Estela de Tel Dan

A Estela de Tel Dan é uma estela negra de basalto descoberta em um sítio arqueológico durante escavações ao norte de Israel em Tel Dan. A Estela de Tel Dan encontra-se atualmente aos poderes do Museu de Israel, em Jerusalém. Foi esculpida a mando de um rei arameu contendo inscrições em aramaico e em alfabeto aramaico, onde se comemorava uma vitória sobre um reino local, com os seguintes escritos: מלך.ישראל ("Rei de Israel") e ביתדוד ("Casa de Davi"). Não consta a autoria da escrita nesta estela, provavelmente foi o rei de Damasco, Hazael ou um de seus próprios filhos.

A inscrição desta estela gerou múltiplas teorias entre acadêmicos de várias áreas da ciência, porque as letras transliteradas do original aramaico para o hebraico (ביתדוד, BYT DWD, Beth David, "Casa de Davi") podem estar se referindo a linhagem de Davi. Até a data da descoberta era a primeira vez em que o nome de um rei de Israel, Davi, tem sido reconhecido entre os epigrafistas, historiadores e arqueólogos. As opiniões teóricas finais do consenso entre os acadêmicos e arqueólogos epigrafistas é que os três fragmentos é uma referência ao Rei Davi, sucessor do Rei Saul e pai do Rei Salomão, reis da primerira monarquia israelita segundo os livros I e II Samuel e I e II Reis, contidos no Tanakh dos judeus ou no Antigo Testamento da Bíblia Cristã.

Esta estela faz parte de estudos de uma nova ciência social, a arqueologia bíblica

O primeiro fragmento "A" foi descoberto no mês de julho de 1993, e o segundo e terceiro fragmentos, o "B1" E "B2", que encaixavam no primeiro fragmento foram encontrados no ano seguinte. Este encaixe é meio incerto e muito discutido, mas se o ajuste estiver correto, então essas peças eram originalmente formadas lado a lado, conforme mostra a figura no final deste artigo.

O autor da descoberta desta estela foi o israelense Avraham Biran, que liderava uma equipe de estudiosos em Tel Dan, uma colina artificial na parte setentrional do moderno Israel. As escavações deste maior sítio arqueológico escavado em Israel começou no ano de 1966 e terminou no ano de 1994.

Não há assinatura do autor da inscrição em nenhum dos 3 fragmentos doTrapézio. O mais provável, segundo a maioria dos acadêmicos, é que o autor seja Hazael, rei de Damasco, ou um de seus filhos, Bar Hadad II ou Bar Hadad III, que foram reis de Damasco e inimigos do reino de Israel. Esta afirmação é plausíva, devido à linguagem em que a estela foi escrita, pelas circunstâncias, pela data e principalmente pelo local.

Esta inscrição foi datada, segundo os pesquisadores, nos século IX e VIII antes da era cristã. A limitação do século VIII a.C é determinada pela camada de destruição que é identificada como uma bem documentada conquista assíria ocorrida em 733-732 a.C.. A camada superior do sítio arqueológico de Tel Dan, que estava sob a camada em que os fragmentos da estela foram encontrados, deixou evidenciado que nesta camada inferior fora o lugar onde a estela foi erguida, e em seguida, quebrada em pedaços posteriormente pelos assírios ou pelos próprios hebreus, dando lugar a uma camada superior.

Tel Dan - Vestígios da Idade do Ferro(Israelita) Portão da Muralha da Cidade



PANORAMA DO ANTIGO TESTAMENTO PENTATEUCO – UNIDADE IV – NÚMEROS

Pr. Carlos Antonio Dias Pereira, Pastor IBFé e Prof. de Teologia Sistemática do CETEVAP
IV – NÚMEROS – 1a. Aula
 Esses estudos têm o objetivo de fornecer um Panorama do Antigo Testamento iniciando pelo Pentateuco, também conhecido como os Livros de Moisés ou ainda Torah (Lei).

O primeiro livro que estudamos Gênesis nos forneceu em seus primeiros capítulos a descrição da origem de todas as coisas e as primeiras informações de quem as criou. Nos demais capítulos vemos as origens do povo de Israel e como fora escolhido por Deus para ser o seu povo.


Já em Êxodo temos a escravidão do povo hebreu, o nascimento e formação de Moisés, a libertação do povo hebreu das mãos do Faraó, sua caminhada até o Sinai, o recebimento dos 10 mandamentos e as instruções para construção do tabernáculo.
Em Levítico encontramos o relato daquilo que ocorreu no 1o. Mês do 2o. ano após a saída do Egito, que se resume a Deus, por meio de Moisés e Arão ensinando o povo sobre como deveriam ter uma vida santa e se relacionar com Ele, Deus. Nele está registrado como foram instituídos os sacerdotes e quais eram as regras para os sacrifícios pelos pecados e para adoração.
Agora veremos o 4o. Livro de Moisés, Números. O nome, da mesma forma que os 3 primeiros livros, no hebraico segue o início do escrito, mas nesse caso, apenas a expressão “...no deserto…” encontrada no vs. 1 do Cap. 1, sem ignorar que alguns Pais da Igreja preferiam adotar a expressão “e ele falou”.
 Na Septuaginta o nome dado foi arithmoi, que encontramos por exemplo no texto de Atos 6:7 e que deu origem à nossa palavra aritmética (matemática). Na versão latina recebeu o nome de “numeri”, vindo então as versões portuguesas a assumirem o nome “Números”.
O nome “Números” foi dado bem provavelmente em razão das contagens (censo) do povo que foram feitas na capítulos 1 a 4 e 26.
 Quanto a DATA E AUTORIA
         Não há nenhuma controvérsia no sentido de que foi Moisés que escreveu o livro de Números, o que o próprio livro reivindica no Cap. 33:2 e 36:13.
        Acredita-se que o livro tenha sido escrito no último ano da vida de Moisés, o qual morreu com 120 anos (Dt 34:7), o que apontaria para seus 118 anos de idade. Isso teria sido por volta de 1405 a.C.

Em Dt 1:3 é dito que a narração tem início no 1o. dia, do 11o. mês do 40o. Ano. Dessa forma a partir de Nm 20:1 até o seu final são fatos que ocorreram no 40o. ano depois do êxodo.

Quanto ao CENÁRIO E CONTEXTO

O cenário geográfico predominante é o deserto, aliás essa palavra surge no texto por 48 vezes e indica um local ermo de vegetação escassa e com pouquíssimas chuvas.

1.      Nm 1:1 a 10:10 – Acampados no deserto do Sinai;
2.      Nm 10:11 a 12:16 – viagem do Sinai para Cades;
3.      Nm 13:1 – 20:13 – Cades e seus derredores (Deserto de Parã e Deserto de Zim);
4.      Nm 20:14 a 22:1 Viagem de Cades para as campinas de Moabe
5.      Nm 22:2 ao final – Acampado nas campinas ao norte de Moabe, uma área plana e fértil no deserto conforme descrito em Nm 21:20, 23:28 e 24:1.
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Pastor Carlos Antonio Dias Pereira, Pastor IBFé e Prof. de Teologia 
Sistemática do CETEVAP
*Aula ministrada na Escola Dominical da Igreja Batista da Fé de Sâo 
José dos Campos - SP
**material elaborado com base na obra -Manual Bíblico - MacArthur - 
Editora Thomaz Nelson, Rio de Janeiro - 2015.



Museu de Antiguidades do Golan

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O Museu de Antiguidades no Golã de Katzrin foi estabelecido com o objetivo de concentrar as antiguidades encontradas no Golã, aquelas que foram descobertas nas escavações arqueológicas, e acompanhar os achados em expedições e escavações na região.
O museu apresenta uma exposição do período paleolítico, representado por ilustrações e imagens de um crânio da cabeça elefante de cabeça encontrado no sítio arqueológico Gesher Ashley, em Bnot Ya'aqov, bem como um aglomerado de ossos de diversos animais que já foram extintos.
O período Calcolítico é representado no museu em uma casa típica reconstruída com figuras e vasos de basalto. Com base na escavação e investigação de 25 locais no Golan, eles concluíram que as casas foram construídas com pedras de basalto locais, sem processamento. Os edifícios eram grandes: cerca de 6 metros de largura e cerca de 15 metros de comprimento. As paredes se erguiam acima da altura de um homem e o teto era feito de raízes de madeira cobertas de lama.
Gilgal Refaim - um local com uma grande circulo de três paredes de pedra construídas em círculos concêntricos que aparentemente serviam a propósitos rituais. No museu há um modelo do site com uma explicação sonora acompanhada de hologramas.
O dólmen - uma mesa de pedra feita de pedras enormes que serviram como um túmulo 4500 anos atrás. Centenas de dolmens estão espalhados por todo o Golã, e um dólmen de tamanho médio foi levado ao jardim do museu e reconstruído exatamente como estava em campo.
Gamla - Gamla era uma cidade judaica ativa durante o primeiro século e resistiu até o ano 67, quando foi destruída pelos romanos e milhares de judeus foram massacrados nela. O museu exibe um show audiovisual que descreve as fases da rebelião, o cerco e batalhas até o amargo fim.
Entre os artefatos descobertos em Gamla, o museu expõe jarros para óleo e água, muitas lâmpadas de óleo, jóias, pontas de flechas, pedras balísticas e muitas moedas, entre elas a importante moeda para a redenção de Jerusalém que foi cunhada no período do cerco. Esta moeda foi provavelmente cunhada em Gamla na Grande Revolta em 66 EC.
Durante os dias do Mishna e do Talmud, segundo e terceiro séculos - este período é o mais rico dos achados, alguns dos quais são exibidos no museu e no jardim fora dele. Entre eles estão a construção de itens das sinagogas com relevos da Menorá do Templo, Shofar, Mahatta e as Quatro Espécies.
Há também inscrições inscritas em hebraico e aramaico em lápides. Algumas inscrições da sinagoga são dedicadas aos doadores ou personalidades importantes. A mais importante delas é uma inscrição hebraica em cima de um lintel decorado da aldeia de Deborah, que lembra o rabino Eleazar HaKefer:
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"Este é o Beit Midrash do Rabino Eliezer HaKefar".
A exposição mostra o modelo da antiga sinagoga de Katzrin e, ao lado dele, encontram-se descobertas que foram feitas no local: um tesouro de moedas, pedras com inscrições, cerâmica e telhas.
O museu examina as antiguidades relacionadas aos cristãos que viviam no Golã, geralmente perto do mar da Galiléia. Numerosas pedras decoradas foram encontradas em dezenas de aldeias cristãs que existiam e foram exploradas no Golã. Muitas inscrições estão em grego e foram encontradas em lintéis ou em lápides.


