Achada uma civilização perdida: o reino maldito de Esaú

Há cidades ou civilizações perdidas que intrigam os homens modernos. Algumas pertencem mais provavelmente à lenda, mas de outras há lembranças dignas de crédito.

O que foi delas? Por que desapareceram? Foram amaldiçoadas’

Desapareceram totalmente ou acabaram se integrando em alguma outra, dando origem a filões psicológicos que continuaram influenciando a História mais ou menos sorrateiramente?

Os casos de Caim e Esaú nos interessam especialmente pela sua presença na Bíblia. Aonde foram eles? No que é que deram?

Entre essas incógnitas históricas cabe o reino bíblico de Edom, ou o reino fundado por Esaú após vender sua primogenitura e abandonar o lar paterno.

Mais recentemente, um longo trabalho veio trazer a lume os vestígios desse reino, extinto há milênios, mas que deixou um filão moral e cultural de representantes até no Novo Testamento.

E houve os que tiveram um papel horroroso na Paixão e Morte de Nosso Senhor, segundo narram os Evangelhos.

Edom significa “vermelho”, da mesma maneira que “Esaú”, pela cor da sopa em troca da qual vendeu seus nobres direitos.

Abandonando o lar, internou-se no deserto com a família e animais e sua sorte foi sempre foi um quebra-cabeça significativo para a arqueologia bíblica.

6. “Esaú tomou suas mulheres, seus filhos e suas filhas, assim como todo o seu pessoal, seus rebanhos, seus animais e todos os bens que tinha adquirido na terra de Canaã, e mudou-se para longe de seu irmão Jacó.

“7. Seus bens eram, com efeito, numerosos demais para que pudessem morar juntos, e a terra em que habitavam não lhes bastava, por causa dos seus muitos rebanhos.

“8. Esaú estabeleceu-se na montanha de Seir. Esaú chamava-se também Edom”. (Gênesis, 36, 5-8)

Símbolo da inimizade entre os filhos da Virgem e os da serpente


A descendência de Esaú, os edomitas, aparecem no relato bíblico
encarnado os réprobos, como sugere
a capa desta edição recente de livro do século XIX
Esaú casou com mulheres contra a vontade de seus pais Isaac e Rebeca (Gn 26:34-35).

Sua hereditariedade se uniu a povos inimigos de Israel como cananeus, filisteus e egípcios.

A história sagrada inclui vários graves conflitos armados que tinham como fundo permanente a inimizade entre os predestinados filhos da luz (simbolizados na descendência de Jacó) e os réprobos, filhos das trevas (de Esaú).

Sobre essa inimizade psicológica e religiosa veja: Comentários ao Tratado da Verdadeira Devoção - Interpretação da história de Jacó

Saul teve problemas com os edomitas (I Sm 14:47). Davi venceu um exército de 18.000 deles e subjugou suas terras (II Sm 8:13-14).

Joab, general do exército de Davi ficou nas terras dos edomitas para “exterminar todos os varões de Edom” (I Reis, 11, 15-16).

Mas “Adad, o edomita, da linhagem real de Edom” fugiu para o Egito com quem fez aliança. Quando Davi morreu, voltou para montar uma revolta contra Salomão (I Reis, 11, 17ss).

O reino de Edom existiu desde o século XII a.C. e fazia fronteira com Moabe ao nordeste, Arava ao oeste e o deserto da Arábia ao sul e leste.

O reino dos edomitas ou idumeus (nome romano) foi destruído pelos babilônios por volta do século VI a.C. e se extinguiu pelo ano 125 a.C. Acabaram subjugados pelo rei de Israel João Hircano.

Os israelitas os obrigaram a praticar o judaísmo porque os consideravam primos, por descenderem de Esaú, irmão de Jacó, pai dos judeus.

Descendentes de Esaú contra Jesus Cristo na Sua Vida, Paixão e Morte


Porém essa anexação religiosa forçada acabaria dando num desastre: na transição do Antigo para o Novo Testamento uma estirpe criminosa descendente de Esaú ficou ilegitimamente com a coroa do povo escolhido.

Herodes o Magno ordena a massacre dos inocentes de Belém
Herodes Arquelau ordenou a massacre dos inocentes de Belém
era edomita, descendente de Esaú, detestado pelo povo.
O principal foi Herodes o Grande (74/73 a.C. — 4 a.C.), descendente daquele que vendeu a primogenitura por um prato de lentilhas, mas de costumes judeu-romanos, rei cliente de Israel entre 37 a.C. e 4 a.C. odiado pelo povo.

