Santuário da deusa Ártemis é descoberto na Grécia


Na perspectiva da história e da influência da cultura da Grécia antiga sobre o resto da humanidade, um século não quer dizer muito. Foi esse, porém, o tempo que arqueólogos levaram para encontrar o templo de Ártemis, a deusa da caça, na ilha grega de Eubeia.

Uma equipe formada por arqueólogos suíços e gregos enfim pôde encerrar os esforços que começaram no início do século 20.

Baseados em uma obra do filósofo Estrabão, que no século 1 a.C. afirmou que o templo estava localizado a uma distância de “sete estádios” da cidade de Erétria, calculando o valor de cada “estádio” como 185 metros, a procura por vestígios do templo começou. Na década de 1970, porém, compreendeu-se que a distância era na verdade de 60 “estádios”, ou cerca de 11 quilômetros.




Estátua da deusa Ártemis

As primeiras descobertas, que indicavam que o templo estaria por perto, aconteceram nos anos 1990. Em 2007 novas descobertas foram feitas, e dez anos depois, enfim, os pesquisadores encontraram provas definitivas de que ali era o santuário de Ártemis, através de inscrições.


Exemplo de inscrição encontrada no local



O local era, na Grécia antiga, o ponto final de uma procissão anual em homenagem à deusa, que partia da cidade de Erétria. Esse não é, porém, o único ponto de devoção à Ártemis conhecido: um templo em Éfeso, na Turquia, é considerado uma das sete maravilhas do mundo, e foi o maior templo do mundo antigo.










Manuscritos do Mar Morto foram descobertos há 70 anos e ainda guardam muitos mistérios


Quem foram os responsáveis pelos textos religiosos e do cotidiano? Especialistas falam sobre esse grande achado arqueológico do século XX
Em 1947, dois beduínos árabes que estavam percorrendo a região montanhosa e árida de Hirbet Qumran, no deserto da Judeia, a 12 km ao sul de Jericó, em Israel, entraram numa das várias cavernas do lugar e ali se depararam com vasos longos e cilíndricos, que continham manuscritos muito antigos, alguns em péssimo estado de conservação. Um desses documentos – após identificação posterior – era uma cópia do livro bíblico de Isaías, que teria sido produzido entre os anos de 125 e 100 antes de Cristo.

O achado dos beduínos representou uma das maiores conquistas arqueológicas do século XX. Atraídos pela descoberta inicial, pesquisadores vasculharam a área, localizada na região noroeste do Mar Morto e, ao longo de nove anos, entre 1947 e 1956, trouxeram à luz 930 manuscritos que estavam guardados em 11 cavernas de Qumran. Desse total, 210 reproduzem livros da Bíblia hebraica – que os cristãos chamam de Antigo Testamento –, principalmente os evangelhos de Salmos (36 cópias), Deuteronômio (32) e Gênesis (23). Entre os manuscritos não bíblicos estavam o Manual de Disciplina ou Regra da Comunidade, que descreve as práticas e rituais da seita que produziu os manuscritos; os Hinos de Ações de Graças e o Documento de Damasco; e outro texto que retrata o cotidiano da seita. Escritos em sua maior parte em hebraico (também em aramaico e em grego), os documentos foram datados entre 250 a.C. e 68 depois de Cristo.

Setenta anos depois da façanha involuntária dos dois beduínos, pesquisadores de várias partes do mundo ainda discutem o significado da descoberta do que ficou conhecido como os Manuscritos do Mar Morto. No Brasil, o debate foi enriquecido com o lançamento, em setembro deste ano, do livro Manuscritos do Mar Morto – 70 Anos da Descoberta, organizado por Fernando Mattiolli Vieira e publicado pela editora Humanitas, ligada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Essênios?

Ainda hoje existem divergências em relação à identidade da comunidade de Qumran, informa o pesquisador Edson de Faria Francisco, da Universidade Metodista de São Paulo, autor de um dos artigos do livro. Para uma parcela considerável dos pesquisadores, esse grupo poderia ser identificado com os essênios, um dos vários ramos do judaísmo que floresceram entre o século II antes de Cristo e os primeiros anos da era cristã – entre eles, os fariseus, os saduceus e os zelotes. Escritores antigos como Fílon de Alexandria, Flávio Josefo e Plínio, o Velho citam esse grupo, mas não há consenso entre os especialistas sobre as informações fornecidas por eles, de acordo com Edson Francisco. "A identificação da comunidade de Qumran com os essênios continua em aberto até o presente momento", comenta o pesquisador.

Os beduínos acharam os manuscritos dentro de vasos, em cavernas das colinas de Hirbet Qumran, no deserto da Judeia, a 12 km ao sul de Jericó, em Israel (foto: Wikimedia/Lux Moundi/Reprodução)
Mas, as incertezas não se limitam apenas à identidade do grupo responsável pela criação dos manuscritos. Em seu artigo, Dennis Mizzi, da Universidade de Malta, cita várias outras questões que ainda constituem enigmas. "Setenta anos depois, o trabalho mal começou", escreve o pesquisador maltês. Por exemplo, há dúvidas sobre a cronologia e o uso dos edifícios construídos a partir do século XVIII antes de Cristo no topo do platô que dá vista para a costa noroeste do Mar Morto – que, em princípio, não foram associados aos manuscritos –, hoje em ruínas. Existem teorias que consideram Qumran não apenas um mero assentamento sectário essênio, mas um espaço de culto ou um centro de purificação ritual ou até mesmo um centro de produção de pergaminhos para a composição de manuscritos.

O tamanho da população que viveu nas colinas de Qumran também é motivo de disputa. Dependendo da teoria adotada, o lugar pode ter abrigado entre 10 e 100 pessoas. Há dúvidas se essas pessoas viviam no assentamento ou nas cavernas. Mizzi elenca ainda outros mistérios: "Quando os manuscritos chegaram em Qumram? Quem os levou para lá? Por que foram depositados em cavernas e quando exatamente? Qumran era uma 'biblioteca'? Todos os manuscritos foram usados no assentamento? Alguns vieram de outros 'assentamentos sectários' relacionados? Essas são algumas das questões não resolvidas, e o trabalho futuro da arqueologia dos manuscritos poderá clarear alguns deles", diz o estudioso da Universidade de Malta.

Para Dennis Mizzi, as investigações sobre os Manuscritos do Mar Morto deveriam estar mais integradas com a pesquisa em antiguidade clássica, e não ficar restritas aos campos do judaísmo antigo e dos estudos bíblicos, como ocorre atualmente. "Qumran era, essencialmente, parte do mundo mediterrâneo. Nesse sentido, é também um sítio clássico e, por isso, sua interpretação deveria ser contextualizada por tal base", diz o pesqusiador no livro publicado pela USP.

Arqueólogos encontram templo construído pelo faraó Ramsés II


O templo fica na região de Abu Sir, próximo à cidade do Cairo, capital do Egito
No início de outubro deste ano, uma equipe formada por arqueólogos egípcios e checos descobriu os restos de um templo pertencente ao faraó Ramsés II, que pertenceu à 19ª dinastia (1295-1186 a.C.). O achado arqueológico está situado na região de Abu Sir, ao sul das famosas pirâmides de Gizé, próximo à cidade do Cairo. A descoberta foi divulgada pelo Ministério das Antiguidades do Egito.

Segundo Mustafa Waziri, secretário-geral do ministério, em declaração à imprensa, os restos do templo ocupam uma área de 32 m x 51 m. No local, os cientistas encontraram a fachada de um recinto feito de tijolos de barro e um pátio externo que se comunica com uma sala cheia de colunas, cujas paredes foram pintadas de azul. Ainda neste ambiente, foram achados restos de degraus e uma câmara sagrada dividida em outras três salas paralelas, com paredes enfeitadas por cenas pintadas à mão – as pinturas ajudarão a determinar a idade exata do templo. As informações são da agência espanhola de notícias EFE.

Em 2012, uma expedição de arqueólogos já havia encontrado evidências da existência de um templo em Abu Sir, onde se encontra a grande necrópole da antiga cidade de Memphis, a sudoeste da atual capital egípcia.

Os cientistas acreditam que a descoberta do templo confirma que a devoção ao deus egípcio do Sol, Rá, que começou na 5ª dinastia, entre 2.479 e 2.322 a.C., durou até o chamado Novo Reinado (1.550 a 1.070 a.C.).

Vale lembrar que Ramsés II reinou entre os anos de 1.279 e 1.213 a.C. Acredita-se que ele chegou ao posto de faraó com vinte e poucos anos e foi o segundo governante a ficar mais tempo no poder, em toda a história do Egito Antigo.

(com Agência Télam)

