuíram para o fortalecimento de noções como liberdade, democracia e solidariedade social.
Os diferentes reformadores, e seus seguidores, deram importantes contribuições nas áreas da teologia, filosofia, política, sociologia e ética. E até hoje sentimos e podemos verificar esses efeitos.
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