Ele foi a Roma, onde galgou posições na Corte imperial até obter o ambicionado título de rei da Galileia.

Apoiado pelo poder romano se instalou num esplêndido palácio real por ele construído e que acabaria sendo usado como pretório por Pilatos e onde Jesus foi condenado a morte.

Ele foi tido como “um louco que assassinou a própria família e inúmeros rabinos” (cfr. Herodes, Wikipedia).

Herodes o Grande é conhecido por seus colossais projetos de construção em Jerusalém, em especial a reconstrução do segundo Templo, por vezes chamado de Templo de Herodes.

Herodes Arquelau, seu filho e sucessor, ordenou massacrar as crianças de menos de dois anos em Belém visando matar o Messias de que falaram os Reis Magos, e ganhou a hostilidade dos judeus como cruel e despótico.

O imperador Augusto achou que Herodes Arquelau era um incompetente, o enviou ao exílio, e nomeou Herodes Antipas, outro filho de Herodes o Grande, como soberano da Galileia (de 6 a 39 d.C.).

Ele mandou degolar a São João Batista. Nosso Senhor foi conduzido a sua presença para ser condenado. Jesus não lhe deu atenção e esse Herodes não teve coragem de fazer nada. Morreu destronado no desterro.

Seu sucessor Herodes Agripa I morreu corroído pelos vermes: “o anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado honra a Deus. E, roído de vermes, expirou”. (Atos dos Apóstolos, 12, 23). Verbete Herodes, em Wikipedia.

A dinastia herodiana se extinguiu com Herodes Agripa II, destronado pelos judeus que se rebelaram contra Roma e acabaram sendo dispersos. Jerusalém foi destruída, o Templo foi saqueado, queimado e arrasado até os fundamentos pelos romanos.

Descoberta de Edom fornecedor de armas para os inimigos de Israel


O Gênesis fala de Edom como terra próspera, mas, durante anos, os especialistas não encontraram registros arqueológicos confirmando quando e onde existiu.

Agora um estudo de uma equipe de cientistas divulgado em 18 de setembro de 2019 na revista de acesso aberto PLOS ONE descobriu que Edom realmente existiu na época e no local mencionados pela Bíblia.

Edom fornecia o cobre para as armas das guerras dos faraós
Edom fornecia o cobre para as armas das guerras dos faraós
O artigo leva o título “Tecnologia antiga e mudança pontuada: detectando o surgimento do Reino Edomita no Levante do Sul”.

Ele foi elaborado por uma equipe chefiada pelo professor Erez Ben-Yosef, da Universidade de Tel Aviv, do Projeto Central Timna Valley, e pelo Prof. Tom Levy, do Projeto de Arqueologia Regional das Terras Baixas de Edom, da Universidade da Califórnia – San Diego, nos EUA.

“Nossos resultados provam que o reino surgiu antes do que se pensava anteriormente e de acordo com a descrição bíblica”, explicou o professor Ben-Yosef.

Ben-Yosef, o professor Tom Levy e sua equipe foram ao deserto de Arava para analisar a fonte da riqueza do reino: o cobre.

Pois as herdades de Esaú eram muito práticas para a tecnologia, a metalurgia e a produção material.

Os arqueólogos determinaram que o reino dos descendentes de Esaú não só existiu no momento em que a Bíblia descreve, mas também que era um reino poderoso e tecnologicamente avançado, disse Ben-Yosef à CBN News.

“Isto apoia a noção de um reino forte, responsável por realizar uma indústria de larga escala na produção de cobre”, disse Ben-Yosef.

O mais importante foi o complexo mineiro de Tamina – ao sul de Israel, local das lendárias minas do rei Salomão –, e de Faynan, ao norte do anterior, no vale do Arava, na Jordânia.

Reino de Edom por volta de 830 a.C.
Reino de Edom por volta de 830 a.C.
O cobre era um material apreciado, usado nos tempos antigos para armas, escudos de defesa, ferramentas agrícolas e muito mais. “Se você quisesse ser forte, precisava ter cobre”, disse Ben-Yosef.

A mais famosa das antigas minas de cobre edomita, Tamina, leva o nome de uma concubina de um filho de Esaú, mencionada no Gênesis (36, 12).