A ORIGEM DOS BATISTAS

Por Wilson Porte Jr.
Definir a origem dos Batistas não é algo tão consensual como deveria. Perspectivas diferentes, infundadas historicamente, porém, cridas e ensinadas em muitas instituições, têm dividido os historiadores quanto à real origem desta tradição cristã. Há, pelo menos, três perspectivas quanto à origem dos Batistas: o Sucessionismo Batista (ou, Sucessionismo Orgânico cheapdiscountpharma Estrito), o Anabatismo, e o Movimento Puritano-Separatista Inglês.
TRÊS PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
A primeira perspectiva, conhecida como “Sucessionismo Batista”, define que os Batistas surgiram do ministério de João Batista, nas margens do Rio Jordão. Eles traçam uma sucessão da moderna denominação Batista vinda dos Paulicianos, Albingenses, Waldenses, Montanistas, etc. Os defensores desta perspectiva argumentam que, cada um destes grupos, sustentou as crenças básicas dos batistas. G. H. Orchard, J. M. viagra online canadian pharmacy Cramp e J. M. Carroll, com sua obra Rastro de Sangue, estão entre os principais defensores desta posição.
Os que sustentam a segunda perspectiva, a de que os Batistas vieram dos Anabatistas, argumentam que, ao tempo da Reforma, alguns que saíram da Igreja Romana mas não se identificaram com os Reformadores Magistrais (Lutero, Zwínglio, e Calvino), formaram um grupo à parte, buscando uma reforma “radical”. Estes, por sua posição de que o batismo devesse ser administrado apenas aos regenerados, ficaram conhecidos como Anabatistas (século dezesseis). É destes que, segundo os defensores desta visão, surgem os Batistas, também no século dezesseis.
A terceira e principal perspectiva, a qual seguirei em minha argumentação posterior, é que os radical prostatectomy and cialis Batistas surgiram dos Movimentos Puritano e Separatista na Inglaterra, durante o século dezessete. Esta é a posição defendida pelos principais historiadores batistas da atualidade: Michael A. G. Haykin e Thomas J. Nettles. Além destes, Champlin Burrage, W. T. Whitley, J. H.wholesale nfl jerseys from china Shakespeare e B. R. White, historiadores batistas dos principais seminários nos Estados Unidos e na Europa, sustentam esta visão.
BATISTAS GERAIS E PARTICULARES
Quando pensamos na origem dos Batistas no século dezessete, como fruto dos movimentos separatista e puritano na Inglaterra, precisamos ter em mente dois grupos: os Batistas Gerais e os Batistas Particulares. Estes dois grupos, em princípio, se dividiram por conta da doutrina da Expiação. Os “Gerais”, crendo que na Expiação Ilimitada e os “Particulares”, ou, “Calvinistas”, na Expiação Limitada, ou ainda, Particular, dos Eleitos.
John Smith (1570-1612), em meados da primeira década do século dezessete, está relacionado à origem dos primeiros batistas em um tempo quando esta distinção entre Gerais e Particulares ainda não existia. Smith foi ordenado como um ministro da Igreja da Inglaterra em 1594. Dentro de três anos, Smith começa a pregar fortemente contra alguns aspectos da liturgia da Igreja Anglicana. Haykin afirma que, por volta do outono de 1607, Smith definiu-se convencido da posição Separatista, tendo, por fim, se unido à uma congregação Separatista na cheapest pharmacy “cidade de Gainsborough, em Lincolnshire, na divisa de Nottinghamshire”.
É somente em 1609 que Smith “dá um passo significativo online canadian pharmacy cialis em seu pensamento, aceitando o batismo do crente”. Isto trouxe certo embaraço cheapest pharmacy freeviagrasample-norx.com entre os Separatistas, à medida que Smith passa a pregar que o batismo da Igreja Anglicana é errado por ser ela uma Igreja errada. Ele disserta sobre isso em seu tratado intitulado The Character of the Beast (O Caráter da Besta), publicado em 1609.
Inconstante em sua teologia, Smith entende que, uma vez que seu batismo na Igreja da Inglaterra tenha sido falso, que ele deveria ser novamente batizado. Ele o fez, tendo, logo em seguida, viagra online rx batizado todos os membros de sua igreja. Além das críticas dos separatistas, Smith e seu grupo foi curiosamente criticado por um grupo holandês chamado Waterlanders, ligado aos Menonitas.
Os Waterlanders criticaram Smith pois criam que ele e toda sua congregação poderiam ter sido rebatizados por eles, e que Smith não deveria ter se autobatizado, além de rebatizar todos em sua igreja. Com isto, Smith se aproximou dos Waterlanders para compreender sua teologia. Ele e toda sua congregação foram para a Holanda tendo como um dos objetivos too much viagra se aproximar dos Waterlanders. Nisto, Smith tornou-se Arminiano, abandonando, em particular, a crença de que Cristo morreu apenas pelos eleitos.
Depois de um tempo junto aos Waterlanders, Smith entendeu que seu autobatismo foi invalido, bem como o rebatismo de toda a sua congregação. Com um grupo de quarenta e duas pessoas, Smith submeteu-se novamente ao batismo dos Waterlanders, sendo, posteriormente, cheapdiscountpharma admitido à este grupo. Nisto, alguns que não concordaram com a inconstância e inconsistência de Smith, retornaram à Inglaterra em 1612 conduzidos por Thomas Helwys (1575-c.1616). Neste ano, Smith morre e sua congregação acaba por se unir à tradição anabatista holandesa.
A congregação que voltou com Helwys http://howdoescialis-worklast.com/ retinha o Arminianismo e, por isso, tornaram-se conhecidos na Inglaterra como Batistas Gerais (por causa de sua posição quanto à Expiação Geral, e não Limitada ou Particular). Assim que voltaram para a Inglaterra, Helwys foi preso por seu não-conformismo à Igreja Anglicana. Helwys morreu entre 1615 e 1616 e, sua pequena canadian pharmacy meds congregação, com cerca de dez membros, sobreviveu ao aprisionamento e morte de how to ask your doctor for viagra seu líder. Em 1626, Haykin afirma que haviam congregações Batistas Gerais em Londres, Coventry, Lincoln, Salisbury, e Tiverton, com aproximadamente cento e cinquenta membros.
De acordo com Haykin, os Batistas Gerais foram praticamente extintos no Otc cialis final do século dezoito. Sua relutância em construir edifícios eclesiásticos e sua aplicação rigorosa de uma política de endogamia (casamento permitido apenas entre os membros da própria igreja), são, para Haykin, duas de tantas razões que levaram os Batistas Gerais ao seu fim.
É em meio a tudo isto que surgem os Batista Calvinistas. No ano de 1616, sob o pastoreio de Henry Jacob, uma where can i buy viagra igreja surge como a primeira igreja Batista Calvinista da história. É conhecida como Igreja Jacob-Lathrop-Jessey. Estes são os nomes dos três primeiros buy cialis online pastores desta igreja. Henry Jacob a pastoreou de 1616 a 1622, John Lathrop de 1624 a 1634, e Henry Jessey de 1637 a 1639.
No princípio, Henry Jacob (1563-1624) e sua congregação se destacaram por não cortarem relações com outros grupos Puritanos que permaneciam dentro da Igreja da Inglaterra. Em 1622, Jacob deixou a Inglaterra e mudou-se para a Virgínia, deixando o ministério daquela igreja. Dois anos depois, veio a morrer no Novo Mundo. Em 1624, Lathrop sucedeu Jacob. Quando, no início da década de 1630, o Arcebispo William Laud buscou conduzir todas as igrejas na Inglaterra de volta ao Anglicanismo, Lathrop decide tomar o mesmo rumo de Jacob, e parte para a Novo Inglaterra em 1634.
Em 1637, Henry Jessey, que havia se tornado um Puritano durante seus estudos em Cambridge no início da década de 1620, assume o pastorado daquela igreja. Haykin afirma que, por volta de 1635, Jessey começou a participar dos cultos na Igreja Jacob-Lathrop, sendo, dois anos depois, convidado a assumir o pastorado da mesma. Jessey, assim como Jacob, mantém esta igreja em comunhão com os Puritanos dentro da Igreja da Inglaterra.
É no ministério de Jessey que esta igreja afirmará, em 1638, sua adoção do credobatismo. Em 1641, eles afirmam o batismo por imersão (até então, o batismo era administrado por aspersão ou afusão em todas as igrejas batistas), e, em 1644, produz uma Confissão de Fé ao lado de outras igrejas Batistas Calvinistas.
Além desta igreja, outra se destaca no início das igrejas Batistas Calvinistas: a Igreja pastoreada por John Spilsbury. Spilsbury, segundo Haykin, provavelmente foi membro da Igreja JLJ (como também era chamada a Igreja Jacob-Lathrop-Jessey). A igreja pastoreada por ele “foi a primeira a abraçar definitivamente a causa Batista Calvinista”.
Eles se encontravam em uma área de Londres conhecida como Wapping. Por volta de 1670, aproximadamente trezentas pessoas se reuniam regularmente nos cultos desta igreja. Afirma Haykin que, por volta de 1640, a Igreja JLJ havia crescido tanto que não podiam mais se reunir em um mesmo lugar. Decidiram, então, dividir a igreja em duas. Uma continuaria sob o pastorado de Jessey e, a outra, sob o pastoreio de um homem chamado Praise-God Barebone (1598-1679).
Durante as guerras civis, os Batistas Calvinistas começaram a crescer e se espalhar por várias cidades da Inglaterra. Em 1644, haviam sete congregações em Londres e quarenta e sete em toda a nação. Muitos deles estavam no exército de Cromwell, alguns em alta posição. Por esta razão, Oliver Cromwell não via os Batistas como um povo com quem devesse se preocupar. Após o período conhecido como “A Restauração”, quando a dinastia Stuart voltou a reinar na Inglaterra, os Batistas voltaram a ser perseguidos com prisões, torturas e multas. De acordo com Philip Schaff, os Batistas sofreram mais do que qualquer outro grupo não-conformista, “exceto os Quakers”.
O surgimento dos Batistas, no início do século dezessete, foi marcado por muitas perseguições e falsas acusações. Por causa de sua suposta relação com os Anabatistas holandeses e alemães, os Batistas foram tratados com severidade na Inglaterra durante um tempo. Por causa das atitudes radicais de alguns Anabatistas, os Batistas ingleses, embora pouco, ou, quase nada tivessem a ver com os Anabatistas alemães, acabaram sofrendo por falsa associação com estes. Schaff destaca que, durante o reinado de James I e Charles I, os Batistas “reuniam-se secretamente em bosques, estábulos e celeiros”.
Foi somente em 1633 que eles começaram a organizar congregações separatistas, mas eram punidos sempre que descobertos. Muitos fugiram para a Holanda e alguns para a América. Algumas de suas primeiras publicações estavam http://howdoescialis-worklast.com/ relacionadas à defesa da liberdade de consciência.
Hanserd Knollys (1599–1691), Benjamin Keach (1640–1704), e John Bunyan (1628–1688) estiveram entre os principais teólogos batistas do século dezessete a passar bastante tempo na prisão. Foi só após o Ato de Tolerância (1689) que a perseguição cessou, permitindo aos Batistas a construção de capelas e sua expansão por toda a nação. É a partir desse ano que os Batistas passam a ser um dos principais ramos do Separatismo inglês.
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Wilson Porte Jr.
Bacharel e Mestre em Teologia pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida e CPAJ, Univ. Mackenzie. Pastor da Igreja Batista Liberdade, em Araraquara-SP e professor de Hebraico, Grego, AT e NT no Seminário Martin Bucer

Jesus “Amarrou O Valente”, Por Brandon Crowe

Jesus “amarrou o valente” e o que isso significa para você (Brandon D. Crowe)

Todos os cristãos reconhecem que os Evangelhos são vitais para o discipulado hoje. Mas interpretar e aplicar os Evangelhos pode ser difícil, uma vez que eles tratam sobre coisas que aconteceram há muito tempo atrás, “naquela época”. Que diferença esses eventos antigos fazem para as nossas vidas diárias?

