Duas inscrições encontradas em um antigo altar insculpido revelam novas informações sobre a rebelião contra o Reino de Israel, descrita na Bíblia.
Um altar de pedra cilíndrico de 2.800 anos de idade foi descoberto em um santuário na antiga cidade de Ataroth, na Jordânia, e possui duas inscrições referentes a uma guerra bíblica. Encontrado dentro de um santuário Moabita, durante escavações em 2010, o artefato possui inscrições em um idioma Moabita antigo, enquanto os numerais estão em um sistema de escrita egípcio conhecido como Hierático.
Os moabitas foram um povo nômade que se estabeleceu a leste do Mar Morto por volta do século XIII a.C., na região que mais tarde seria chamada de Moabe. Eram aparentados com os hebreus, com os quais tiveram vários conflitos. Foram combatidos e subjugados por Davi, rei de Israel.
ANÁLISE DAS INSCRIÇÕES DO ALTAR
O altar foi datado de 2.800 anos, colocando-o no tempo em que Mesha era o rei de Moabe, condizendo com o que está escrito no artefato. Outra inscrição conta que ele se rebelou contra o reino de Israel, conquistando Ataroth e dividindo o território em um reino no norte (Israel) e um novo reino no sul (Judá), condizendo com a história contada na bíblia hebraica.
Um relatório da Live Science discute um trecho na Bíblia Hebraica mencionando a rebelião dizendo que antes de Mesha se rebelar, Moabe fazia a Israel uma homenagem anual doando “milhares de cordeiros e uma grande quantidade de lã de carneiro”. A chamada “Estela de Mesha” foi discutida em um artigo anterior da Live Science, que detalha sua descoberta em 1868 em Dhiban, na Jordânia.
TRAÇOS DE ANTIGOS ESCRIBAS HABILIDOSOS
O principal autor do trabalho de pesquisa, Adam Bean, estudante de doutorado no Departamento de Estudos do Oriente Próximo da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, descreveu o santuário como muito bem decorado para a época: “incenso, madeiras e óleos aromáticos seriam queimados no altar” disse Adam.
“Costumamos falar sobre a sofisticação da educação dos escribas deste período, e com razão, mas as inscrições no altar mostram que o Moabe tinha alguns escritores muito talentosos”, disse Christopher Rollston, que também estudou o artefato.
Os pesquisadores também afirmaram que uma das duas inscrições do altar descreve “bronze saqueado após a captura de Ataroth” e que a segunda inscrição no altar está bastante fragmentada e, portanto, muito difícil de se interpretar. No entanto, parece mencionar “a cidade desolada” (captura de Ataroth) e que 4.000 homens estrangeiros foram “espalhados” pela cidade, ou seja, dominaram-na.
Em entrevista à Live Science, o coautor do estudo, Christopher Rollston, professor de línguas e literaturas semíticas do noroeste da Universidade George Washington, em Washington, DC, afirma que a principal descoberta nesta nova pesquisa é que o altar inscrito confirma que há 2.800 anos de fato os maoabitas tomaram conta de Ataroth.
Além disso, os arqueólogos agora sabem que os moabitas empregavam ‘escribas habilidosos’ que usavam seu próprio “script” e as inscrições no altar são as evidências mais antigas que temos até agora de uma história Moabita, disse Rollston à Live Science. Ele observou que a inscrição descoberta em 1868 usava o estilo hebraico para se escrever a língua moabita.
EXPLORANDO ATAROTH
Hoje, Ataroth é chamada Khirbat Ataruz e todas as escavações no local são lideradas por Chang-Ho Ji, arqueólogo da Universidade La Sierra, em Riverside, Califórnia. O site do projeto diz que o estudo visa descobrir, preservar e proteger os recursos históricos e culturais de Khirbat Ataruz, e que o local antigo abriga “um dos mais magníficos templos da Idade do Ferro na região do Levante, no Oriente Médio, datada de cerca de 3.000 anos ”.
Um artigo de 2013 do Sydney Morning Herald diz que arqueólogos da Jordânia e dos EUA descobriram este templo da Idade do Ferro de três andares com 3000 anos, que possui um santuário com várias câmaras e um pátio aberto, em Khirbat Ataruz, e “é o maior e mais completo em a toda região ”, afirma o comunicado. Esta escavação desenterrou mais de 300 artefatos Moabitas, incluindo uma estatueta do deus animal de quatro patas Hadad.
Ataroth foi reassentada no período médio islâmico (1000-1400 d.C) e, embora existam várias construções associadas a esse período, a pedras usadas na construção do complexo foram saqueadas mais tarde pelos islâmicos mais “recentes”. Os cientistas descobriram que o roubo de pedras era particularmente extenso na área ao norte da acrópole, mas, independentemente disso, Ataroth era uma vila populosa e próspera durante o período islâmico do meio.