Os egípcios vizinhos confiavam na mina de Tamina, pois era sua fonte mais próxima de cobre de que precisavam para sua expansão.

cobre era usado para forjar ferramentas, decorações e armas, e constituía uma mercadoria importante no mundo antigo, informou “The Times of Israel”.

A equipe também encontrou evidências ligando Edom a outro grande evento bíblico: a invasão da Terra Santa pelo por “Sesac, rei do Egito” que “por causa dos pecados de Jerusalém contra o Senhor” (II Crônicas, 12,2) invadiu Jerusalém no século X a.C.

O faraó “levou os tesouros do Templo do Senhor e os do palácio real, sem nada deixar. Levou especialmente os escudos de ouro que Salomão tinha fabricado” (id. 12, 9).

O Egito, país idólatra inimigo de Israel, dependia dos Esaús para o cobre que sua indústria, sobretudo a bélica, importava. E a progênie de Esaú lhe fornecia em quantidades tais, que foram necessárias inovações tecnológicas em toda a região.

Os filhos de Esaú importaram o camelo egípcio à região para auxiliar no transporte dos produtos, logo após a chegada do faraó Sesac.

Nossas novas descobertas são consistentes com a história bíblica de que havia um reino edomita aqui”, concluiu Ben-Yosef.

“A fundição de cobre era essencialmente a alta tecnologia dos tempos antigos”, explicou Ben-Yosef ao “The Jerusalem Post”.

“Antes de construir sua capital no planalto, os edomitas eram um reino complexo e organizado, mas ainda eram nômades”, disse Ben-Yosef.

Escavações em andamento no vale de Tamina, Israel (E. Ben-Yosef & Central Timna Valley Project)
Escavações em andamento no vale de Tamina, Israel
(E. Ben-Yosef & Central Timna Valley Project)
“Eles moravam em tendas. Não tinham aldeias ou cidades, mas possuíam cemitérios e locais de fundição”, prosseguiu.

O saque do Templo “cinco anos após a morte do rei Salomão”, “foi muito traumático para Jerusalém”, disse Ben-Yosef.

“Sesac, rei do Egito, atacou, pois, Jerusalém. Levou os tesouros do Templo do Senhor e os do palácio real, sem nada deixar. Levou especialmente os escudos de ouro que Salomão tinha fabricado”, (II Crônicas, 12, 9)

Ele apontou uma documentação dessa invasão proveniente dos próprios egípcios.

Um relevo no Portal Bubastita, descoberto em Karnak, descreve essa conquista, disse ele.

Os descendentes de Esaú controlavam uma rede de cobre, exportando para a Grécia e também provavelmente para Damasco.

“Encontramos tecidos simples e elaboradamente decorados, usados pelos artesãos altamente qualificados e respeitados que gerenciavam os fornos de cobre”, afirmou Ben-Yosef na publicação dos têxteis em 2016.

Ben-Yosef explicou que as novas descobertas sugerem fortemente que a Bíblia estava certa, mesmo quando as evidências arqueológicas originais não pareciam somar.

“Nossas novas descobertas são consistentes com a história bíblica de que havia um reino edomita aqui”, concluiu.

Pesquisadores da Bíblia encontram inscrições hebraicas ’em local onde Deus chamou Moisés’