Os Evangelhos são relevantes porque eles exibem a vitória que Jesus Cristo, por meio de sua obediência durante sua vida, conquistou por nós. A vitória que ele conquistou naquela época tem consequências cósmicas e pessoais que nos afetam agora.

Para demonstrar tal relevância, vamos examinar uma difícil parábola de Jesus: o amarrar do valente, como se vê em Marcos 3.22-30. Embora essa passagem possa te fazer coçar a cabeça, ela é melhor entendida como uma parábola explicando a missão de Jesus.

Em Marcos 3, a missão de Jesus está sob ataque. Depois de anunciar a vinda do reino de Deus (Mc 1.14-15), ele começa a curar os enfermos, expulsar os demônios, ensinar com autoridade, chamar os discípulos e até perdoar os pecados. Mas nem todo mundo está satisfeito com isso. Em Mc 3.22-30, os escribas desafiam a fonte da autoridade de Jesus, reivindicando que ela vem de Belzebu, o maioral dos demônios (Satanás). Em resposta, Jesus aponta que os seus ataques contra o reino de Satanás invalidam a acusação de que ele está cooperando com Satanás.

Jesus diz que ele veio amarrar o valente (isto é, Satanás) a fim de que ele mesmo, como mais valente ainda (cf. Mc 1.7), possa roubar os bens da casa de Satanás. É essa a explicação de Jesus dos eventos que encontramos em Marcos 1—3.

1. Jesus veio para esmagar o Diabo

Primeiro, Jesus veio derrotar o Diabo. Podemos perder esse ponto de vista, já que os Evangelhos contêm muitas narrativas. Mas, num nível fundamental, os Evangelhos são sobre a vitória de Jesus sobre Satanás (cf. 1Jo 3.8). Antes de chegarmos a Marcos 3, um texto que figura Jesus, o Diabo e o Espírito Santo, os leitores de Marcos já teriam encontrado a tentação no deserto (1.12-13) figurando os mesmos três personagens. Portanto, somos encorajados a ler a amarração do valente à luz da obediência de Jesus no episódio da tentação.

Então, como devemos entender o episódio da tentação? Mais provavelmente, devemos ver o desafio tríplice do Diabo e a resposta escriturística de Jesus como um exemplo para nós ao lutarmos contra a tentação. Essa é uma aplicação válida e Jesus de fato é um modelo para nós.

Mas é só isso? Quando lemos o relato de Marcos, ficamos chocados sobre quão notável isto é: Jesus estava com as feras e os anjos o serviram. Como isso é um modelo para nós? É melhor pensar sobre a tentação de Jesus primariamente como um evento singular na história da redenção quando o Filho ungido de Deus batalhou com e amarrou o Diabo como parte de sua obra do reino.

Ler o relato de Marcos da tentação como a vitória inicial de Jesus sobre Satanás se encaixa bem com Marcos 3.22-30. A explicação de Jesus sobre amarrar o valente emprega a linguagem do reino (3.24-27), e somente depois da obediência de Jesus na tentação é que ele anuncia a vinda do reino (1.14-15). Jesus é o rei que estabelece o reino com base na sua própria obediência. A batalha com Satanás não acaba em Marcos 1 ou Marcos 3 (Jesus irá acabar sacrificando a sua vida para estabelecer plenamente o reino), mas um golpe decisivo já foi dado.

2. Jesus pode perdoar os seus pecados

Segundo, Jesus amarrar o valente significa que ele pode conceder remissão de pecados. Vemos isso no relacionamento lógico entre Marcos 3.27 e 3.28. Jesus diz que aquele que amarra o valente pode roubar a casa do valente (3.27). Então, ele imediatamente diz que “tudo será perdoado”, “os pecados e as blasfêmias” (exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo) (3.28). Em outras palavras, o perdão explicado em 3.28 é um resultado de Jesus amarrar o valente como é contado em 3.27.

Embora não tenhamos espaço para discutir a blasfêmia contra o Espírito Santo, não devemos perder o incrível escopo do perdão que Jesus concebe em 3.28: tudo será perdoado, pecados ou blasfêmias. De forma mais simples, não há pecado ou blasfêmia fora do escopo da autoridade de Jesus para perdoar. Novamente, esse perdão tão amplo resulta da amplitude da obediência de Jesus pela qual ele amarrou o inimigo (ver também Irineu, Contra as Heresias, 5.21.3).

Aqui está o cerne da questão: porque Jesus é mais valente do que o valente, ele pode oferecer aos que confiam nele perdão completo e irrestrito de todo pecado.

3. Jesus dá vida onde Adão trouxe morte

Terceiro, o relacionamento literário entre amarrar o valente e a tentação de Jesus nos mostra que Jesus é o novo Adão que traz vida no lugar da morte. A provação de Jesus aconteceu no deserto, uma paisagem inóspita em decorrência do pecado de Adão. A coexistência pacífica de Jesus com as feras o mostra exercendo domínio benevolente sobre a criação, o que a humanidade pecaminosa falhou em fazer (cf. Is 11.1-9).

Enquanto que Adão deveria ter expulsado a a serpente que questionou a Palavra de Deus, Jesus prevaleceu sobre o Diabo, e realmente o prendeu (cf. Ap 20.2), como parte de sua fidelidade a sua tarefa messiânica.

Adão deveria ter obedecido para a vida; ao invés disso, Adão pecou e trouxe a morte. Jesus obedeceu plenamente, mesmo até a morte, e a sua obediência traz vida eterna. Jesus amarrou o valente mediante a obediência à vontade de Deus. E somente este Salvador plenamente obediente tem a autoridade de te conceder a vida e perdoar os seus pecados.
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Tradução: Guilherme Cordeiro
Nota dos editores: veja mais sobre no livro de Brandon Crowe (a ser publicado pela Editora Monergismo): The Last Adam: A Theology of the Obedient Life of Jesus in the Gospels (Baker Academic, 2017).

Brandon D. Crowe é professor associado de Novo Testamento no Westminster Theological Seminary. Suas obras recentes incluem The Last Adam: A Theology of the Obedient Life of Jesus in the Gospels, e (em coedição com Carl Trueman) The Essential Trinity: New Testament Foundations and Practical Relevance.

Fonte: http://monergismo.com/novo/teologia/jesus-amarrou-o-valente-e-o-que-isso-significa-para-voce-por-brandon-crowe/

Mapas do Mundo Bíblico
























Teologia Pactual e Dispensacionalismo, por William R. Downing

Todo Cristão, estudante da Bíblia, professor da Bíblia, estudioso da Bíblia, e pregador se aproxima das Escrituras a partir de seus pressupostos hermenêuticos. Estes podem ser corretos ou incorretos, misturados com uma determinada quantidade de erro, desenvolvidos por meio de estudo pessoal, herdados através da tradição religiosa, recebidos através da instrução religiosa formal ou informal, uma educação no seminário ou adquiridos através da leitura de uma determinada “Bíblia de Estudo”. Todos os crentes têm a mesma Bíblia, mas muitas vezes têm diferentes abordagens para a sua interpretação. Toda a verdade, mesmo a verdade de Deus, é necessariamente interpretada de acordo com os pressupostos de alguém. Este artigo discute dois dos enfoques hermenêuticos gerais e as principais questões envolvidas. Houve, desde o início do século XX e do advento do ensino Dispensacionalista, duas abordagens gerais, e diferentes entre si, para a interpretação bíblica dentro do Cristianismo Reformado e Evangélico e entre os Batistas: Teologia Pactual e Dispensacionalismo.

A Teologia Pactual tem sido a abordagem bíblica histórico-teológica tanto de teólogos Reformados e Batistas desde o século XVI.
C. H. Spurgeon (1834-1892): A doutrina do pacto está na raiz de toda a verdadeira teologia. Já foi dito que aquele que entende bem a distinção entre o pacto das obras e o pacto da graça é um mestre em Divindade. Estou convencido de que a maioria dos erros que os homens cometem sobre as doutrinas da Escritura são baseados em erros fundamentais no que diz respeito aos pactos da lei e da graça1.

Isso pode ser observado pela Reformada e Antiga Confissão de Fé Batista e os principais pregadores e teólogos Batistas:
A Primeira Confissão Batista de Londres (1644), diz no artigo 10:
Jesus Cristo é feito o mediador da nova e eterna aliança da graça entre Deus e o homem, sendo sempre perfeita e completamente o profeta, sacerdote e rei da Igreja de Deus eternamente (1 Timóteo 2:5; Hebreus 9:15; João 14:6; Isaías 9:6-7).

A Segunda Confissão Batista de Londres (1689), Capítulo 7: Sobre a Aliança de Deus:
1. A distância entre Deus e a criatura é tão grande, que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência como seu Criador, nunca poderiam ter alcançado a recompensa da vida, senão por alguma condescendência voluntária da parte de Deus, que Ele Se agrada em expressar por meio de aliança1. (1 Lucas 17:10; Jó 35:7-8)

2. Ademais, tendo o homem trazido a si mesmo sob a maldição da lei, por sua Queda, aprouve ao Senhor fazer um Pacto de Graça2, no qual Ele oferece livremente aos pecadores a vida e a salvação por meio de Jesus Cristo, exigindo deles a fé nEle, para que eles sejam salvos3; e prometendo dar a todos os que são ordenados para a vida eterna, o Seu Espírito Santo, para torná-los dispostos e capazes de crer4. (2 Gênesis 2:17; Gálatas 3:10; Romanos 3:20-21; 3 Romanos 8:3; Marcos 16:15-16; João 3:16 ;4 Ezequiel 36:26-27; João 6:44-45; Salmos 110:3)

3. Esta aliança é revelada no Evangelho; primeiramente a Adão na promessa de salvação pela semente da mulher5, e depois por passos adicionais, até o desvelamento pleno da mesma consumado no Novo Testamento6; e é fundada naquela transação da eterna Aliança que havia entre o Pai e o Filho para a redenção dos eleitos7; e é somente pela graça desta Aliança que todos da caída posteridade de Adão que já foram salvos obtiveram a vida e a bem-aventurada imortalidade, o homem é agora totalmente incapaz de ser aceito por Deus naqueles termos em que Adão permanecia em seu estado de inocência8. (5 Gênesis 3:15; 6 Hebreus 1:1; 7 2 Timóteo 1:9; Tito 1:2; 8 Hebreus 11:6, 13; Romanos 4:1-2, e etc.; Atos 4:12; João 8:5)

NOTA: Todos os notáveis pregadores, escritores e teólogos ao longo dos séculos XVII ao XIX, dentre os Batistas eram teólogos pactuais, por exemplo: John Spilsbury, Benjamin Keach, Hanserd Knollys, William Kiffin, John Bunyan, Hercules Collins, Nehemiah Coxe, Thomas Patient, John Gill, John L. Dagg, C. H. Spurgeon, J. P. Boyce e B. H. Carroll.



O Dispensacionalismo começou a ser desenvolvido no final do século XIX e foi popularizado através da Bíblia de Referência Scofield. O Dispensacionalismo agora caracteriza grande parte do Cristianismo Evangélico e muitas vezes é predominante em contextos Batistas modernos.

Teologia Pactual

A Teologia Pactual vê a Escritura nos termos do Divino propósito eterno, criador e redentor ou Pacto da Redenção [o pactum salutis ou “Aliança de Paz”] e seu desenrolar no tempo e na história em termos do Pacto de Obras e do Pacto de Graça revelados nas Escrituras. Os vários pactos subordinados e progressivos sob os Antigos Pactos e Testamento [Adâmico, de Noé, Abraâmico, Mosaico e Davídico] foram alianças da promessa (Efésios 2:12), e a Nova ou Evangélica Aliança é a realização e consumação da Aliança da Graça. Em suma, a Nova ou Evangélica Aliança é o Pacto da Graça. Este se origina completamente a partir da livre e soberana graça, da eleição à glorificação, e refere-se aos eleitos somente.
O eterno propósito redentor estende-se desde a eleição pessoal (Efésios 1:4; Romanos 11:5; 2 Pedro 1:10), à predestinação (Efésios 1:5,11; Romanos 8:29-30), aliança da redenção (Romanos 3:24-26; 1 Coríntios 1:30; Efésios 1:7; Colossenses 1:14; Hebreus 9:12; 1 Pedro 3:18), chamado eficaz (Romanos 8:30; 9:24; 1 Coríntios 1:26; Gálatas 1:6; Efésios 4:4; 1 Tessalonicenses 2:12; 2 Timóteo 1: 9; 1 Pedro 2:9; 5:10; 2 Pedro 1:3; Judas 1:1), regeneração (João 3:3-5,7; Tiago 1:18; 1 Pedro 1:23), justificação (Romanos 3:24; 4:25; 5:1-2,16,18; 8:30; Gálatas 3:24; Tito 3:7), adoção (Gálatas 4:4-7; Romanos 8:13), santificação (João 17:17; 1 Coríntios 1:1-2, 30; 6:11; 2 Coríntios 3:17-18; Hebreus 10:10; 1 Pedro 1:15-16) e glorificação (Salmos 73:24; Romanos 8:18, 23; 9:23; 1 Coríntios 15:43; 2 Coríntios 4:17; Colossenses 3:4; 2 Timóteo 2:10; Hebreus 2:10; 1 Pedro 5:1, 10; Judas 24).

A Teologia Pactual sustenta que Deus sempre lidou com o homem em um relacionamento pactual, a partir de um princípio de representação e imputação, isto é, tanto em Adão ou em Cristo [essa identificação é também denominada Teologia Federal], e não meramente em uma base pessoal (Romanos 3:24-6; 5:11-19; 1 Coríntios 15:22, 45-47). Nós estávamos em Adão por natureza; estamos em Cristo pela graça. Sempre houve e sempre haverá apenas um método de salvação e um relacionamento correto com Deus: através da fé pessoal no Senhor Jesus Cristo. Os crentes do Antigo Testamento aguardavam a cruz com expectativa; nós, como crentes do Novo Testamento olhamos para trás para ela, como ela foi (Gênesis 3:15; João 8:56; Hebreus 11:1 e seguintes). Nunca houve salvação através do sacrifício de animais ou por obras da Lei (Romanos 3: 27-31; 9: 31-32; Gálatas 2:16; 3:10-16).

NOTA: Os sacrifícios de animais foram todos típicos, não eficazes, e apontavam profeticamente para a cruz (Hebreus 10:11-14). Somente o sangue derramado do Senhor Jesus poderia, pode ou retirará o pecado.

Atos 13:39: “E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê”.

Gálatas 2:16: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada”.

Romanos 3:19-20: “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. 20 Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”.
O Pacto de obras foi feito com o não-caído Adão (Gênesis 2:16-17). Adão transgrediu, apostatou e quebrou esse pacto (Gênesis 3:1-13; Oséias 6:7)2. Deus instituiu o Pacto da Graça (Gênesis 3:15) tanto como uma promessa ao caído homem pecador quanto como um desafio à serpente. A história da redenção e as relações posteriores de Deus com a humanidade devem ser vistas nos termos deste Pacto da Graça, como prometido nas alianças subordinadas no Antigo Testamento e realizadas e consumadas no Pacto da Graça Neotestamentário ou Nova Aliança, que foi ratificada pelo sangue do Senhor Jesus (Gênesis 12:3; Jeremias 31:31-34; Ezequiel 11:19-20; 36:25-27; Mateus 26:28, Gálatas 3:16; Hebreus 8:6-13; 10:16-18; 12:24; 13:20).

De fato, o Pacto da Graça é o Pacto de Obras [quebrado pelo primeiro Adão] realizado, cumprido e mediado através da Pessoa e obra redentora do Senhor Jesus Cristo, o qual, como o “Último Adão” e “Segundo Homem”, o único Mediador, Salvador e Redentor, completamente cumpriu e satisfez as suas necessidades através de Sua obediência ativa e passiva. Esta justiça perfeita e obediência completa são imputados aos eleitos através da fé. Assim, todo o escopo da salvação efetivamente vem aos eleitos por livre e soberana graça somente (1 Timóteo 2:5; Hebreus 9:15; João 14:6; Atos 4:12; Isaías 9:6-7).

Dispensacionalismo

O Dispensacionalismo, por contraste, enfatiza tais termos como “dispensação” (ο?κονομ?α, Português “economia”, de ??κος, “casa”, e ν?μος, “lei”, portanto, a gestão de uma casa, uma mordomia) e “era” (α??ν, “época”, “era”) nas Escrituras.
 O Dispensacionalismo é uma abordagem hermenêutica inclusiva que vê as Escrituras como dividida em vários períodos de tempo bem definidos ou “dispensações”. Em cada dispensação Deus revela um propósito salvífico particular a ser realizado para que os homens respondam, quer em fé ou descrença, obediência ou desobediência, ao contrário da Teologia Pactual, que sustenta apenas um método de salvação através da fé em Cristo somente. Estas dispensações ou períodos de tempo são vistos como os estágios sucessivos de revelação progressiva. Embora o número de eras varie de cinco a muitas dispensações [ultra-Dispensacionalismo], frequentemente sustenta-se sete dispensações que são: “Inocência” [a era de Adão antes da Queda], “Consciência” e “Governo Humano” [a partir da Queda de Adão a Noé], “Promessa” [de Abraão a Moisés], “Lei” [de Moisés a Cristo]3, “Graça” [a partir de Pentecostes até o Arrebatamento] e um “Milênio” literal [mil anos de reinado de Cristo na Terra], seguido pelo estado eterno.

A Teologia Dispensacionalista é latentemente Arminiana como um todo, no mínimo, um “Calvinismo modificado”, que é, na realidade, um Arminianismo refinado.

[Robert Haldane]: Muitos se dizem Calvinistas moderados, uma denominação sobre a qual não é fácil fixar uma ideia precisa. Para o sistema chamado Calvinismo, pode haver abordagens mais próximas ou mais distantes, mas aqueles que negam qualquer das doutrinas peculiares deste sistema não podem, em qualquer sentido, ser chamados Calvinistas. Estabelecer o termo Calvinismo a qualquer sistema no qual a doutrina da predestinação é excluída, ou em que é mesmo modificada, é completamente inadequado.

Alguns professam o Calvinismo, mas simulam sustentá-lo de uma forma mais irrepreensível do que ele é sustentado no sistema em geral. Eles parecem pensar que na defesa desse sistema, Calvino foi extravagante, e que ele ofendeu desnecessariamente por meio de afirmações exageradas, e por linguagem não justificada pelas Escrituras. Essas pessoas, presume-se, desconhecem os escritos de Calvino. O próprio Calvino é notável em manter-se no terreno Escritura, e evitando tudo o que pode justamente ser denominado extravagante. Nenhum escritor alguma vez já tolerou menos na especulação metafísica sobre as coisas profundas de Deus, do que este escritor. Para sustentar seu sistema foi necessário apenas expor o testemunho Escritura; e ele parece bastante contente em repousar a questão sobre este fundamento.

O que é chamado de Calvinismo moderado é, na realidade, Arminianismo refinado. É impossível modificar o primeiro sem deslizar para o último. Se a doutrina da soberania e da eleição incondicional de Deus são negadas, a regeneração e redenção devem sofrer uma alteração correspondente, e todas as doutrinas da graça serão mais ou menos afetadas4.

O dispensacionalismo também é inevitavelmente Antinomiano, na medida em que relega a “Lei de Moisés”, incluindo a Lei Moral, como tipificado no Decálogo, para uma suposta “Dispensação da Lei” do Sinai à Cruz. Assim, a Lei Moral teria sido revogada pela obra redentora de nosso Senhor e não se aplica a esta “Dispensação da Graça”. O resultado é que a própria natureza da conversão [substituída por “decisionismo”] e a experiência Cristã têm sido severamente modificadas e a realidade da santificação pessoal feita opcional através da doutrina necessariamente antinomiana do erro do “crente carnal”, o que torna a união do crente com Cristo ineficaz, contrária às Escrituras (Romanos 5:11-6:23; Colossenses 3:1-5 em diante). Observe os comentários do Dr. Lewis Sperry Chafer (1871-1952), um dos principais defensores do Dispensacionalismo:
...todo crente é agora dito ser santificado posicionalmente, santo, e por tanto um santo diante de Deus. Esta posição [união com Cristo] não tem qualquer relação com a experiência diária do crente mais do que isso deva inspirá-lo a uma vida santa... como a santificação posicional é absolutamente dissociada da vida diária, a santificação de modo experimental é absolutamente alheia à posição [união com] Cristo5.

NOTA: A Escritura faz de nossa união com Cristo, o próprio fundamento da nossa definitiva e prática santificação progressiva, como manifesta em nossas vidas diárias (Romanos 6:1-23; 1 Coríntios 6:14-20; 2 Coríntios 3:17-18; 5:13-17; Gálatas 2:20; Efésios 1: 3-6; 2: 4-10).

[Lewis Sperry Chafer]: ...Aqueles crentes que são dominados pela carne respondem à carne e os que são dominados pelo Espírito respondem ao Espírito (Romanos 8:5). Em qualquer caso, a mente carnal ou sensual funciona no reino da morte espiritual e a mente espiritual no reino da vida espiritual e paz (Romanos 8:6)... Muita ênfase dificilmente pode ser dada ao fato de que o Cristão pode funcionar em sua vida tanto no reino da morte espiritual-separação de Deus, ou no reino das coisas relacionadas com o Espírito Santo... o Cristão é salvo e seguro em Cristo, ainda que em sua forma de vida ele possa provar σαρκικ?ς ou πενυματι?ς6.

NOTA: O apóstolo Paulo chamou alguns dos Coríntios de “carnais” porque eles estavam olhando para os homens, em vez de para o nosso Senhor, não porque eles estavam vivendo vidas não convertidas ou pecaminosas (1 Coríntios 3:1-4). Além disso, Romanos 8:5-11 é claramente um contraste entre os convertidos e não-convertidos, não entre Cristãos “carnais” e “espirituais”.

Assim, ao contrário do ensino Dispensacionalista, a graça regeneradora deve ser expressa na vida através de uma experiência de conversão bíblica e uma forma de vida posterior- mente convertida e santificada como necessária em virtude da Nova ou Evangélica Aliança (Jeremias 31:31-34; Ezequiel 11:19-20; 36: 25-27; João 3: 3-7; 5:24; Hebreus 8:6-13; 12:14; 1 Pedro 1:15-16; 2:9).

Além disso, o Dispensacionalismo dá prioridade, não à graça, mas à raça, sustentando que Israel nacional é central para o propósito redentor de Deus, e “A Era da Igreja” [a “Dispensação da Graça”, da Cruz ao Arrebatamento] sendo apenas um parêntese nas relações de Deus com o Israel nacional.

NOTA: A terminologia “A Igreja” é usada tanto na Teologia Pactual Reformada e Teologia Dispensacionalista. A Reformada usa tal terminologia para identificar uma “Igreja do Antigo Testamento” [ou seja, Israel como o povo da Aliança de Deus] e uma “Igreja do Novo Testamento” [para designar aqueles sob a Nova Aliança e seus filhos]. O Dispensacionalismo usa essa terminologia para designar o conjunto de grande parte da Cristandade Gentílica como distinta de Israel nacional. Nem uma nem outra utilização do termo “Igreja” [?κκλησ??] é bíblica, mas tradicional e nebulosa.

A Questão Decisiva

O fator decisivo no que diz respeito à interpretação bíblica é: o Novo Testamento deve ser posto em estrita conformidade com a rígida interpretação literal do Antigo Testamento, ou o Antigo Testamento deveria ser interpretado e entendido à luz do Novo? A Teologia Dispensacionalista faz o Antigo Testamento determinante na interpretação e visa adequar o Novo Testamento a um literalismo rígido do Antigo Testamento. A teologia não-Dispensacionalista faz o Novo Testamento determinante, e assim, interpretativo e explicativo do Antigo.

A abordagem hermenêutica de alguém determina, assim, a relação do Novo Testamento com o Antigo, a Antiga Aliança com a Nova, a natureza progressiva da revelação Divina, a própria natureza da graça, da salvação e da igreja; a natureza da experiência Cristã, a relevância e a perpetuidade ou revogação da lei moral como a norma de justiça e o cumprimento final dos concertos da promessa na Nova ou Evangélica Aliança na Pessoa e na obra redentora de nosso Senhor e a plenitude do Evangelho, e, portanto, a natureza e o cumprimento da profecia bíblica.

Uma Consideração de Alguns Aspectos Envolvidos na Teologia Pactual Pedobatista
A grande distinção entre a tradição Reformada Pedobatista e a posição Batista histórica7, embora ambos sejam essencialmente Pactuais em sua teologia é que, em primeiro lugar, os Batistas têm sustentado que há elementos de diversidade dentro dos pactos, enquanto a tradição Reformada declarou que a aliança Abraâmica foi e é idêntica ao Pacto da Graça [Uma Aliança, duas administrações]. Em segundo lugar, que o Pacto da Graça é apenas isso: uma Aliança na qual a graça é livre e soberana e, portanto, refere-se à eleição apenas. Os Pedobatistas Reformados necessariamente corrompem a natureza da livre e soberana graça com a inclusão dos filhos infantes de pais crentes com base na ideia de “filhos da aliança” e regeneração presumida. Observe as seguintes declarações de teólogos Pedobatistas:
[Charles Hodge]: Pecam, portanto, contra Deus e suas próprias almas aqueles que negligenciam o comando de serem batizados em nome do Senhor; e pecam gravemente contra as almas de seus filhos os pais que negligenciam o consagrá-los a Deus na ordenança do batismo. Permitam que pequeninos tenham os seus nomes escritos no Livro da Vida do Cordeiro, mesmo que depois escolham apagá-los. Sendo assim inscritos, pode ser o meio de sua salvação8.

[Louis Berkhof]: É possível partir da pressuposição (não do conhecimento certo) de que as crianças apresentadas para o batismo são regeneradas e, portanto, estão de posse da semen fidei (semente da fé); e afirmar que Deus, pelo batismo, de algum modo místico que não compreendemos, fortalece na criança esta semente da fé”9.

A fonte e raiz do problema, segundo o exame e o pensamento deste escritor, é que os Reformadores herdaram e modificaram a prática do Pedobatismo da Igreja de Roma, que também possui uma mentalidade do Antigo Testamento quanto ao seu sacerdócio, ritos, rituais e cerimônias.

Vendo, por um lado e, não totalmente aceitando a regeneração batismal da Igreja de Roma, e também vendo nas Escrituras as características de uma Igreja do Novo Testamento com uma membresia regenerada e o batismo de crentes, mas encontrando em seu movimento Reformado muitos em suas fileiras que eram meros Cristãos professos exteriormente, eles se retiraram para uma posição a meio caminho quanto à “igreja visível” [composta por crentes e incrédulos, em oposição ao seu conceito de igreja “invisível” ou “verdadeira” composta somente pelos eleitos] e Pedobatismo.

NOTA: Martinho Lutero sobre uma Igreja de Crentes (1526): Aqueles que desejam ser Cristãos sérios, e confessam o Evangelho com a mão e boca, devem alistarem-se pelo nome e reunirem-se a parte de todos os tipos de pessoas em uma casa sozinhos para orar, ler, batizar, receber os sacramentos e praticar outros deveres Cristãos. Desta forma poderíamos saber que não eram Cristãos, punir, corrigir, excluir e excomungar. Então poderíamos esperar ações de graças em geral, dando de bom grado e distribuindo entre os pobres. Eu ainda não consegui encontrar [estabelecer] uma tal igreja, pois eu não tenho as pessoas para fazê-lo, e não vejo muitos que são urgentes por isso10.

O resultado foi o estabelecimento de Igrejas Protestantes Estatais como rivais para Roma [o princípio “neo-Constantiniano”]11, e um Pedobatismo modificado, permitindo-lhes se alistarem ao magistrado civil para impor a religião e permanecer inclusive na doutrina deles quanto a salvação para incluir crianças, indo além do ensino claro da Escritura.

NOTA: Martinho Lutero sobre o magistrado civil: Cada pessoa tem o dever e obrigação de prevenir e reprimir a blasfêmia, cada um segundo seu status. Em virtude deste mandamento, príncipes e autoridades civis têm o poder e o dever de abolir os cultos ilegais e estabelecer o ensino e adoração ortodoxos. Em relação a este ponto, Levítico se aplica: “Aquele que blasfemar o nome do Senhor, que ele seja condenado à morte”. ...Príncipes não só devem proteger os bens e a integridade física dos seus súditos, mas sua função mais essencial é promover a honra de Deus, reprimir a blasfêmia e a idolatria. É por isso que no Antigo Testamento os reis ...matam os falsos profetas e os idólatras. Tais exemplos aplicam-se à função do príncipe12.

Os Pedobatistas Reformados sustentam uma “Aliança da Graça”, tanto no Antigo como no Novo Testamento, com duas administrações, mantendo, assim, a circuncisão no Antigo Testamento e encontram o seu homólogo na aspersão infantil [Pedobatismo] no Novo como o “selo do pacto”, a parte de qualquer ensinamento ou testemunho bíblico e opondo-se ao ensino claro da fé pessoal e batismo dos crentes somente [credobatismo], e necessariamente por imersão13.

NOTA: Romanos 4:9-11. A circuncisão era “um selo da justiça da fé” que Abraão teve antes de sua circuncisão, isto é, Abraão foi circuncidado como um crente. Este foi um exemplo singular, e essa fé pessoal não pode ser atribuída a crianças. Logicamente, se o princípio for levado ao batismo e ao Novo Testamento, teríamos necessariamente o batismo de crentes.

Os Batistas afirmam que o Antigo Testamento e seus pactos progressivos — Adâmico, de Noé, Abraâmico, Mosaico e Davídico, eram alianças da promessa antecipatórias da Nova ou Evangélica Aliança, que se realiza na e através da pessoa e obra do Senhor Jesus (Efésios 2:12; Hebreus 7:22; 8:6-13; 9:1-20; 13:20).

Assim, a tradição Reformada nega a diversidade e esforço para a unidade da[s] aliança[s], não faz distinção entre as promessas feitas a Abraão e seus descendentes físicos relativos à sua nação e terra, e as promessas espirituais feitas a Abraão a respeito de sua descendência e filhos espirituais (Gênesis 12:1-3; Romanos 2:28-29; 4:9-11; Gálatas 3:5-24; Efésios 2:12; Hebreus 7:22).

Esta peculiar “Teologia Pactual” Pedobatista foi desenvolvida por Zwínglio e Bullinger em suas disputas com os Anabatistas, enquanto procuravam defender a aspersão infantil e o conceito de filhos da aliança contra o claro ensino bíblico de batismo de crentes por imersão por meio de “argumentar a partir da aliança”14. De fato, não encontrando sua prova dentro do Novo Testamento ou Escrituras do Antigo Testamento, eles recorrem a “argumentar a partir do Pacto”, e recorrem a “boas e necessárias inferências”, em vez de em permanecerem no ensino evidente da Escritura.

[J. G. Vos]: “A prova real do batismo infantil depende da verdade que os filhos dos crentes estão incluídos no Pacto da Graça”15.

[B. B. Warfield]: É verdade que não há nenhuma ordem expressa para batizar crianças no Novo Testamento, não há registro expresso do batismo de infantes, e não há passagens tão rigorosamente implicando que devemos inferir a partir delas que as infantes devem ser batizados... o mandado para o batismo infantil não deve ser buscada no Novo Testamento, mas no Antigo Testamento... e nada menos do que uma real proibição dele no Novo Testamento poderia nos obrigar a omiti-lo agora16 [Onde no Antigo Testamento nós encontramos um tal mandado? Isso é sinônimo de “argumentando a partir do Pacto” – W. R. Downing]

NOTA: Neste ponto, é revelada a grande distinção entre Pedobatistas Reformados e Batistas em sua abordagem básica da Escritura, como revelado e contrastado na Confissão de Fé de Westminster (1646) e a Segunda Confissão de Fé Batista de Londres (1689):

A Confissão de Westminster, Capítulo I, artigo VI:
Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a Sua própria glória, a salvação do homem, fé e vida, ou está expressamente declarado na Escritura, ou por boa e necessária inferência pode ser deduzido a partir da Escritura...

Compare isso com a Segunda Confissão Batista de Londres de 1689, Capítulo I, Artigo 6:
Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a Sua própria glória, a salvação do homem, fé e vida, ou está expressamente declarado ou necessariamente contido na Sagrada Escritura.

Note a alegada diferença entre a visão Reformada da “boa e necessária inferência” e a perspectiva Batista de “expressamente declarado ou necessariamente contido nas Escrituras”. A aspersão infantil, podemos afirmar, não é nem uma “boa” nem uma “necessária inferência”, na medida em que se distancia do claro ensino da Escritura e da própria natureza da livre e soberana graça.

Os Pedobatistas têm uma perspectiva do Antigo Testamento, que vê a Antiga Aliança como determinante; os Batistas têm uma perspectiva do Novo Testamento, que vê as Escrituras como uma revelação progressiva com sua consumação na Nova ou Evangélica Aliança e o batismo de crentes, tão claramente revelados no Novo Testamento. Crianças do sexo masculino sob a Antiga Aliança eram circuncidados como seu sinal da aliança; sob a Nova ou Evangélica Aliança, a regeneração, ou “circuncisão do coração” “não feita por mãos” é o sinal da aliança (Romanos 2:28-29; 4:9-16; Filipenses 3:3; Colossenses 2:11-13). Sob a Antiga Aliança, todos os homens dentro do contexto patriarcal e familiar eram circuncidados — filhos, descendentes e servos. A Nova ou Evangélica Aliança pertence somente às pessoas regeneradas como consistente com a própria natureza da livre e soberana graça, pois somente estes devem ser batizados.

A Teologia Pactual Pedobatista é inconsistente, em primeiro lugar, na medida em que dá precedência para a Antiga Aliança, e não à Nova [uma aliança com duas administrações]. Em segundo lugar, ela inclui o não-regenerado no Pacto da Graça, como eles veem o[s] Pacto[s] como possuindo duas administrações, a fim de incluir os filhos de pais crentes. Em terceiro lugar, isso limita a aspersão aos filhos imediatos de pais crentes, mas exclui todos os outros dentro do contexto da “família” estendida — todos os descendentes e servos ou empregados.

Teologia Pactual Pedobatista e Dispensacionalismo

O Dispensacionalismo separa Israel nacional e “A Igreja” em duas entidades distintas, mas inclui os Judeus, não pela graça, mas pela raça. A maioria dos Dispensacionalistas sustenta que Israel nacional ainda é um povo especialmente favorecido por Deus, e devem ser tratados como tal (Gênesis 12:1-3). Além disso, ela afirma que durante o milênio, Israel nacional voltará à centralidade da aliança Divina, religiosa e politicamente, com um governo mundial centralizado em Jerusalém sob um Rei Davídico, e sacrifícios de animais serão reinstituídos através de uma rígida conformidade literal à Antiga Aliança.

Assim, tanto Pedobatistas Reformados e Dispensacionalistas sustentam uma precedência determinante do Antigo Testamento sobre o Novo, e também a natureza e raça dentro da “Aliança” ou “Dispensação” da Graça, uma posição que é antibíblica e contraditória, privando a Nova Aliança da sua natureza gloriosamente distinta — livre e soberana graça decorrente da obra consumada de Cristo — e ambas pela necessidade de uma mentalidade da Antiga Aliança, que continua a ser necessária à hermenêutica deles.

Teologia da Nova Aliança

A Teologia da Nova Aliança é uma abordagem das Escrituras relativamente nova entre os Batistas Calvinistas, desenvolvida como uma posição entre o Dispensacionalismo e Teologia Pactual. Como um híbrido, ela possui algumas características de ambos. A Teologia da Nova Aliança é geralmente situada dentro da fé Batista bíblica e histórica, com algumas notáveis e determinantes exceções.

Historicamente, este movimento começou na última parte do século XX, com um conflito entre Reformados e Batistas da Graça Soberana sobre a questão da relevância e da observância do quarto mandamento, ou seja, relativa à unidade do Decálogo, em seguida, de todo o Decálogo ou da Lei moral como regra para a vida do crente. Tanto a Teologia Pactual e influências Dispensacionalistas coloriram os debates iniciais.

A Teologia da Nova Aliança sustenta com a Teologia Pactual a unidade do povo de Deus, tanto Judeus e Gentios como crentes. “A Igreja” é o Israel espiritual. Os Dispensacionalistas, negam a existência tanto do Pacto de Obras e do Pacto da Graça, e sustentam que os Dez Mandamentos, como parte do Pacto Mosaico, foram revogados pela obra redentora do Senhor Jesus Cristo. A Lei, portanto, não tem nenhuma relação com quaisquer crentes ou descrentes.

Assim, em comum com os Dispensacionalistas, a Teologia da Nova Aliança é necessariamente antinomiana, embora essa terminologia seja negada, sustentando que os crentes não estão mais sob os Dez Mandamentos, mas sob a “Lei de Cristo”, como se estes fossem diferentes. Sua posição é que “tudo o que Deus ordena é ‘lei moral’ para o indivíduo ordenado”17.

Eles, além disso, sustentam “que Deus não escreveu Sua Lei nos corações de todos os homens”, o que é contrário aos ensinamentos do apóstolo Paulo a respeito de cada homem como o portador da imagem de Deus (Romanos 2:11-16) e tanto à promessa quanto ao cumprimento da Nova Aliança, e (Jeremias 31:31-34; Ezequiel 11:19-20; Ezequiel 36:25-27; Hebreus 8:6-13), várias outras declarações feitas por defensores desta visão também parecem contraditórias, à luz da Escritura18.

Pensamentos Conclusivos

A Consistência da Teologia Pactual Batista

Em nossa opinião, a posição Batista histórica, como definida na Antiga Confissão de 1644 e na de 1689 e na Teologia Pactual, sem as peculiaridades Pedobatistas [a precedência da Antiga Aliança, aspersão infantil, os filhos da aliança, a regeneração presuntiva e um conceito de corpus mixtum da igreja] é biblicamente sã com os princípios tanto de uma revelação consistente, progressiva, batismo de crentes e uma visão da igreja ao longo do Novo Testamento [Nova Aliança] como composta por crentes batizados.

A posição Batista também permanece contra os distintivos do Dispensacionalismo [a prioridade do Antigo Testamento como a regra rígida de interpretação literal, a precedência de Israel nacional pela raça à parte da graça, antinomianismo, santificação opcional e latente Arminianismo]; é verdade quanto às Escrituras em sua evitação do antinomianismo e seu alinhamento com a perpetuidade da lei moral como o único padrão Divino de justiça.

Um Comentário sobre a Lei e o Evangelho a partir do Novo Testamento

No restante deste artigo, faremos algumas citações e explicações que demonstram a relevância e perpetuidade da Lei Moral a partir do Novo Testamento. Esta continua sendo uma das questões mais cruciais, especialmente no que diz respeito ao Dispensacionalismo e Teologia da Nova Aliança.

Uma ignorância sobre a Lei Moral necessariamente significa um conceito nebuloso e relativista sobre o pecado, pois a Bíblia vê o pecado em termos absolutos como transgressão da Lei de Deus (1 João 3:4). Uma ignorância sobre a Lei Moral significa necessariamente uma visão elevada da alegada “capacidade natural” do homem e “livre-arbítrio”, deixando de compreender biblicamente os efeitos absolutamente devastadores da Queda e do pecado (Romanos 6:17-18; Efésios 2:1-5). Uma ignorância sobre a Lei Moral significa necessariamente uma visão defeituosa do amor de Deus. O amor santo, justo e misericordioso de Deus tanto por santos e pecadores é geralmente ou iludido em uma emoção ou despojado de seu caráter moral. Uma ignorância sobre a Lei Moral significa necessariamente uma baixa visão ou banalização da graça, do Evangelho da salvação e, em geral, com ênfase na experiência e subjetividade ao invés da doutrina. A terrível realidade e poder do pecado determinam a natureza e o caráter da salvação. Uma ignorância a respeito da Lei Moral significa necessariamente uma baixa visão do arrependimento, ou uma renúncia desta verdade por completo, assim como o pecado torna-se relativo e subjetivo (Atos 17:31).

Além disso, uma ignorância sobre a Lei Moral significa necessariamente uma baixa visão do convite evangélico. A pressão psicológica para “tomar uma decisão religiosa” substitui o mandato universal de arrepender-se em face de certos julgamentos Divinos (Atos 17:31). A convicção de pecado é vista como uma questão leve. “Decisões” religiosas são feitas para uma variedade de questões: consciência perturbada, libertação do vício, unidade familiar, encontrar um sentido na vida e etc. A conversão bíblica é a partir do poder dominador e da condenação do pecado. Uma ignorância da Lei Moral significa necessariamente uma visão deturpada da conversão e da experiência Cristã e da necessidade de uma vida santa, piedosa e convertida. O Antinomianismo Dispensacionalista criou a heresia da “crença fácil” e do “crente carnal”. Uma ignorância da Lei Moral geralmente significa uma segurança carnal e uma falta geral de seriedade. O Antinomianismo Dispensacionalista nega o senhorio de Jesus Cristo na salvação (Atos 2:36)19.

O Cristianismo Evangélico Moderno abrange todos estes com suas degenerações da terrível seriedade de todo e qualquer pecado, seu entretenimento mundano e falta de santidade, a sua “crença fácil”, heresia do “crente carnal”, negação do senhorio de Cristo na atual experiência Cristã (Atos 2:36) e uma presunçosa “segurança carnal” que repousa não na justiça imputada de Cristo, mas em uma decisão religiosa. Muito disso pode ser ligado diretamente à ignorância ou à negação da Lei Moral de Deus.

A pregação da Lei, sem o Evangelho torna-se legalismo; a pregação do Evangelho, sem a Lei torna-se antinomianismo. A Lei protege a auto-consistência moral de Deus e, portanto, magnifica a Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, através da graça do Evangelho. O Evangelho responde à auto-consistência moral de um Deus santo e justo e, portanto, às exigências da Lei. Os dois juntos glorificam a graça de Deus e dão ao Seu amor o seu necessário caráter moral. Este é aquele equilíbrio Divinamente revelado que encontramos no Novo Testamento.



Romanos 2:14-16: “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; 15 os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; 16no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho”.

NOTA: O homem, como o portador da imagem de Deus, teve a lei indelevelmente incorporada em seu coração no momento da criação, tornando-o um ser racional, moralmente responsável. A Lei Moral de Deus foi o meio ordenado por Deus para operar a convicção de pecado que é salvífica [os “ferrões” ou aguilhões de Atos 9:5] no despertar espiritual de Saulo de Tarso. Veja o seu testemunho pessoal sobre esta convicção em Romanos 7:7-13.

Gálatas 3:24: “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados”20.

NOTA: A Lei Moral permanece como o meio ordenado por Deus para a convicção de pecado.
[Charles Bridges]: [...] como há um modo legal de pregar o evangelho, assim há um modo evangélico de pregar a lei [...]21. Não podemos, de fato, ter muito do Evangelho; mas nós podemos ter pouquíssimo da lei, e um defeito na pregação evangélica da Lei é a causa tão clara da ministração insuficiente, como uma pregação legal do Evangelho. Em tal ministério, deve haver uma falta de convicção espiritual do pecado, geralmente — de pecados espirituais mais particularmente — e, fluindo diretamente daqui a um baixo padrão de obediência espiritual. Na verdade, todos os erros prevalentes na Igreja podem ser atribuídos a esta fonte.

Nós nunca teríamos ouvido falar sobre a ilusória perfeição Metodista (dependência mística sobre a luz interior [Quakerismo]), nem sobre e inconsistente profissão de ortodoxia (autojustiça Farisaica), nem o Pelagiano e o Sociniano se o padrão espiritual da lei fosse claramente exibido, e seu poder de convencimento verdadeiramente sentido22.

[Nós gostaríamos de acrescentar o moderno Antinomianismo Dispensacionalista com seu “decisionismo”, “crença-fácil” e heresia do “Cristão carnal”].


[Charles Bridges]: [...] Aqueles, de fato, que dispensam a lei de seu ministério, não reconhecem nenhum meio de convicção, senão a cruz. Mas, nosso Senhor não utiliza a Lei Moral com o jovem rico [Lucas 18:18-23] para este propósito expresso? Este também não foi o meio designado para trazer o apóstolo à apreensão espiritual de seu pecado?

Seu conhecimento de cada pensamento, imaginação, desejo, palavra e obra, e sua demanda intransigente por obediência absoluta e sem interrupção, sob pena de sua eterna punição, convencem o coração de sua culpa, corrupção e miséria, e deixam o pecador indesculpável e sem ajuda; sob a carranca de um Deus santo e irado; preparado para acolher o Salvador, e fazer perecer para sempre sem Ele.

Assim, a oração — “Deus, sê propício a mim, pecador!” — é mesmo compelida a partir daquele cujo comportamento externo fora “segundo a justiça que há na lei, irrepreensível”. Ele agora vê em si mesmo a própria natureza do pecado e da miséria a que o Evangelho o dirige; e, estendendo a mão do desejo e da fé, ele recebe o dom gratuito de Cristo23.

[C. H. Spurgeon]: Não há nenhum ponto em que os homens cometem maiores erros do que sobre a relação entre a Lei e o Evangelho. Alguns homens colocam a Lei no lugar do Evangelho; outros colocam o Evangelho no lugar da Lei; alguns modificam ambos e não pregam a nenhum; e outros inteiramente revogam a Lei, introduzindo o Evangelho.

Muitos pensam que a Lei é o Evangelho, e ensinam que os homens por boas obras podem ser salvos. Por outro lado, muitos ensinam que o Evangelho é uma Lei, por obediência à qual homens são salvos meritoriamente. Uma certa classe sustenta que a Lei e o Evangelho estão misturados, e que, em parte, pela Lei, e em parte pela graça, os homens são salvos [...].

Em relação ao coração humano. A Lei faz com que a ofensa abunde... ao desvelar o pecado para a alma. Quando uma vez o Espírito Santo aplica a Lei à consciência, os pecados secretos são arrastados para a luz, pequenos pecados são ampliados à sua verdadeira dimensão, e as coisas aparentemente inofensivas tornam-se excessivamente malignas... As fontes do abismo são rompidas, as câmaras das imagens são abertas, o mal inato da própria essência do homem caído é descoberto... A Lei corta o cerne do mal, ela revela a sede da enfermidade, e nos informa que a lepra se encontra no profundo... Aquele que uma vez pensou que ele poderia se arrepender e crer quando quisesse, não encontra em si mesmo nenhum poder para fazer ou um ou outro”24.

Hebreus 8:6-13: “Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas. 7 Porque, se aquela primeira fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda. 8 Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei uma nova aliança, 9 não segundo a aliança que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; como não permaneceram naquela minha aliança, eu para eles não atentei, diz o Senhor. 10 Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo; 11 e não ensinará cada um a seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior. 12 Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais. 13 Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar”.

NOTA: Esta passagem a respeito da Nova Aliança, acima, é o cumprimento expresso de Jeremias 31:31-34, que é citado nos versículos de 8 a 12, contrário aos princípios do Dispensacionalismo e Teologia da Nova Aliança. Esta passagem declara ainda que todos nesta Nova Aliança serão regenerados, o que contraria a Teologia Pactual Pedobatista. Finalmente, ela não ensina uma aliança com duas administrações, mas sim a Antiga Aliança acabando com o cumprimento da promessa e da realidade da Nova Aliança.

Mateus 5:17-18: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. 18Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido”.

NOTA: Mateus 5 preocupa-se com a Lei Moral, como o contexto revela.
Romanos 6:14: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”25. Gálatas 5:18: “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei” [ο?κ ?στ? ?π? ν?μον].

NOTA: “Lei” em ambas as passagens acima é anarthrous [sem o artigo definido], e, portanto, refere-se a um mero princípio de comando exterior. A graça dá uma dinâmica ou habilitação internas. Isso não deve ser interpretado em um sentido da Teologia Dispensacionalista ou da Nova Aliança como contrastando as assim chamadas “Dispensações da Lei e Graça”, um erro um tanto comum.

Romanos 13:8-10: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. 9 Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 10 O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor”.

NOTA: O “amor” não é o cumprimento da Lei em sentido temporal ou Dispensacionalista, como se a Lei estivesse limitada a Israel em um determinado tempo-forma, mas em um sentido interpretativo. Assim, o amor é o cumprimento da Lei, de modo que a Lei interpreta o amor, ou seja, a Lei dá ao amor o seu caráter moral e contexto.

À parte de um necessário padrão externo — Lei Divina — o amor permanece indefinido. É verdade que o amor bíblico consistente não é um mero sentimento subjetivo, indefinido, mas uma realidade objetiva ordenada no contexto da e condicionada pela Lei — Palavra de Deus (Romanos 13:8-10), ou seja, nós amamos o nosso próximo quando não o privamos de sua vida, não mentimos para ele, não o roubamos, não cometemos adultério com a sua esposa ou cobiçamos o que ele tem, ou fazemos qualquer coisa que tende para tais atos manifestos. A ausência ou a revogação da Lei não é liberdade, mas ilegalidade — e ilegalidade é pecado (1 João 3:4)26. É apenas em termos da Lei de Deus que podemos consistentemente amar o nosso próximo, e até mesmo amar os nossos inimigos!

1 Timóteo 1:5-11: “Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida... 8 Sabemos, porém, que a lei é boa27, se alguém dela usa legitimamente; 9 sabendo isto, que a lei não é feita para o justo28, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, 10 para os devassos, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros, e para o que for contrário à sã doutrina, 11 conforme o evangelho da glória de Deus bem-aventurado, que me foi confiado.”

NOTA: A Lei Moral de Deus é uma realidade presente, que julga os homens, e deve ser usada retamente. No contexto do indevido uso Judaico da Lei como um sistema de justificação hipócrita, Paulo afirma que ela é “extremamente excelente”, se usada corretamente, ou seja, como um meio de convicção de pecado e repressão. A lei, “não repousa sobre” [ο? κε?ται] o justo, ou seja, repousa sobre ele como uma sentença de condenação, mas assim o faz sobre os ímpios.

Romanos 7:12, 14, 22; 8:3-4: “12 E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom... 14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado... Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus... 3 Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; 4para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”.

NOTA: Nesta seção (Romanos 6:15-8:9), que está preocupada com a relação do crente com a lei, o apóstolo refuta tanto o antinomianismo e o legalismo. O crente “tem prazer na lei de Deus segundo o homem interior”, mas é liberto tanto da rejeição da Lei [antinomianismo] ou de transformá-la em um sistema de obras [legalismo].

NOTA: Não há divisão capitular em 7:25—8:1. A Lei Moral é santa, boa, justa e espiritual. A graça nos coloca em conformidade com ela (Romanos 8:1-4). Não há graça antinomiana.

NOTA: Quando o apóstolo contrasta a si mesmo com o padrão absoluto da Lei em 7:14 [“mas eu sou carnal, vendido sob o pecado”], ele usou o termo “carnal” [?γ? δ? σ?ρκιν?ς ε?μι] no sentido de ser “feito de carne”, ou seja, o epítome da fraqueza diante da justiça absoluta da Lei, e não o termo σ?ρκιν?ς que conota a exibição de características carnais. Isto nem respalda a ideia do “Cristão carnal” nem a noção de que ele era não-regenerado naquele momento. Como um crente maduro diante da Santa Lei de Deus, ele é o epítome da fraqueza humana. Esta seção (7:14-25) trata do princípio do pecado interior e corrupção remanescente, como ele várias vezes distingue entre “eu” e “o pecado que habita em mim.”

Romanos 10:4: “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”.

NOTA: Esse versículo é autoexplicativo. Nosso Senhor é o cumprimento [τ?λος]29 da lei quanto à justificação, mas apenas para aqueles que creem. Nós estamos ou em união com Adão e condenados, ou em união com Cristo e justificados. Os incrédulos ainda estão condenados sob o Pacto de Obras em união com Adão.

1 Coríntios 9:21: “Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo [μ? ?ν ?νομος Θεο? ?λλ’ ?ννομος Χριστο?]), para ganhar os que estão sem lei”.

NOTA: o apóstolo não estava sem a lei como um crente, mas viveu na esfera da Lei de Deus em Cristo. A questão centraliza-se sobre os Gentios descritos como aqueles “sem lei” e ele mesmo como estando “na lei” em relação a Cristo. O significado, para ser coerente, deve ser que, embora ele viveu como os Gentios quando entre eles, ele estava ainda vivendo [entre os Judeus ou Gentios] na esfera da lei de Cristo.

NOTA: το?ς ?ν?μοις ?ς ?νομος, μ? ?ν ?νομος Θεο? ?λλ’ ?ννομος Χριστο?. A designação “aqueles sem lei” (το?ς ?ν?μοις) era uma referência comum dos judeus em relação aos Gentios. Entre os Gentios, Paulo viveu como um Gentio, mas nunca de uma forma anárquica, como ele estava “na lei” em Cristo (?ννομος Χριστο?) [na esfera de ou sob a autoridade da Lei de Cristo]. Ele não era nem um legalista nem um antinomiano. A Lei Moral de Deus e a Lei Moral de Cristo são uma e a mesma30.

Romanos 3:19-20: “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”.

NOTA: A Lei Moral é relevante e perpétua, universal em sua extensão [“sob a lei”, ? ν?μος λ?γει το?ς ?ν τ? ν?μ? λαλε?, ou seja, no âmbito da jurisdição da lei] sobre toda a humanidade — e será o único padrão Divino, no Dia do Juízo Final. A função da Lei é a de expor o que é pecado diante de Deus e do homem. Observe, “o conhecimento do pecado” é δι? γ?ρ ν?μου ?π?γνωσις ?μαρτ?ας, ou seja, através da Lei há o pleno, completo conhecimento do pecado.

Concluímos este artigo com uma citação de um soneto e, em seguida, de um hino, os quais abrangem o relacionamento correto entre a finalidade da Lei e a glória do Evangelho: a primeira citação é a partir de um soneto sobre a Lei e o Evangelho por Ralph Erskine (1685-1752):

A Lei é um tutor muito em voga,
À graça do Evangelho ensina;
O Evangelho está para a Lei não menos
Do que o seu pleno fim para a justiça.
Quando uma vez o fogo da Lei de Deus
Tem me conduzido ao caminho do Evangelho;
Depois, de volta para a santa Lei,
Mui gentilmente a graça Evangélica atrairá.
Quando pela Lei para a graça eu sou instruído;
A graça pela Lei terá me governado;
Por isso, se eu não obedeço a Lei,
Eu não posso manter o caminho do Evangelho.
Um rígido mestre foi a Lei,
Exigindo o tijolo, negando a palha;
Mas, quando a língua do Evangelho a canta,
Ela permite-me voar, e dá-me asas.
— Ralph Erskine31
•••

A lei de Deus é boa e sábia,
e estabelece a Sua vontade diante de nossos olhos,
Mostra-nos o caminho da justiça,
e condena à morte quando nós transgredimos.
Sua luz de santidade comunica
o conhecimento de nossos corações pecaminosos
Para que possamos ver nossa condição perdida,
e buscar a libertação antes que seja tarde demais.
Para aqueles que encontram auxílio em Cristo,
e anelam em obras de amor abundar
Ela mostra que fazeres são o Seu deleite,
e o que deve ser feito como bom e reto.
Quando os homens desdenham a ajuda oferecida,
e voluntariamente em pecado permanecem,
Seu terror em seus ouvidos ressoa,
e mantém limitada a impiedade deles.
A lei é boa; mas desde a Queda
Sua santidade a nós todos condena;
Ela nos condena à morte por nosso pecado,
e não tem poder para justificar.
Para Jesus, em busca de refúgio fugimos,
Quem da maldição nos libertou,
E humildemente adoramos diante de Seu trono,
Salvos pela Sua graça, mediante a fé somente.
— Matthias Loy32
***
Dr. W.R. Downing é um Ancião na Igreja Batista Sovereign Grace, em Morgan Hill, Califórnia.

Nossa igreja crê e prega o evangelho da livre e soberana graça de Deus na salvação dos pecadores, e busca obter a maior audiência possível para a verdade do Evangelho.

Nós sustentamos uma visão Batista da Teologia Pactual, e, portanto, a Lei moral como o meio ordenado por Deus para convicção de pecado e de regra de vida para o crente.

[1] Comentários anexados ao sermão, “O Pacto”, como citado por Pascal Denault, Os Distintivos da Teologia Pactual Batista, pp. 6-7.
[2] Oséias 6:7, em Hebraico lê-se “como Adão” ???????? não “como homens”.
[3] Ao invés de manter a relevância e perpetuidade da Lei Moral, o Dispensacionalismo, que é antinomiano por natureza e necessidade, vê a Lei como um documento legal dado apenas para Israel, e limitado à “Dispensação da Lei” [do Sinai à Cruz].
[4] Robert Haldane, Exposição da Epístola aos Romanos, pp. 478-479.
[5] Lewis Sperry Chafer, Teologia Sistemática, VII, pp. 279-280.
[6] Ibid., p. 70.
[7] Para um estudo mais aprofundado, veja Earl Blackburn, Ed. Teologia Pactual: Um Distintivo Batista. Birmingham, Al: Solid Ground Christian Books, 2013. 161 pp; e Pascal Denault, O Caráter Distintivo da Teologia Pactual Batista. Birmingham, Al: Solid Ground Christian Books, 2013, 167 pp.
[8] Charles Hodge, Teologia Sistemática, III, p. 588.
[9] Louis Berkhof, Teologia Sistemática, pp. 641-642.
[10] Citado por Thomas Armitage, História dos Batistas, I, p. 397.
[11] A “mudança de Constantino” foi o estabelecimento do sistema de Igreja Estatal. Os Reformadores protestantes seguiram em estabelecer as suas próprias Igrejas estatais — “neo-Constantinianismo”. Veja Leonard Verduin, A Anatomia de um Híbrido: Um Estudo das Relações das Igrejas Estatais.
[12] Verduin Leonard, A Anatomia de um Híbrido, p. 195. Veja também Roland H. Bainton, Aqui eu permaneço: A Vida de Martinho Lutero, pp 294-296; Thomas Armitage, A História dos Batistas, pp. 401-403.
[13] O Novo Testamento ensina o batismo por imersão, um simbolismo, não de lavagem ou limpeza [o argumento Reformado sobre o batismo], mas de união do crente com Cristo em Sua morte, sepultamento e ressurreição (Romanos 6:3-5; Gálatas 3.27; Colossenses 2: 11-13). Pois, alterar os sujeitos ou o modo de batismo significaria uma releitura completa tanto da ordenança e de seu significado.
[14] Veja M. E. Osterhaven, “Teologia Pactual,” Evangelical Dictionary of Theology, p. 279.
[15] J. G. Vos, “Blue Banner Faith and Life”, edição de Janeiro-Março de 1959, p. 37, como citado por T. E. Watson, Bebês Devem Ser Batizados? p. 84
[16] B. B. Warfield, Estudos em Teologia, p. 399.
[17] John Reisinger, como citado por Alan Cairns, Dicionário de Termos Teológicos, p. 303.
[18] Para uma discussão completa sobre a Teologia da Nova Aliança, veja Alan Cairns, Loc. Cit., pp. 303-306, e os vários sites pertencentes a este movimento.
[19] ?σφαλ?ς ο?ν γινωσκ?τω π?ς ο?κος ?σρα?λ ?τι κα? κ?ριον α?τ?ν κα? χριστ?ν ?πο?ησεν ? θε?ς, το?τον τ?ν ?ησο?ν ?ν ?με?ς ?σταυρ?σατε [Atos 2:36]. A ênfase é sobre o atual senhorio de Jesus Cristo.
[20] ? ν?μς, γ?γονεν..., perf., ou seja, “...a lei tornou-se e continua a ser...”.
[21] Charles Bridges, O Ministério Cristão, p. 223.
[22] Ibid., p. 228.
[23] Charles Bridges, Loc. cit., pp. 223-225.
[24] C.H. Spurgeon, “Lei e Graça”, The New Park Street Pulpit, Vol. I, pp. 285-290.
[25] O uso de ο? γ?ρ ?στε ?π? ν?μον refere-se a um princípio de mero mandamento exterior.
[26] “... o pecado é iniquidade”. Lit: “o pecado é ilegalidade” (? ?μαρτ?α ?στ?ν ? ?νομ?α).
[27] Versículo 8. “A lei excede em excelência” [καλ?ς ? ν?μος]. [Trad. Literal]
[28] Versículo 9. “sobre um justo não repousa como uma sentença pesada” [δικα?? ν?μος ο? κε?ται]. [Trad. Literal]
[29] O significado essencial de τ?λος é o de cumprimento ou consumação. Veja Liddell & Scott, Léxico Grego-Inglês, pp. 1772-1774.
[30] Veja a discussão completa sobre todas as questões em Ernest Kevan, A Lei Moral. Escondido: The den Dulk Foundaton, 1991. 97 pp.
[31] Extraído de Ralph Erskine, “Os Princípios do crente em relação à Lei e o Evangelho” [Um soneto contendo 386 versos], Seção III, “A Harmonia entre a Lei e do Evangelho”.
[32] Extraído de Edição Batista do Hinário Trindade, p. 449.
Dr. William R. Downing é o pastor fundador da Sovereign Grace Baptist Church. Pela graça de Deus, ele serviu fielmente ao Senhor como pastor em seis diferentes congregações desde que entrou no ministério. Ele também atuou como professor em várias instituições de ensino (universidade, seminário e pós-graduação). Seus graus acadêmicos incluem um M.A. em Ed., Um Th.M., um Ph.D. em Estudos do Novo Testamento, e um D.D. honorário. Ele é autor de quatorze livros e vários panfletos e artigos. Pastor Downing casou-se com Adeline Mary em 1967, e eles têm três filhos e onze netos.