Em memória de George Stinney Jr, vítima de racismo cruel

Em 16 de junho de 1944 , George Junius Stinney Jr , um adolescente afro-americano, foi condenado erroneamente a pena de morte por um tribunal racista e discriminatório, em Alcolu, Carolina do Sul. Aos 14 anos de idade, George foi a pessoa mais jovem a enfrentar a execução nos Estados Unidos.
O menino morava com o pai, George Stinney Sr., sua mãe Aime, os irmãos John, de 17 anos, e Charles, de 12 anos, além das irmãs Katherine, de 10 anos, e Aime, de 7 anos. O pai trabalhava numa serraria e a família vivia em uma casa fornecida pelo dono da serraria. Alcolu era uma cidade pequena de classe trabalhadora, onde, na área residencial, a comunidade negra vivia separada dos brancos.
Em 23 de março de 1944, duas meninas, Betty June Binnicker, de 11 anos, e Maria Emma Thames, de 8 anos, andavam de bicicleta à procura de flores. Ao passarem pela casa da família Stinney, elas perguntaram ao jovem George Stinney e à sua irmã, Katherine, se eles sabiam onde encontrar “flores-da-paixão”. Mais tarde, quando as meninas não retornaram para casa, grupos de busca foram organizados, com centenas de voluntários. Os corpos das meninas foram encontrados na manhã seguinte em uma vala cheia de água lamacenta. Ambas tinham sofrido ferimentos graves na cabeça.
George foi preso algumas horas depois e foi interrogado por vários oficiais em uma sala trancada com nenhuma testemunha além dos agentes. Após uma hora, foi anunciado que George havia confessado o crime. O garoto pesava apenas 40kg e, mais tarde, verificou-se que a tal barra de ferro usada no crime pesava mais de 9,7 kg. Impossível ser manuseada por um menino tão franzino.
Os ferimentos nos corpos mostravam que quem matou as meninas tinha usado muita força, causando traumatismo craniano em ambas. Os policiais presentes na suposta confissão de George apresentaram informações conflitantes e não tinham qualquer evidência física que corroborasse com as histórias.
George nunca mais viu seus pais, o pai dele foi demitido de seu emprego na serraria local e sua família teve que se mudar, temendo por represálias.
O julgamento ocorreu em 24 de abril no tribunal do condado de Clarendon. Após a seleção do júri, o julgamento começou às 12h30 e terminou às 17:30. Depois de apenas dez minutos de deliberação, o júri, que foi, composto inteiramente de homens brancos, emitiu o veredito de culpado e a sentença: morte na cadeira elétrica.
O advogado de Stinney, Charles Plowden, apontado pelo estado, não tentou fazer qualquer contra-argumento e nem ao menos convocou testemunhas. Além disso, o advogado também não não recorreu da sentença. Sob as leis da Carolina do Sul, todas as pessoas com idade superior a 14 anos eram e ainda são tratados como um adulto.
Em 16 de junho de 1944, George Stinney finalmente foi executado no complexo correcional de Colúmbia (Carolina do Sul). Às 19:30, George caminhou até a cadeira elétrica com a Bíblia debaixo do braço. O garoto, baixinho e muito magro, era pequeno demais para sua cadeira. Mesmo assim, os equipamentos da execução foram colocados nele e então 2,400 volts de eletricidade foram liberados pelo seu corpo.
Segundo testemunhas, a máscara que encobria seu rosto caiu durante a execução, revelando sua face. George chorava enquanto sentia a enorme dor, salivando incontrolavelmente. Foram necessárias três descargas de eletricidade para mata-lo. Ele foi declarado oficialmente morto quatro minutos após o início de sua execução.
Somente em 17 de dezembro de 2014, 70 anos depois de sua execução, que a justiça reconsiderou o caso por meio da juíza Carmen Mullins. A condenação foi anulada e George Stinney foi inocentado formalmente do crime.

Nenhum comentário:

Postar um comentário