Cientistas encontram cópia mais antiga do Evangelho em uma múmia egípcia

a máscara continha fragmentos de um papiro antigo (Foto: divulgação)
Um grupo de cientistas encontrou a cópia mais antiga do Evangelho em um papiro reutilizado para construir a máscara de uma múmia egípcia, revelou à Agência Efe Craig Evans, doutor em Estudos Bíblicos e um dos responsáveis pela descoberta.
Trata-se de um fragmento do Evangelho de São Marcos, localizado há três anos e que, agora, especialistas consideram como o primeiro manuscrito do Novo Testamento da Bíblia de que se tem conhecimento.
Os cientistas acham que a origem do papiro remonta ao primeiro século de nossa era, entre o ano 80 e 90 d.C., o que representa uma grande novidade. Até então, as cópias mais antigas datavam do século II depois de Cristo.
Os especialistas acreditam que alguém escreveu o fragmento de texto no papiro e, depois, outras pessoas reciclaram o material, muito caro na época, para elaborar a máscara funerária.
As máscaras de papel eram utilizadas pelas pessoas pobres do Egito, não tendo relação com as feitas em ouro e joias para cobrir os rostos dos grandes faraós, explicou Evans.
Acredita-se que São Marcos escreveu seu evangelho em Roma, acompanhado de São Pedro. Mas como a cópia viajou da atual capital italiana ao Egito? O caminho não é assim tão longo, garante o pesquisador.
"No Império Romano, o correio tinha a mesma velocidade de hoje em dia. Uma carta escrita em Roma pode ser lida no Egito semanas depois. Marcos escreveu seu evangelho no final dos anos 60 d.C, portanto, era possível encontrar uma cópia no Egito 20 anos depois", defende.
Para determinar a data dos papiros, os cientistas usaram uma técnica que permite descolar o papel das máscaras sem danificar a tinta. Dessa forma, os textos podem ser lidos com a mesma clareza.
Esse evangelho é uma das centenas de documentos que estão sendo analisados pela equipe de Evans, composta por mais de 30 especialistas.
"Estamos recuperando antigos documentos do primeiro, do segundo e do terceiro século depois de Cristo. Não só documentos bíblicos, mas também textos gregos clássicos ou cartas pessoais", explicou Evans, que revelou que alguns deles pertencem do poeta grego Homero, autor de grandes obras clássicas como "Ilíada" e "Odisseia".
No caso do fragmento do evangelho de São Marcos, foram analisadas também o design do projeto e as decorações da máscara, assim como o estilo da escrita e a datação do material, através do uso do isótopo carbono-14.
No final do ano, as descobertas serão divulgadas em uma revista especializada. Só então o público conhecerá qual o trecho do evangelho de São Marcos escondido nos papiros da máscara egípcia.

Arqueologia pode provar passagem bíblica sobre a vinha de Nabote


A arqueóloga Norma Franklin, uma das líderes da Expedição Jezreel (Jizreel), afirmou que o Vale de Jezreel, que é contado na Bíblia como uma região notória de produção dos vinhos, realmente se destacava.

O vale era alvo de uma armação da rainha Jezabel e é citado em I Reis capítulo 21, que aborda a história da vinha de Nabote. O caso foi divulgado pelo portal Breaking News Israel.

De acordo com o portal, a pesquisadora analisou dados do local e também utilizou tecnologia que a auxiliou a encontrar vestígios de prensas de vinhos e azeitonas, além de mais de 100 poços em forma de garrafa.

Norma não compartilha da fé cristã, embora afirme que os textos bíblicos são úteis em sua pesquisa. No entanto, a arqueóloga também alerta que seus trabalhos possuem limitações.

“Como arqueóloga, não posso dizer que definitivamente havia um homem específico chamado Nabote que tivesse uma vinha particular. A história é muito antiga, mas do que eu encontrei, posso dizer que a história descrita na Bíblia provavelmente tenha ocorrido aqui no Vale de Jezreel”, disse.

Professor usa Bíblia em educação carcerária e ganha prêmio

Um professor de história mineiro foi premiado pela Fundação Victor Civita como um dos 10 melhores projetos em educação do país. Di Gianne de Oliveira Nunes, agora, irá para a concorrência final cujo prêmio é o título de Educador do Ano.

Tudo se deu quando passou a desenvolver um projeto de Educação de Jovens e Adultos e Ensino Médio (EJA) da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac), localizada em Lagoa da Prata, região Centro-Oeste de Minas Gerais.

O projeto se deu em utilizar Bíblia, entre outros recursos, com o intuito educacional de ensinar História aos seus estudantes. Di Gianne conseguiu se destacar entre os mais de 5 mil projetos inscritos.

Regime fechado, visão aberta foi o nome escolhido para a ação educacional que, segundo o professor, pretendia criar novas metodologias para chamar a atenção de seus estudantes – entre eles a Bíblia, um dos livros mais comumente lidos no país.

“Na unidade prisional, quando eu estava dando aula sobre império romano, um aluno me questionou se existia a possibilidade de estudar por meio da Bíblia. Foi então que percebi que a grande quantidade de Bíblias disponíveis dentro da escola do presídio. Agora, vou utilizar o livro mais comum do sistema prisional a nosso favor”, afirmou, em entrevista dada ao Correio Braziliense.

Ele avalia o cenário bíblico como “histórico e fértil”. “Mergulhamos em um trabalho intenso para estudar, analisando as tradições, as culturas e as sociedades dos romanos e dos gregos”, contou.

“Como no presídio os alunos não têm acesso à internet, usamos a Bíblia e os livros de história. Ora líamos um, ora outro e, depois, discutíamos se o fato era comprovado pela arqueologia. Eles ficavam ansiosos para as aulas”, destacou o professor.

Di Gianne afirma que o rendimento escolar melhorou. “A mãe de aluno me ligou e disse, chorando: ‘Meu filho só tinha saído no jornal em páginas policial e, agora, todo mundo voltou a acreditar nele. De repente, ele era vencedor num projeto educacional em nível nacional”, relembrou.

O professor ganhou 15 mil reais como premiação. O valor, no entanto, foi dividido entre os estudantes. “Nada mais justo. Eles são os protagonistas”, comentou sua decisão de compartilhar.