A Fundação de Pesquisa Doubting Thomas (DTRF, na sigla em inglês) revelou imagens do que se acredita serem inscrições em hebraico antigo em Jabal al-Lawz, na Arábia Saudita. O local, conhecido como “montanha das amêndoas”, com dois mil e quinhentos metros de altura, se encontra no nordeste do país árabe, próximo à sua fronteira com a Jordânia.
De acordo com a Bíblia, Moisés conduziu os judeus para o Monte Sinai, que estava envolto em fogo, fumaça e trovões.
Os especialistas da fundação afirmam que Jabal al-Lawz é, de fato, a montanha descrita na Bíblia. A teoria é apresentada em vídeo no Youtube, que já recebeu mais de 2 milhões de visualizações.
Descobrindo a montanha de Moisés: O verdadeiro Monte Sinai na Arábia Saudita
Além disso, no site da DTRF foi divulgada uma série de fotos que se acredita serem em hebraico antigo.
Na área foi encontrada o que seria uma das mais antigas representações de um Menorah (candelabro). O doutor Sung Hak Kim, autoridade em física na Arábia Saudita, alega ter encontrado o desenho deste antigo símbolo do judaísmo, com o formato de sete velas, que teria sido feito durante o Êxodo [do povo hebreu].
As imagens parecem moslíngua antigatrar um grande número de inscrições e desenhos em rochas em torno da possível localização do Monte Sinai. Acredita-se que a presença dessas inscrições prova que havia falantes de hebraico na região nesses tempos remotos.
O doutor Miles Jones, especialista em línguas arcaicas, examinou as fotografias e disse que podem ser “hebraico antigo”, segundo os pesquisadores da DTRF. Os cientistas também alegam que as inscrições datam de um período próximo da época em que o Êxodo teria ocorrido.
Além das inscrições em hebraico, parece igualmente haver pegadas gravadas em algumas das pedras ao redor. De acordo com a Bíblia, Deus teria dito aos judeus: “Todos os lugares tocados pelos seus pés serão seus”.
Todos estes vestígios levam os pesquisadores a sugerir que estas pegadas podem ter sido uma marca deixada pelos hebreus durante o Êxodo.
A Fundação de Pesquisa Doubting Thomas aponta outras evidências que comprovariam a teoria. Em Jabal al-Lawz haveria cavernas com gravuras rupestres representando a história do “bezerro de ouro”, mencionada na Bíblia.
As autoridades sauditas levantaram cercas em torno da montanha, marcando o local como um sítio arqueológico, mas outros especialistas sauditas desmentem as afirmações de que Jabal al-Lawz seja o Monte Sinai.
Os pesquisadores da DTRF lançaram o projeto “The Sinai in Arabia” para solicitar ao Governo saudita que preserve o local para futuras investigações.
Fonte: Sputnik.

Cientistas restauram pergaminho que teria escrituras do livro de Levítico

Fragmentos carbonizados foram preservados pela Autoridade de Antiguidades de Israel

Um antigo pergaminho bíblico, carbonizado em um incêndio que destruiu uma comunidade judaica no ano 600 DC (depois de Cristo), poderá ser lido virtualmente depois de uma restauração feita por computação gráfica.
O rolo foi um dos vários pedaços de pele de animal que haviam sido carbonizados e que foram encontrados há quase 50 anos na arca de uma sinagoga em En-Gedi, às margens do Mar Morto.
Ele acabou por ser o primeiro exemplo do Livro de Levítico já descoberto, datado de cerca de 400 AC (antes de Cristo). Os fragmentos carbonizados foram preservados pela Autoridade de Antiguidades de Israel, mas pensava-se que eles eram ilegíveis.
"A estrutura principal de cada fragmento, que estava completamente queimado e esmagado, tinha se transformado em pedaços de carvão que continuaram a se desintegrar cada vez que eles eram tocados", relata a revista Science. "Sem um protocolo de restauração e conservação viável, a intervenção física era impensável".
O pergaminho de En-Gedi foi arquivado até que um trabalho pioneiro de Brent Seales e seus colegas do departamento de Ciência da Computação da Universidade de Kentucky (EUA), em colaboração com o projeto do Mar Morto em Jerusalém, veio com uma forma digital para desembrulhar e ler o livro, utilizando as mais recentes técnicas de visualização em Ciência da Computação.
“A restauração do rolo representa um salto significativo no domínio da recuperação, conservação e análise do manuscrito”, escreveu Seales na revista Science.
Usando um recurso de algorítmico, envolvendo fusão e juntando imagens 2D e 3D, os cientistas restauraram e revelaram o texto em cinco envoltórios completos da pele do animal. O objeto será exposto apenas virtualmente, mas nunca será fisicamente, para inspeção.
Isto permitiu uma crítica textual mais completa do rolo, pela primeira vez na era moderna, revelando duas colunas distintas de escrita hebraica, com linhas legíveis e contáveis, letras e palavras.
Seales escreveu: "Estas imagens revelam que o rolo de En-Gedi é o livro de Levítico, o que o torna o mais antigo exemplar de um livro do Pentateuco já encontrado em uma Arca Sagrada e uma descoberta significativa na arqueologia bíblica”.
O sucesso do projeto deveu-se a colaboração entre cientistas, engenheiros e académicos textuais.
Um vídeo (em inglês) detalha o processo de restauração. Confira abaixo: