Joias e adornos: o que a Bíblia diz sobre seu uso?


Existem passagens que algumas pessoas interpretam como restrições ao uso de joias:

  1. Gênesis 35:2-5: Jacó pede que sua família se desfaça de ídolos e adornos, mas a ênfase é mais sobre a purificação espiritual do que sobre a condenação do uso de joias em si.
  2. Isaías 3:18-24: O texto fala sobre a remoção de ornamentos em um contexto de juízo, mas isso é mais sobre a consequência da apostasia do que uma proibição geral.
  3. 1 Timóteo 2:9-11 e 1 Pedro 3:3-5: Ambas as passagens enfatizam a importância do adorno interior em vez do exterior, mas não necessariamente proíbem o uso de joias.

A Bíblia contém diversas referências que mostram o uso de joias de forma positiva. 

  1. Gênesis 24:47-53: Rebeca recebe joias do servo de Isaque, indicando que o uso de adornos é aceito.
  2. Êxodo 28:2: As vestes sagradas de Arão são descritas como gloriosas, incluindo adornos.
  3. Cânticos de Salomão: O uso de joias é mencionado em contextos de amor e beleza, mostrando a apreciação por adornos.
  4. Ezequiel 16:8-15: Deus usa a metáfora de adornos para expressar seu amor e cuidado pelo povo de Israel.

Essas passagens sugerem que o uso de joias não é, em si, condenado, mas pode ser associado a diferentes significados contextuais.

Conclusão

Em última análise, a Bíblia parece permitir o uso de joias, enfatizando, porém, a importância do caráter e da modéstia. A condenação do uso excessivo ou ostentoso reflete uma preocupação com a atitude do coração e a busca pela verdadeira beleza espiritual. Como o pastor Ricardo Gondim menciona, muitos se afastam da fé devido a regras rígidas sobre adornos, e isso ressalta a necessidade de uma abordagem mais equilibrada e amorosa.

Esse assunto é um excelente exemplo de como diferentes interpretações podem surgir da mesma fonte, e é sempre bom lembrar que a essência da mensagem bíblica é sobre o relacionamento com Deus e a transformação interna.


ELLEN WHITE, A MENTIRA BRANCA - CAPÍTULO 11. UMA QUESTÃO DE ÉTICA

 Evidência histórica de que os dirigentes sabiam que Ellen G. White não era inspirada, senão que sofria de problemas médicos... Apenas se esqueceram de dizer à grei!


Escreveu-se sobre Ellen G. White e seus "empréstimos" muito mais do que um pode abarcar ou digerir. Sem dúvida, se continuará escrevendo mais à medida que várias pessoas tratem de despejar suas mentes e seus corações de conceitos errôneos e dolorosos que existiram por longo tempo. Portas que permaneceram fechadas por cem anos ou mais agora estão sendo abertas dolorosamente por uma geração diferente. Pode-se ter a esperança de que um número suficiente de pés tenha sido postos firmemente no umbral para impedir que a porta se fechasse com estrépito e hermeticamente outra vez. Parece que a oposição contra alguns dos que escreveram antes da década de 1970 para protestar pelo que estava ocorrendo teve tanto sucesso que a uma geração ou duas de Adventistas se lhes ensinaram falácias.' Virá material adicional à medida que o exijam os tempos e à medida que os eruditos continuem descobrindo o que jaz sob a superfície. Muito se disse durante muitos anos a respeito da reserva do White Estate e a respeito de suas políticas extremamente rigorosas, ainda para amigos da igreja que procuram informação pertinente ao conhecimento da verdade A impossibilidade de ter acesso ao material fonte, sem escamoteá-lo, naturalmente aumenta a suspeita. Mas os tempos mudaram desde 1844 . Agora as únicas portas que permanecem realmente fechadas são as que conduzem às mentes dos comungantes, que em cega lealdade, continuam repetindo como papagaios a "linha do partido", fanáticos aos que não lhes importa nem a exatitdão nem a honestidade. Estas portas são as mais difíceis de abrir, porque foram fechadas pelas pessoas nas quais eles criam que tinham direito a confiar – cujas mentes, a sua vez, foram fechadas pelo temor a pensar ou a pesquisar, não vá ser que a maldição dos supervendedores caísse sobre eles. Ainda piores são os que temem que Deus, que está sendo sempre submetido a juízo sobre questões como estas, queira que os cegos guiem aos cegos através do ermo deserto. Os estudos estabeleceram certos pontos irrefutáveis. Até Robert Olson, do White Estate, admitiu isto em sua carta de 4 de setembro de 1980: Permitam-me assegurar-lhes... que estamos fazendo o melhor do que podemos para fazer o que cremos do que se deve fazer. O documento de dezenove páginas ao qual você se refere e que trata do uso de fontes não inspiradas por parte de Ellen White, foi publicado pelo jornal da União Divisional Australiana. Ademais, foi traduzido ao alemão e publicado para todos nossos ministros na Alemanha Ocidental. Uma versão algo modificada do artigo foi publicada no novo folheto da Escola Sabatina para jovens, que está circulando em Lincoln, Nebraska. Também, pusemos este artigo à disposição de nossos presidentes de conferência ao redor do mundo, e apresentamos o assunto em muitas reuniões de obreiros tanto aqui como no estrangeiro. No entanto, parece-nos que este é simplesmente um passo preliminar. O Comitê da Conferência Geral votou pedir-lhe a um dos professores da Universidade de Andrews que inicie um estudo de dois anos, no qual os escritos de Ellen White a respeito da vida de Cristo têm de ser pesquisados a fundo, especialmente a respeito da questão dos empréstimos literários.2 É possível que este seja o mesmo Robert Olson que se pôs de pé ante um auditório, em Loma Linda, faz menos de dois anos, e disse que toda esta discussão a respeito de Ellen e seus escritos não significava nada?3 Por outra parte, não se pode considerar que a afirmação de Olson signifique que há uma nova política de portas abertas no escritório do White Estate. Uma carta posterior desse mesmo ano (Outubro de 1980) revela quão fechada está ainda essa abóbada do White Estate: "O Ancião não considera estas questões como eu creio que deveria fazê-lo."4 E não foram em vão suas palavras ao grupo de casa dois anos antes, quando disse a respeito de quem tinha sido escolhido para fazer o trabalho: ... o tempo de Jim [Cox] não lhe custaria nada ao White Estate, e creio que podemos permanecer perto dele o bastante para que as conclusões às quais chegue sejam essencialmente as mesmas às quais chegaríamos se nós mesmos tivéssemos feito o trabalho. Poderíamos pedir-lhe a Jim que prepare um relatório para um comitê cada duas ou três semanas.5 Mas a imprensa é mais forte do que a espada. A espada de Olson se tem embotado no combate com a imprensa, ainda que parte dessa imprensa é só a máquina de cópias rápidas. Pelo menos em algumas partes do mundo, os membros se estão dando conta, e pela primeira vez, da magnitude do problema do uso ilegítimo por parte de Ellen do trabalho de predecessores, e do fato de que algumas perguntas devem ser contestadas. Por todo o mundo, muitos Adventistas já não estão dispostos a aceitar as respostas não éticas que lhes deram seus supervendedores. Os problemas éticos podem resumir-se revisando a evidência de que boa parte das investigações em anos recentes revelou informação substancial a respeito da vida e dos escritos de Ellen. 1. É claro agora que os escritos de Ellen não eram originais; seus materiais foram tomados de outras fontes – a respeito de todos os temas, em todas as áreas, em todos os livros.6 2. É claro, assim mesmo, que as circunstâncias, seus sócios e os escritores religiosos dos quais extraiu material (copiando, parafraseando ou de alguma outra forma) efetivamente influíram em Ellen.7 3. A única negação que se tinha dado a conhecer de maneira geral [a das introduções às edições de 1888 e 1911 de The Great Controversy (O Grande Conflito)] em realidade não resolve o problema. Por que citaria alguém uma obra publicada por outra pessoa se não tivesse o propósito de citar a essa pessoa como autoridade? 4. Agora se aceitou que Ellen recebeu muita mais ajuda do que se lhes fez crer aos membros da Igreja Adventista, e que seus ajudantes efetivamente tinham muita liberdade para selecionar e arrumar material e para sua edição final.8 Também, além dos ajudantes editoriais, que são bastante conhecidos - Marian Davis, Clarence C. Crisler, Doures E. Robinson, Mary Steward, Fannie Bolton, Mary H. Crisler, Sarah Peck, Maggie Hare, e H. Camden Lacey - uma publicação posterior de Willie White chama o atendimento a outros menos conhecidos: "Desde 1860 em diante, alguns dos manuscritos dela destinados para serem publicados, e alguns de seus depoimentos, foram copiados por membros de sua família."9 Depois mencionou copistas como Lucinda Abbey Hall, Adelia Patten Van Horn, Anna Driscoll Loughborough, Addie Howe Cogshall, Annie Hale Royce, Emma Sturgis Prescott, Mary Clough Watson, e a Sra. J. L. Ings. Pode muito bem ter tido outros. 5. Ellen não tinha a última palavra no que se escrevia e nem sempre a tinha também no que se publicava.10 Ainda que se pudesse provar que ela estava "sempre no controle", isso não esclareceria as questões éticas. 6. Não se pode sustentar, nem em boa erudição, nem em boa consciência, que a "inspiração verbal" era o problema para os que viam e entendiam o que sucedia. Sabiam o que estava sucedendo, e não aceitavam os escritos como se fossem de Deus e dessa maneira não condenavam o que se estava fazendo.11 7. Se qualquer pessoa expressava convicções a respeito destes assuntos, quando isso ocorria, essa pessoa recebia um testemunho condenatório pessoal, ou se lhe pedia que se fosse, ou ainda pior, se lhe classificava como inimigo da igreja e a verdade.12 8. Nem todos os primeiros pais e obreiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia aceitavam ou criam que tudo o que Ellen escrevia vinha de Deus e era sempre inspirado. Para eles, a autoridade dela não era final.13 9. Ellen mesma sabia muito bem o que se estava fazendo, participou nisso desde o princípio, e estimulava a outros que trabalhavam para ela a fazer o mesmo e a não dizer nada.14 Esta última afirmação (item 9) parece constituir o maior problema ético para a Igreja Adventista do Sétimo Dia na atualidade. Robert Olson julgou que o enfoque de certa pessoa " é levar seus ouvintes a crer que Ellen White era desonesta e enganosa."15 A causa da natureza sensitiva desta acusação, é necessário ter testemunhas informadas para que testemunhem do que viram ou disseram. Nenhum dos que agora defendem a Ellen G. White e a suas ações era nascido no tempo em que ela estava ativa. Nem sequer seu neto Arthur pode ser uma testemunha aceitável. Sua avó tinha mais de oitenta anos de idade quando ele nasceu. Qualquer que fosse o trabalho que ela tivesse feito para a igreja, fê-lo sem a observação ou o conhecimento de Arthur. Certamente, Ronald D. Graybill e Robert W. Olson (ambos os dos escritórios do White Estate) não estavam presentes e, portanto, devem ser desqualificados como testemunhas confiáveis. Ademais, os três têm preconceitos e conflitos de interesse internos. Suas posições, reputações, e compensações monetárias os fazem inaceitáveis em qualquer tribunal de arbitragem como testemunhas de primeira mão ou confiáveis. A única vantagem que podem ter, que outros de nosso tempo não têm, é o acesso a material e informação que recusam divulgar. Mas havia testemunhas que viram, sim, e expressaram-se. Eles precisam ter seu dia no tribunal, ainda que só seja em forma incompleta. Quem é quem no escândalo do Plágio White: Tenho aqui o que eles pensavam a respeito da inspiração de Ellen G. White:

1. John N. Andrews Um dos fundadores da igreja; escritor estudioso; editor. Contemporâneo de Ellen White, era seu amigo e ajudante. Algumas de suas idéias e palavras eram incluídas no material impresso à medida que ela formulava sua teologia. J. N. Andrews, que estava em Battle Creek nesse tempo, estava muito interessado. Depois de uma das reuniões, disse-lhe a ela que algumas das coisas que ela tinha dito se pareciam muito a um livro que ele tinha lido. Depois lhe perguntou se tinha lido Paradise Lost (O Paraíso Perdido)... Alguns dias mais tarde, o Ancião Andrews foi à casa dela com uma cópia de Paradise Lost e se a ofereceu.16 2. Uriah Smith Editor da Review durante o tempo de Ellen White; amigo pessoal dos White; escritor cujo material encontrou o caminho para a teologia de Ellen em vários de seus livros. Parece-me que os depoimentos, virtualmente, adquiriram uma forma tal que é inútil tratar de defender as enormes afirmações que agora se fazem. 3. George B. Starr Evangelista, ministro, mestre, administrador. Acompanhou Ellen White à Austrália, e sempre defendeu seus escritos e sua reputação. Expressadas por eles "...Se todos os irmãos estivessem dispostos a pesquisar este assunto honesta e amplamente, creio que se poderia encontrar algum terreno comum consistente, sobre o qual pudessem sustentar-se todos. Mas alguns extremistas são tão dogmáticos e renitentes que suponho que qualquer esforço nesse sentido só conduziria a uma ruptura no corpo."17 Ao sair de minha habitação, passei frente à porta da habitação da Irmã White, e como a porta estava aberta, ela me viu e chamou-me a sua habitação, dizendo: "Estou em problemas, Irmão Starr, e gostaria de falar com você." Perguntei-lhe qual era a natureza de seu problema, e ela contestou: "Meus escritos, e Fannie Bolton."18 4. Fannie Bolton Ajudante editorial de Ellen White na Austrália. Com freqüência aplaudida por sua capacidade editorial e de redação. Despedida por Ellen. "Por anos, tratei de harmonizar o que me parecia uma inconsistência no trabalho com uma máxima literária mundana que requer que um autor reconheça a seus editores e dê crédito por todas as obras que cita. Ao argumentar que Ellen G. White não estava ciente a respeito deste assunto, cri que eu defendia um princípio de justiça ordinária e honestidade literária, e me considerei uma mártir por amor à verdade.18 5. Merritt G. Kellogg Amigo dos White; meio irmão de John Harvey Kellogg; provavelmente o primeiro Adventista que chegou a Califórnia e celebrou reuniões evangelísticas. Em 1894 [na Austrália], a Sra. White me disse que Marian Davis e Fanny Bolton estiveram encarregadas de escrever The Great Controversy (O Grande Conflito) e prepará-lo para ser publicado. Disse-me, ademais, que estas senhoritas eram responsáveis de certas coisas que foram incluídas nesse livro na forma em que o foram ... A Sra. White não me disse exatamente que tinha sido mau o que haviam feito as senhoritas. Suponho que a razão de que me falasse do tema era o fato de que Fanny Bolton tinha vindo ver-me... Disse-lhe só o que Fanny me tinha dito... "Agora", disse a Sra. White com algum calor, "Fanny Bolton nunca escreverá nem uma só linha mais para mim..." Desde esse dia até hoje, meus olhos permaneceram abertos. 6. John Harvey Kellogg Cirurgião, inventor, defensor da saúde escritor, conferencista, mestre, homem de negócios. Amigo pessoal dos White por longo tempo. "Não creio em sua infalibilidade, e nunca cri. Faz oito anos, disse-lhe cara a cara que algumas das coisas que me tinha escrito como depoimentos não eram verdadeiras, que não estavam em harmonia com os fatos, e que ela mesma o tinha averiguado. Tenho uma carta dela na qual explica como é que me enviou certas coisas... Sei que as pessoas vão ver a Sra. White com algum plano ou projeto que desejam levar adiante com sua aprovação, e levantam-se e dizem: "O Senhor falou." E sei que isso é fraude, aproveitar-se injustamente das mentes e consciências das pessoas... eu não simpatizo com isso, e disse-o a W. C. White faz muito tempo."21 7. Mary Clough Sobrinha; filha de Caroline, uma das irmãs de Ellen White. Ainda que ela mesma não fosse Adventista, foi durante um tempo assistente literária, agente de publicidade, e ajudante nos escritos de White. Despedida por Ellen. [George B. Starr citando a Ellen White]: "Quero contar-lhe uma visão que tive como às 2h da manhã... Apareceu sobre mim uma carruagem de ouro com cavalos de prata, e Jesus estava sentado na carruagem em sua real majestade. Eu fiquei profundamente impressionada com a glória desta visão... Depois vieram as palavras como trovões sobre as nuvens, desde a carruagem e os lábios de Jesus: "Fannie Bolton é tua adversária"!..." Tive esta mesma visão faz cerca de sete anos, quando minha sobrinha, Mary Clough, aparecia em meus escritos.22 8. George W. Amadon Serviu por cinquenta anos em várias posições na Review and Herald Publishing Association, e na Igreja Adventista do Sétimo Dia, em três cidades. Amigo dos White. "Eu sabia que grande parte dele ["How to Live"] tinha sido tomado emprestado.... [Em relação com "Sketches from the Life of Paul"] Disse que a Irmã White nunca escreve os prefácios a seus livros; sucede que eu sei que outras pessoas os escrevem; e disse que se tinha declarado formalmente no prefácio do livro que essas coisas tinham sido tomadas de outras obras, que o que se tinha copiado palavra por palavra deveria estar entre aspas, ou num tipo de letra menor, ou em pés de página, ou algo assim, como os impressores o fazem geralmente.... Ela nunca lê as provas.... A Irmã White nunca se sentava no Escritório para ler as provas corretamente... Você sabe tão bem como eu como se manejavam seus escritos nos dias do Ancião Tiago White."23 9. Arthur G. Daniels Ministro, administrador; notável como um dos dirigentes mais fortes da Igreja Adventista do Sétimo Dia; presidente da Conferência Geral desde 1901 até 1922. Amigo pessoal próximo dos White na Austrália. "Agora vocês sabem algo a respeito de esse livreto, "The Life of Paul." Conhecem a dificuldade que tivemos com isso. Nunca poderíamos alegar inspiração no pensamento inteiro e a composição do livro porque tinha sido jogado a um lado por ter sido mal armado. Não se lhes tinham dado crédito às autoridades adequadas, e um pouco disso se tinha colado em "The Great Controversy (O Grande Conflito)" – a falta de crédito... Pessoalmente, isso jamais sacudiu minha fé, mas há quem foi grandemente prejudicado por isso, e creio que é porque tinham feito demasiadas afirmações a respeito destes escritos."24 10. Benjamin L. House Professor de religião na escola superior; esteve presente na Conferência Bíblica de 1919. "Mas, parece-me que livros como "Sketches [from] the Life of Paul", "Desire of Ages", e Great Controversy (O Grande Conflito)" eram compostos de maneira diferente, ainda por suas secretárias, que os nove tomos dos Testemunhos."25 11. W. W. Prescott Um dos grandes educadores do Adventismo; erudito bíblico; editor da Review; fundador de duas escolas superiores, presidente de três. Ajudou a corrigir, e contribuiu com material para os livros de Ellen G. White. "Parece-me que uma grande responsabilidade descansa sobre aqueles de nós que sabem que há sérios erros em nossos livros autorizados e, no entanto, não fazem nenhum esforço especial para corrigi-los. O povo e a média de nossos ministros confiam em nós para que lhes proporcionemos declarações dignas de confiança, e usam nossos livros como autoridade suficiente em seus sermões, mas lhes deixamos continuar ano após ano afirmando coisas que sabemos não serem verdadeiras... Parece-me que se praticou o que equivale a um engano, ainda que provavelmente sem intenção, ao confeccionar alguns dos livros dela, e que não se fez nenhum esforço sério para desabusar as mentes das pessoas."26 12. Willard A. Colcord Ministro, editor, secretário de liberdade religiosa na Conferência Geral. "Este uso de tanto material escrito por outros nos livros da Irmã White, sem aspas nem crédito, colocou-os, a ela e a seus escritos, em muitos problemas. Um dos principais propósitos na mais recente revisão de "Great Controversy (O Grande Conflito)" foi o de corrigir questões desta classe; e uma das principais razões pelas quais "Sketches from the Life of Paul" (Esboços da Vida de Paulo) nunca se reimprimiu foi pelos sérios defeitos do livro sobre esta base.27 13. H. Camden Lacey Professor de Bíblia e idiomas bíblicos em cinco escolas superiores Adventistas; ministro. Amigo pessoal dos White. "Ellen G. White confiou a Marian Davis a preparação de "Desire of Ages" e... ela reuniu seu material de todas as fontes possíveis... Preocupou-se muito por encontrar material adequado para o primeiro capítulo (e outros capítulos também) e eu fazia o que podia para ajudar-lhe; tenho boas razões para crer que ela também apelava com freqüência ao Professor Prescott para pedir ajuda similar, e recebia-a, numa medida muito mais rica e abundante do que eu poderia explicar." 14. Associação Ministerial Healdsburg Um relatório no jornal local do povo a respeito de seu estudo comparativo de cinco livros dos quais estabeleceram que Ellen White tinha copiado; 20 de março de 1889 . O Ancião Heale quis fazer crer aos membros do Comitê que ela não é uma mulher que lê. E também lhes pediu que cressem que os fatos históricos, e até as citações, são-lhe dadas a ela em visão sem depender de fontes ordinárias de informação... A julgar pelas citações apresentadas e uma comparação das passagens indicadas, não chegaria à conclusão qualquer crítico literário de que a Sra. White, ao escrever seu livro "The Great Controversy (O Grande Conflito)", tomo IV, tinha livros abertos diante dela e que deles tomava tanto as idéias como as palavras?"29 15. Tiago White Um dos fundadores e organizadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Professor, editor, homem de negócios, publicador, ministro e administrador. Esposo de Ellen. "Todo cristão, portanto, tem o dever de considerar à Bíblia como sua perfeita regra de fé e conduta. Deveria orar ferventemente para que o Espírito Santo lhe ajude a esquadrinhar as Escrituras em procura da plena verdade, e também para compreender seu dever. Não está em liberdade de afastar-se delas para aprender qual é seu dever através de quaisquer dos "Se" condicionais. Dizemos que, no momento em que o faça, coloca os dons no lugar errôneo, e assume uma posição extremamente perigosa. A Palavra deveria estar à testa dele e os olhos da igreja deveriam estar sobre ela, e considerá-la como a regra segundo a qual andar, bem como a fonte de sabedoria, da qual aprender o dever para "toda boa obra."38 16. Ellen Gould White Copiadora e compiladora de todas as celebradas 25 milhões de palavras que se lhe têm atribuído. A nota que apareceu na Review de 24 de Junho de 1858 acerca de sua primeira tentativa séria de publicar um livro anunciava que este era "um esboço de suas visões do grande conflito entre Cristo e seus anjos, e o diabo e seus anjos."31 Algumas semanas mais tarde, o livro foi anunciado para a venda por "J. W.", e descrito como "não de origem e autoridade divinos, senão que é um esboço das visões da Sra. White." a respeito do tomo II, dois anos mais tarde, ela escreveu: Tendo apresentado meu depoimento, e distribuído vários livros que continham minhas visões, nos estados do este, do centro, e do oeste, e tendo fato muitas felizes amizades, pareceu-me que era meu dever dar a meus amigos e ao mundo um bosquejo de minha experiência cristã, minhas visões, e meus trabalhos em relação com o surgimento e o progresso da mensagem do terceiro anjo. Ao preparar as seguintes páginas, trabalhei com grande desvantagem, pois em muitos casos tive que depender da memória, sendo que não levei um diário senão até faz alguns anos. Em vários casos, enviei os manuscritos a amigos, que estavam presentes quando ocorreram as circunstâncias relatadas, para que os examinassem antes que se imprimissem. Tive grande cuidado, e passei muito tempo, tentando expressar os fatos simples tão corretamente como me fosse possível. No entanto, recebi muita ajuda, para o estabelecimento de datas, das muitas cartas que lhe escrevi ao Hno. S. Howland e família, de Topsham, Maine. Como eles cuidaram a meu Henry por espaço de cinco anos, senti que era meu dever escrever-lhes com freqüência e contar-lhes minha experiência, as provas de meu gozo, e minhas vitórias. Em muitos casos, copiei partes destas cartas. [A cursiva é minha]. Tais são os depoimentos de alguns dos que estavam ao redor da profetisa e que viram, disseram que tinham visto, e em muitos casos foram separados depois de que o disseram. Não se lhes solicitará depoimento aos que estão numa longa lista dos que a conheciam bem mas que foram rejeitados e expulsados da causa pelo que sabiam. Entre estes se contam a Crosier, March, a gente do "Movimento Iowa", "os fanáticos de Wisconsin", Dudley M. Canright, os Ballenger, Alonzo T. Jones, Louis R. Conradi, George B. Thompson, e tantos outros.32 Seu depoimento contra as "visões" e a "inspiração" de Ellen seria forte, mas não se lhes permite falar porque se foram, ou foram expulsos da igreja a causa de seu conhecimento e sua disposição a compartilhar esse conhecimento. Certamente, é verdade, como observou um presidente de conferência de união em Glacier View em 1980, que a maioria das "luzes brilhantes" do movimento foi jogada da igreja por autoridade de Ellen White.33 Poderiam acumular-se outros depoimentos de pessoas como William S. Peterson, Jonathan M. Butler, Ronald L. Numbers, e os outros eruditos Adventistas de nota dos tempos modernos que pesquisaram com diligência para descobrir a verdade e separá-la da fantasia. Suas vozes são quase sempre silenciadas pela histeria dos que não desejam ver ou não querem permitir que outros vejam. As descobertas dos Dom McAdams e os Roy Graybill poderiam dar preponderância à crescente evidência dos que vêem, mas seu material e seus esforços foram confiscados pelo White Estate, com um pretexto ou outro, em nome da religião. Só quando a liberdade religiosa possa por fim conseguir-se e a liberdade acadêmica possa por fim exercer-se dentro da igreja, poderão os membros ter a certeza de que a verdade não estará para sempre no patíbulo e o erro não estará para sempre no trono a favor do Adventismo. Isto não quer dizer que todas as pessoas cujos nomes foram mencionados na lista, mais outras que não foram incluídas, crêem que Ellen foi uma fraude ou que tratava de enganar, deliberada e conscientemente, cada vez que escrevia. Quer dizer, no entanto, que a natureza humana e o método humano de sua obra estiveram sob escrutínio desde o começo, e que pessoas honestas com perguntas honestas com freqüência não receberam respostas honestas. Os que aceitam com sensatez o fato de que Ellen G. White usava as obras alheias sem dar crédito, reconhecem em seguida a presença de um problema ético. Os que a escusam por ter usado obras alheias sem dar crédito têm explicações diferentes mas interessantes quanto ao problema ético. Só negações de plano vieram daqueles que não vêem nenhum problema ético pelo qual preocupar-se, como se o "2,6%" do estudo de Cottrell (que era só de alcance limitado quanto à obra total de Ellen se refere) fosse suficiente desculpa. Há que fazer uma tentativa de separar, se é possível, cada atitude e cada defesa, e pôr essa defesa ao lado de algum padrão de medida de moralidade ou conduta ética para ver se Ellen e seus ajudantes dão a talha. 1. Jack W. Provonsha, professor de ética na Universidade de Loma Linda, parece estar falando, num de seus trabalhos, para os que não vêem, ou não desejam ver, que Ellen copiou algo (ou crêem que, se o fez, a cópia foi tão mínima que quase não era questionável ou não o era em absoluto): A questão da suposta dependência literária de Ellen White já foi exposta em nossa mesa coletiva bastante bem. A maioria dos Adventistas informados agora é consciente até certo ponto do uso extenso que ela fez de citações, paralelos, e paráfrases, bem como da similitude estrutural, formal, e general entre seus livros e aqueles com os que se sabe que ela e seus ajudantes editoriais estavam familiarizados... Os poucos que souberam do extenso do material que ela copiou aparentemente têm estado renuentes a compartilhar essa informação com os membros comuns da igreja, supostamente porque estavam preocupados de que essa informação debilitasse a posição de autoridade de Ellen White na igreja. Esta relutância continua expressando-se como uma tentativa de minimizar a extensão da dependência. Este esforço é compreensível, mas fora de lugar, e pode ser contraproducente ao final. Se a questão em discussão tivesse sido manejada com honestidade desde o princípio, agora nos teríamos poupado o que é e continuará sendo uma dolorosa experiência para muitos sinceros membros de igreja.34 Mas sempre haverá quem não deseje ver e trate de convencer a outros de que também não deveriam ver. Aos desta classe, há que lhes aplicar as palavras atribuídas a um sábio árabe: "O que não sabe e não sabe que não sabe, é um tonto. Evita-o." 2. Os que vêem, mas não podem persuadir-se de que Deus permitisse a Ellen fazer algo pouco ético ou equivocado, justificam o que ela fez dizendo que outros antes dela fizeram o que ela fez, e que, portanto, deve ser aceitável. Quiçá Robert Brinsmead responda tão claramente como qualquer pessoa a este tipo de raciocínio: É verdade que há evidência de empréstimo literário por parte de diferentes autores bíblicos. Mas em tais casos eles usaram material que era a herança e a propriedade comum da comunidade do pacto. Não era propriedade privada e não tinha nenhuma pretensão de originalidade. Com a Sra. White, no entanto, as circunstâncias eram muito diferentes. Sem reconhecimento, ela usou o produto literário daqueles que estavam fora de sua própria comunidade religiosa, registrou-o como propriedade intelectual sua e exigiu regalias tanto para ela mesma como para seus filhos. Até certo ponto, o correto e o incorreto estão condicionados historicamente, mas não temos que entrar em conjeturas a respeito da ética literária exigida nos dias de Ellen White. Os fatos não são ambíguos. Ela não se ajustou a uma prática literária aceitável.35 A este grupo lhe diria o sábio: "O que sabe, e não sabe que sabe, está dormido. Acorda-o." 3. Há quem argumente que a ética está determinada pelos que estão a nosso redor, que a "ética situacional" determinou a conduta de Ellen G. White e que, portanto, o que ela fez é justificável. Aos que raciocinam assim, há que lhes assinalar que, com esta maneira de pensar, vale todo o que serve um propósito. Se o lugar em que um está num momento dado é o lugar correto, e qualquer coisa que a multidão esteja fazendo é necessária e correta, então um faz só o que a outros lhes parece. Aos que seguem este extremo, este raciocínio, diz-lhes: Se outros vão para o inferno, sigamo-los até ali. A tais pessoas deveria dar-lhes vergonha argumentar que copiar material de outros sem dar-lhes crédito era uma prática aceitável nos dias de Ellen. Esse argumento simplesmente não é verdade. Em grande parte do material do qual Ellen G. White copiou, os autores deram crédito quando usavam material alheio, e alguns deles o faziam detalhadamente e com gosto. Ellen não o fez nunca. A informação que está saindo à luz revela que não podia. Porque é óbvio que se a igreja, ou Ellen, ou seus ajudantes, tivessem revelado honestamente de quem e quanto material estavam usando de outros autores, Deus, a pretendida autoridade de Ellen e os demais, ficaria exposto como de menor importância, se não inexistente, em seu programa. Aos defensores atuais desta "ética da maioria", que está fora de lugar, o sábio lhes diria: "O que não sabe, e sabe que não sabe, é um simples. Ensina-lhe". 4. Há quem aceitam o que vêem e, goste-lhes ou não, têm a impressão de que deveria ser reconhecido. Mas raciocinam que a conduta de Ellen não é impugnada, porquanto Deus estabeleceu diferentes normas para os profetas. Esta parece ser a posição à que tende Provonsha. Alguém que critica a posição de Provonsha lhe escreve desta maneira A observação que antecede me leva ao que o rascunho indica que é sua tese central. Ofereço uma paráfrase dessa tese, e seu positivo apoio a ela, do modo que eu sugiro se aproxima a uma paráfrase que poderia resultar aceitável ao crítico da ação do comitê autorizado [Glendale] de revisão da Conferência Geral, [que] você citação nas páginas 5 e 6 do rascunho. Ele, e muitos leitores, poderiam muito bem dizer do trabalho que "assume a posição de que os profetas (e outros escritores inspirados) são tão diferentes do resto de nós que não estão sujeitos aos conceitos tradicionais de honestidade, e não são desonestos ao copiar sem dar crédito, e ainda negar sua dependência de outros, e ainda que as 'simples pessoas ordinárias' seriam mentirosas e fraudulentas se levassem a cabo os atos em questão, aquelas pessoas não estão erradas, a causa de sua diferente posição". 36 Não é provável que todo o mundo possa seguir a Provonsha ao interior deste mundo de filosofia ética, e chegar à resposta oportuna que ele tem para o problema. Quiçá, também, Provonsha não tinha disponíveis, para seu modo de pensar, todos os fatos e ramificações necessários para completar um quadro de setenta anos de engano, porque seu documento não trata da ética dos que ajudaram a Ellen a continuar com a mentira branca durante toda sua vida. 5. Há outros matizes de significado que vêm à mente de numerosas pessoas que lutam individualmente com o problema ético à medida que se inteiram gradualmente a mais fatos. Talvez um aspecto que precisa uma séria consideração é um termo que em jurisprudência se chama "capacidade diminuída." Ellen G. White sofria de problemas médicos: A lesão que Ellen sofreu em sua meninice e os problemas físicos resultantes são bem conhecidos e estão bem documentados. Começando com esse acidente, e seguindo através da adolescência e a média idade, ela sofreu ataques físicos, "que com freqüência acompanhavam o que seus seguidores deram em chamar visões abertas. Diz-se que, às vezes, não era consciente de nada a seu redor, ainda que às vezes conservasse o controle de seus movimentos. A igreja com freqüência se ufana de que ela começou com uma mente débil e sem adestrar, e um corpo delgado e desfigurado - o mais débil dos débeis." Se informa que, pelo menos cinco vezes, foi atacada de "paralisia", e que muitas vezes ela sentia que estava a ponto de morrer; com freqüência, permanecia inconsciente por longos períodos. 37 Sob estas condições físicas, especialmente durante seus primeiros anos, sua mente com freqüência estava na mesma condição que seu corpo, às vezes nas areias movediças do desespero e às vezes no cume da glória. Este estado mental e físico foi observado ao começo da experiência de Ellen. Ficou um notável depoimento em relação com sua condição e o fato de que ela a reconhecesse já em 1865 , depoimento que foi publicado mais tarde, em 1877. A causa da natureza sensitiva da informação, é melhor reproduzir vários parágrafos das páginas que tratam dela. Quando, durante uma conferência em Pilot Grove em 1865 , ela relatou uma visita ao Instituto de Saúde do Dr. Jackson, disse que o doutor, depois de examiná-la, tinha declarado que sofria de histeria. Agora, para os que têm confiança na capacidade do Dr. Jackson como médico, esta declaração proporciona um indício da suposta inspiração divina de Ellen. De acordo com as autoridades médicas, a histeria é uma doença real, mas de tipo muito peculiar, pois afeta, não só o corpo, senão também a mente; produz fenômenos de uma natureza muito marcada, mas muito variada, e ao atuar a doença sobre diferentes pessoas e diferentes temperamentos, produz variados resultados. Quando o Dr. William Russell, que nesse então trabalhava no Instituto de Saúde de Battle Creek, escreveu-nos expressando suas dúvidas com respeito à inspiração divina das visões, e pedindo-nos a evidência que tivéssemos sobre esse tema, com gosto acedemos a sua solicitação e lhe enviamos as obras publicadas, e também um breve resumo da obra que agora apresentamos ao público. Também, chamamos seu atendimento sobre a opinião médica do Dr. Jackson no caso da Sra. White, e solicitamos a opinião dele para publicá-la também no livro. A isto contestou, em 12 de Julho de 1869, que tinha decidido, fazia algum tempo, "que as visões da Sra. White eram o resultado de um organismo enfermo e um cérebro ou um sistema nervoso defeituoso." Aqui, então, temos o depoimento de dois médicos, em cuja capacidade como médicos confiam geralmente a Sra. W. e os Adventistas do Sétimo Dia, que estão de acordo em sua opinião quanto à predisposição dela a uma condição enferma do cérebro e o sistema nervoso. Com estes depoimentos em mente, regressemos à primeira visão e vejamos se podemos, a partir das circunstâncias presentes, chegar a uma solução razoável e prática do fenômeno no caso. De acordo com suas obras publicadas, a Sra. White, à idade de nove anos, sofreu uma desgraça muito grave; uma pedrada lhe achatou o nariz, desfigurando-lhe o rosto permanentemente. Por suposto, não sabemos se este acidente foi ou não a causa de sua predisposição à histeria, mas uma coisa é verdadeira: Não a originou, senão que a agravou, como o descreve o Dr. Russell: "Um organismo enfermo ou um cérebro ou sistema nervoso defeituoso." Isto o demonstra o fato de que, durante três semanas depois do acidente, ela permaneceu completamente inconsciente, com o cérebro com tanta uréia que lhe causou a cessação de suas funções durante esse tempo. Em Life Incidents, pág. 273, o Ancião White também diz de sua saúde na época de sua primeira visão: "Quando teve a primeira visão, estava enfraquecida e inválida, e seus amigos e médicos só esperavam que morresse de consumpção. Nesse tempo só pesava oitenta libras. Seu sistema nervoso estava em tal estado que não podia escrever, e dependia de alguém sentado perto dela numa mesa até para verter bebida da xícara ao pires." Pouco depois de recuperar-se, parece ter voltado seu atendimento a temas religiosos, com os quais ficou profundamente impressionada, até que, à idade de doze anos, professou a conversão e ingressou à igreja Metodista. Sua experiência religiosa nessa temporã idade foi de um tipo peculiar; às vezes se exaltava até o êxtase, e novamente se deprimia até as profundidades da depressão. Esta desafortunada condição da mente não parece ter sido causada pelas circunstâncias externas que a rodeavam, que eram todas favoráveis a sua profissão religiosa, senão por sonhos e impressões agradáveis ou desagradáveis. Mais ou menos por este tempo, pregava-se a doutrina Adventista em Portland, Maine, onde vivia a família de seu pai, e tanto sua família como ela mesma se interessaram nela, até o ponto de que em 1842 ela assistia constantemente às reuniões Adventistas, ainda que fosse Metodista. O resultado de que passasse o tempo sem que o Senhor regressasse em 1844 foi a divisão do povo Adventista em dois grupos. Enquanto um dos grupos se curvava à posição de que a vinda do Senhor estava próxima, mas admitia que os movimentos de 1843 e de 184 eram errôneos, o outro afirmava que o Senhor lhes tinha guiado até esse momento e que o passado se justificaria plenamente; finalmente, os desta última classe caíram no erro da porta fechada, afirmando que o Esposo tinha vindo, e que o tempo para a salvação dos pecadores, os cristãos nominais, e os Adventistas apóstatas tinha passado. Em Life Incidents, pp. 183-91, o Ancião White faz um interessante relato da história da porta fechada. A Sra. White, (nesse tempo Ellen G. Harmon), identificou-se com os desta última classe, que se reuniam em casa de seu pai, o que mostrava que ela estava constantemente sob a influência deste terrível erro, cujo poder ninguém, exceto os que o presenciaram ou participaram nele, pode apreciar devidamente. Sob estas circunstâncias, e com seu organismo enfermo, seu cérebro ou sistema nervoso defeituosos, e uma predisposição à histeria não é de surpreender-se que tivesse o que se chamou uma visão, e que, tal como seria de esperar-se, sua visão correspondesse, em termos gerais, aos pontos de vista religiosos que ela abrigava, como mostramos claramente nesta obra. Sobre este ponto, o Ancião White apresenta outro depoimento em seu livro Life Incidents, página 272 (publicado em 1868), no qual diz: "Durante os passados vinte e três anos, ela teve provavelmente entre cem e duzentas visões. Estas ocorreram em quase cada tipo diferente de circunstâncias, e, no entanto, todas elas foram maravilhosamente similares; sendo a mudança mais evidente o que, em anos mais recentes, foram menos frequentes e mais abarcantes." Sob estas circunstâncias, todo isto é muito natural e razoável. Ao melhorar a saúde da Sra. White, as visões se voltaram menos frequentemente. Como a mente e seu funcionamento são o resultado do organismo humano, uma constituição física mais saudável produzirá um estado da mente melhor e mais saudável. E, como a saúde da Sra. White melhorou, seu cérebro e seu sistema nervoso adquiriram um estado mais natural, e seus estados de transe foram menos frequentes; e como ela avançou em questões de informação geral (tendo sido sua educação temporã descuidada quase por completo a conseqüência de sua debilitada saúde), suas visões se fizeram mais abarcantes – uma conseqüência muito natural – que é uma das melhores evidências de do que suas visões surgiam de sua própria mente. Que os fenômenos das visões, a suspensão animada, e os poderes milagrosos da Sra. White são o resultado de uma organização física e mental em desordem o confirma o seguinte extrato do livro Practice of Medicine, p. 721, do Tomo 2, do Dr. George B. Wood, que me chamou o atendimento, e que corresponde a algumas das experiências da Sra. White em visão, particularmente ao fato de que se pusesse de pé com uma Bíblia na mão a levantasse por em cima de sua cabeça, e assinalasse e repetisse algumas passagens dela. Ao tratar desordens mentais, e explicar a causa e os fenômenos dos transes, o Dr. Wood diz: "O êxtase é uma afecção na qual, junto com perda da consciência das circunstâncias existentes, e insensibilidade às impressões externas, há uma aparente exaltação das funções intelectuais ou emocionais, como se o indivíduo fosse elevado a uma natureza diferente, ou a uma esfera diferente da existência. O paciente parece envolvido em algum pensamento ou sentimento absorvente, com uma expressão no rosto como de elevada contemplação, ou de inefável deleite. O movimento voluntário fica geralmente suspendido, e o paciente ou jaz insensível a influências externas, ou como na catalepsia, conserva a posição que tinha quando sofreu o ataque. Às vezes, no entanto, os músculos obedecem à vontade, e o paciente fala ou atua de acordo com seus impulsos existentes. Nestes casos, a doença risca muito de perto com o sonambulismo. Pode ser que o pulso e a respiração sejam naturais, ou mais ou menos diminuídos; o rosto está geralmente pálido; e a superfície do corpo está fresca. Se a freqüência do pulso aumenta, é geralmente mais débil também. A duração do ataque é muito incerta; em alguns casos não passa de alguns minutos, em outros se estende a horas ou dias. Ao recobrar-se do ataque, o paciente geralmente recorda seus pensamentos e sentimentos mais ou menos com exatidão, e algumas vezes fala das maravilhosas visões que viu durante suas visitas às regiões dos benditos, de encantador esplendor e harmonia, de inexprimível gozo dos sentidos ou afetos."38 Estas assombrosas páginas revelam alguns fatos sérios que podem ser verificados: a . Deu-se uma descrição precisa do estado físico e mental de Ellen White do modo em que ela o descrevia com freqüência. b. A análise de seu estado foi efetuada por médicos capazes, que em alguns casos eram aceitos pelos White. c. As observações foram feitas no princípio de sua vida por pessoas que conheciam seu estilo de vida e a observaram de primeira mão. d. Ellen White efetivamente creu e ensinou a porta fechada, cuja história se manteve oculta por mais de cem anos, como se revelou (e agora foi confirmada pelo White Estate). Ellen até teve uma visão mostrando que a porta se fechou para os pecadores depois de 1844. Mais interessante, talvez, é o fato de que outros, alguns dos quais eram também médicos, notaram a similitude de seu estado durante seus "visões" e diagnosticaram seu estado de maneira similar. William S. Sadler, amigo da família White, uma vez verdadeiro crente e também ancião da igreja, e mais tarde médico, escreveu em 1923: Não é raro que pessoas em transe cataléptico se imaginem que viajam a outros mundos. Em realidade, os maravilhosos relatos de suas experiências, que descrevem por escrito depois de que terminaram estes ataques catalépticos, são tão singulares e maravilhosos que servem de base para fundar novas seitas, cultos, e religiões. Muitos movimentos religiosos estranhos e singulares se fundaram e organizado deste modo. É um interessante estudo em psicologia observar que estes médiuns em transe sempre vêem visões em harmonia com suas próprias crenças teológicas. Por exemplo, uma médium que cria na natural imortalidade da alma sempre era guiada, em suas viagens celestiais, por alguns amigos mortos que tinham partido. Um dia, ela mudou seus pontos de vista religiosos - se converteu à crença no "sono da alma" - e desde então, quando estava em transe, era levada de um mundo a outro, em suas numerosas viagens celestiais, por anjos, e nenhum amigo morto ou separado jamais voltou a aparecer em nenhuma de suas visões depois desta mudança em suas crenças.39 O registro das visões de Ellen de outros mundos pode verificar-se em Early Writings para ver se a informação relatada por Sadler se aplica a ela. Sadler continua com outras observações interessantes: Quase todas estas vítimas de transes e catalepsia nervosa, tarde ou cedo se chegam a crer mensageiros de Deus e profetas do céu, e sem dúvida a maioria deles é sincera em sua crença. Não entendendo nem a fisiologia nem a psicologia de sua aflição, sinceramente chegam a considerar suas peculiares experiências mentais como algo sobrenatural, enquanto seus seguidores crêem cegamente qualquer coisa que ensinem a causa do suposto caráter divino destas assim chamadas revelações.40 Sadler continua corroborando o que os médicos das décadas de 1860 e 1870 tinham detectado: Outro interessantíssimo fenômeno que observei em relação aos médiuns em transe que, como observamos anteriormente, é em sua maioria mulheres, é que estes fenômenos de transe ou catalépticos, que em alguns aspectos são muito similares a ataques de histeria maior - só do que levados ainda além – digo do que foi minha experiência que geralmente aparecem depois de do que entrou a adolescência, e em nenhum caso que observei, ou do qual tenha eu ouvido, sobreviveram estes fenômenos à aparição da menopausa. A natureza dos fenômenos associados com estas profetisas ou médiuns em transe é sempre modificada pela aparição da "mudança de vida."41 Novamente, é interessante observar o que o doutor diz que sucedia no caso de Ellen. Ela deixou de ter "visões abertas" arredor do tempo da vida em que ocorre a menopausa.42 É assim mesmo interessante observar que a cessação das visões coincidiu com a morte de Tiago White, seu esposo. Um escritor posterior retomou o tema físico em sua dissertação doutoral escrita em 1932: Não há nem a mais mínima evidência de do que ela, neste estado, em nenhum momento aprendesse nem uma só coisa que não fora já bem sabida por seus sócios. Enquanto este escritor não chegaria até a dizer que ela estava "mesmerizada" por seu esposo, ele [o escritor] está plenamente convencido de que o conteúdo de suas primeiras "visões" estava determinado quase por completo pelo problema em que ele [Tiago White] estava interessado e ao qual lhe dedicava seu tempo no momento da manifestação. ... Mais tarde, depois de sua morte, a engraçada aprovação dela era um objeto muito desejado entre certos tipos de dirigentes e caixeiros que usavam todo tipo de métodos e ardis para obter o apoio dela para seus projetos. Quando White usou todos os métodos possíveis para a organização, sua esposa "viu" que era o plano de Deus; quando ele caiu sob suspeita na operação da impressora, a ela se lhe mostrou que isto não era agradável a Deus. Quando ele, por meio da pluma e de viva voz, chamou à "benevolência sistemática" [contribuições financeiras regulares à igreja], ela teve uma "visão" apoiando-a. No tempo em que ele estava ocupado escrevendo folhetos pró saúde, a ela se lhe mostrou sua "grande visão" sobre a reforma pró saúde. Esta lista poderia continuar, substituindo o nome de seu esposo pelos de seus dirigentes favoritos, até sua morte.43 Linden, em 1978, revisou as observações e teorias de psicólogos e psiquiatras de mediados da década de 1900 procurando indícios dos fatores causais dos fenômenos visionários. Foi necessário tomar em conta fatores tanto psicológicos como físicos.44 Quiçá as respostas finais e mais satisfatórias a respeito de Ellen White poderiam dar-se em favor da mentira branca se o White Estate quisesse permitir a publicação dos detalhes do histórico médico dela do princípio ao fim. Outro escritor descobriu um tipo diferente de raciocínio para o problema de que Ellen copiava sem dar crédito, bem como sua crença em sua própria "originalidade visionária." M. Ronald Deutsch (The New Nuts Among the Berries) relata, no capítulo titulado "The Battles of Battle Creek", como Charles E. Stewart escreveu à Sra. White em resposta à afirmação pública dela de que "tinha recebido instruções do Senhor" para que convidasse aos que tinham "perplexidades ... em relação com os depoimentos" a "pôr por escrito" seus "objeções e críticas", que ela as contestaria. Os amigos de Stewart publicaram sua longa carta (que incluía cópias de correspondência adicional com outras pessoas) em forma de folheto em Outubro de 1907 – depois de que tinham passado cinco meses sem resposta de Ellen White. O prefácio do folheto dizia que Stewart tinha recebido um recibo de registro devidamente assinado, mas nenhuma resposta. Deutsch cita a seguinte opinião de seu livro: Crio que ela é vítima de auto-hipnotismo. Em realidade, ela se tem auto-hipnotizado para crer que estas visões são genuínas. Não creio que ela voluntariamente se propunha enganar - ela adquiriu o hábito visionário – mas, sim, culpo aos que vendem às pessoas um truque que é, nem mais nem menos, uma grosseira fraude.45 O ano de 1907 passou faz muito tempo. A questão dos problemas da saúde de Ellen e as preocupações dos médicos de seu tempo poderiam ter-se esquecido se estas perguntas não seguissem aparecendo de tanto em tanto. Tão recentemente como em 1981, apareceu um artigo no Toronto Star de 23 de Maio: Uma pedra que golpeou a testa de uma fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Ellen Gould White, quando tinha nove anos de idade, quase seguramente é a causa de suas visões, as quais são a base para a doutrina da igreja, dizem dois médicos. O golpe causou uma forma de epilepsia, disseram numa entrevista os doutores Delbert Hodder e Gregory Holmes, de Connecticut. Estiveram em Toronto para descrever suas descobertas durante uma reunião da Academia Americana de Neurologia no Sheraton Centre recentemente.... Hodder, que é Adventista, diz que seu relatório e o de Holmes (que não é Adventista) poderia sanar a divisão que existe na igreja. "Têm estado considerando-o de uma maneira teológica", disse, mas sua investigação mostra que "ela pode ser explicada cientificamente."46 A muitos poderia parecer-lhes que o argumento médico é a melhor maneira de explicar a questão ética suscitada por seu engano, ainda que não justificasse aos que, obviamente sem conhecer o estado dela (e, portanto suas debilidades), continuaram ajudando a expandir a mentira branca. Também, geraria algum grau de simpatia pelas ações de Ellen - com base em sua capacidade diminuída somente. De maneira similar, ajudaria a explicar as muitas inconsistências em suas "visões" com as quais a igreja teve que lidar, ou teve que escusar, ou tampar através dos anos. Pode ser que a última linha das palavras do sábio árabe se apliquem a este ponto de vista sobre o problema ético: "O que sabe, e sabe que sabe, é um sábio. Segue-o." Referências e Notas Veja-se a Guy Herbert Winslow, "Ellen Gould White and Seventh-day Adventism", dissertação (Worcester, MA: Clark University, 1932); e W. Homer Teesdale, "Ellen G. White: Pioneer, Prophet", Dissertação (University of Calif., 1933). Carta de Robert W.Olson para Daniel C. Granrud, 4 de Setembro de 1980. Robert W. Olson, "Ellen G. White and Her Sources" [Ellen G. White e Suas Fontes], fitas gravadas de um discurso ao Adventist Forum, com período de perguntas, na Igreja da Universidade de Loma Linda, Janeiro de 1979. Carta de Robert W. Olson para Daniel C. Granrud, 2 de Outubro de 1980. De Olson para os Fideicomissários do EGW Estate, 29 de Novembro de 1978, p. 5. Apêndice, quadros comparativos em general. Jonathan M. Butler, "The World of E. G. White and the End of the World" [O Mundo de E. G. White e o Fim do Mundo], Spectrum 10, nº. 2 (Agosto 1979): 2-13. Também, Donald R. McAdams expandiu este tema na reunião do Comitê Glendale Sobre As Fontes de EGW, que se levou a cabo o 28-29 de Janeiro de 1980. W. C. White, citado por Robert W. Olson e Ronald D. Graybill. Fitas gravadas de um seminário no Southern Missionary College no outono de 1980. De W. C. White para o Comitê da Conferência Geral, 3 de Outubro de 1921. John Harvey Kellogg, "An Authentic Interview.... o 7 de Outubro de ... A indicação em meu livro é que poucos, se é que os tinha, dos que estavam inteirados da confecção dos livros de Ellen White aceitavam a idéia da inspiração verbal. Veja-se a lista de "testemunhas" que segue a este capítulo. Linden, Winslow, Teesdale, e outros explicam que, com o correr dos anos, teve lugar uma evolução de valor quanto à "inspiração" e à "autoridade" dos escritos de Ellen White. Ninguém argúi seriamente que Ellen não sabia o que estava fazendo, ou o que se estava fazendo. Em realidade, o problema seria muito mais sério se ela não tivesse sabido. Este capítulo trata de como diferentes pessoas trataram de resolver o problema em diferentes ocasiões. Carta de Robert W. Olson para Daniel C. Granrud, 2 de Outubro de 1980 Arthur L. White em seu "suplemento" de 1969 de uma reimpressão em fac-símile de EGW, The Spirit of Prophecy, tomo 4, p. 535. De Uriah Smith para Dudley M. Canright, 22 de Março de 1883. Ellen G. White Estate, "A Statement Regarding the Experiences of Fannie Bolton in Relation to Her Work for Mrs. Ellen G. White" [Uma Declaração Concernente às Experiências de Fannie Bolton em Relação com Seu Trabalho para a Sra. Ellen G. White], Arquivo de documento 445, p. 8. Esta publicação contém uma seção com o "Relatório do Ancião Starr" de sua conversa com Ellen White concernente a Fannie Bolton. De Fannie Bolton para os "Queridos irmãos na verdade." Rascunho sem editar no Arquivo de Documento 445 no EGW Estate. Merritt G. Kellogg, declaração escrita a mão, ca. 1908. John Harvey Kellogg, "An Authentic Interview", 7 de Outubro de 1907, pp. 23-39. As declarações de Kellogg registradas estenograficamente. George B. Starr, em EGW Estate, "A Statement Regarding ... Fannie Bolton." EGW Estate DF 445. JHK, "An Authentic Interview", pp. 33-36. As declarações de George Amadon registradas estenograficamente. [Bible Conference], "The Bible Conference of 1919", Spectrum 10, não. 1 (Maio de 1979): 34. Ídem, p. 52. De W[illiam] W[arren] Prescott para W. C. White, 6 de Abril de 1915. Carta de W[illard] A [llen] Colcord, 23 de Fevereiro de 1912. Vejam-se os capítulos nove e treze. De H. Camden Lacey para Leroy E. Froom, 11 de Agosto de 1945 . De H. Camden Lacey para Arthur W. Spalding, 5 de Junho de 1947. [Healdsburg, California] Pastors' Union, "Is Mrs. White a Plagiarist ?" Healdsburg Enterprise (20 de Março de 1889). Tiago White, "The Gifts of the Gospel Church" [Os Dons da Igreja do Evangelho], Review 1 (21 de Abril de 1851): 70. (Reimpresso em Review 4 [9 de Junho de 1853]; 13-14) Citado por Earl Amundson, "Authority and Conflict", lido numa Consulta Teológica em Glacier View (15-20 de Agosto de 1980). [Nota editorial], Review 12 (24 de Junho de 1858): 48. Ellen G. White, Spiritual Gifts, tomo 2, prefácio. Earl W. Amundson, "Authority and Conflict", p. 25. Jack W. Provonsha, "Was Ellen White a Fraud?", Loma Linda University, 1980, p. 1. Robert D. Brinsmead, Judged by the Gospel [Juízos pelo Evangelho], p. 172. De J. Jerry Wiley para Jack W. Provonsha, 22 de Maio de 1980. H[enry] E. Carver, Mrs. E. G. White's Claims to Divine Inspiration Examined [Um Exame das Afirmações da Sra. E. G. White de Que Era Inspirada] , 2dá. edit. (Marion, Iowa: Advent and Sabbath Advocate Press, 1877) pp. 75-80. Idem, pp. 75-80. W[illiam] S. Sadler, The Truth about Spiritualism [A Verdade Sobre o Espiritismo] (Chicago: A. C. McClurg & Co., 1923), pp. 157-58. Ídem. Ídem, p. 159. De acordo com a SDA Encyclopedia (veja-se "Visions", p. 1557), a última "visão aberta" de Ellen White ocorreu em Junho de 1884. Linden, em The Last Trump, diz que Tiago White sublinhava que "os músculos e as conjunturas dela se punham rígidos", e sua vista precisava algum tempo para acomodar-se outra vez à normalidade. Winslow, Guy Herbert, "Ellen Gould White and the Seventh-Day Adventism", dissertação (Worcester, MA: Clark University, 1932) p. 290. Linden, Ingemar, The Last Trump, pp. 159-163. M. Donald Deutsch, The New Nuts Among the Berries, Pau Alto, Ca. Manlyn Dunlop, "Were Adventist Founder's Visions Caused by Injury?"   Ant Próximo Copyright © 2024 Graça Maior - Verdades Bíblicas. Todos os direitos reservados.


Arqueólogos encontram tumba de 4 mil anos decorada para filha única de governador egípcio

 

Pesquisadores da Universidade de Sohag, no Egito, e da Universidade Livre de Berlim conduziam uma escavação na antiga cidade egípcia de Assiut quando se depararam com uma descoberta “extraordinária”. Eles investigavam a tumba de Djefaihapi, um proeminente governador, quando encontraram uma nova câmara funerária. 

A quinze metros de profundidade estava Idi, a única filha de Djefaihapi. O túmulo está bem conservado e mostra o caráter excepcional que a mulher recebeu. Ela está enterrada em dois caixões - um empilhado dentro do outro - cobertos de decorações complexas por dentro e por fora. Isso ocorreu no período chamado Império Médio, entre de 2050 a.C. e 1710 a.C. 

Apesar do bom estado externo do túmulo, Mohamed Ismail Khaled, Secretário Geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, afirmou em comunicado que ladrões tiveram acesso a essa câmara no passado, e que a múmia de Idi foi removida e desmembrada. Além disso, seus vasos canópicos - recipientes que eram utilizados para guardar as entranhas das múmias - foram quebrados. Não se sabe quando isso aconteceu, já que, até recentemente, nem a existência dessa tumba era conhecida.

Na época em que Idi viveu, o faraó no poder era Sesóstris I. Seu reinado, que durou 34 anos, entrou para a história como o auge da literatura e artesanato egípcio. O Império Médio muitas vezes é esquecido, ofuscado pelas outras fases. Antes dele houve o Império Antigo, conhecido como pela “Era das Pirâmides", e depois houve o Império Novo, com seus faraós-celebridades como Tutancâmon e Ramsés II.

O túmulo de Idi é a maior tumba não pertencente à realeza do Egito naquela época, indicando que seu pai foi um dos governantes regionais mais importantes do Egito Antigo. O exame inicial dos restos mortais indicou que ela morreu jovem, antes dos 40 anos de idade, e que sofria de um defeito congênito no pé. 

O Ministro do Turismo e Antiguidades do país, Sherif Fathy, afirmou que o órgão dará total apoio a essas missões para contribuir para descobrir mais segredos da história do antigo Egito. Segundo Khaled, “a limpeza e os estudos científicos dos ossos continuarão a revelar mais informações sobre esse governante e sua filha, bem como sobre o período histórico em que viveram.”

Ellen White - práticas fanáticas e comportamentos animais

 

Existem relatos de comportamentos incomuns em reuniões lideradas por Ellen White, incluindo:

1. Transe: Alguns participantes relataram entrar em estados de transe ou êxtase.
2. Movimentos convulsivos: Relatos de pessoas tremendo, gritando ou apresentando movimentos involuntários.
3. Comportamento animal: Alguns participantes relataram comportamentos como engatinhar, mugir ou fazer sons de animais.

Alguns participantes dessas reuniões com Ellen White sugerem que ela e outros líderes podem ter incentivado ou manipulado esses comportamentos.

Fontes que relatam esses comportamentos incluem:

1. "The White Lie" de Walter Martin e Norman Klann
2. "Ellen G. White: A Biography" de Arthur L. White
3. "The Prophetess of Health" de Ronald L. Numbers

https://revistazelota.com/ellen-g-white-a-corre-de-israel-dammon/


Os Valdenses Guardavam o Sábado?

 OS VALDENSES GUARDAVAM O SÁBADO?

Por Andras Szalai e Thomas Soggin


OS VALDENSES GUARDAVAM O SÁBADO DO 7º DIA?


Resposta oficial da Igreja da Valdesiana na Itália sobre a reivindicação da IASD


E-mails do pastor Thomas Soggin da Igreja Valdesiana em Bérgamo para Andras Szalai, diretor do Centro de Pesquisa de Apologia (CFAR Hungria) sobre a alegação adventista do sétimo dia de que os valdesianos eram guardadores do sábado.


19 de junho de 2006

Caríssimos Irmãos!
Eu sou Andras Szalai, diretor de um centro de pesquisa de apologética evangélica na Hungria e preciso de sua ajuda – ajuda profissional de um teólogo valdesiano – em um determinado projeto de pesquisa.
É sobre a Igreja Adventista do Sétimo Dia que afirma que os valdesianos guardaram a lei do sábado. Até onde eu sei, não é verdade, mas eu gostaria de saber a sua opinião. Se os valdesianos já guardaram o sábado, por favor, me dê fontes históricas.
András Szalai Apologia Research Center (CFAR Hungria)Pf. 22, 1576 Budapeste. Hungria
www.apologia.hu, www.thecenters.org


21 de junho de 2006
Prezado irmão Andras,
Chamo-me Thomas Soggin, um ministro valdense em Bérgamo (Norte de Itália), encarregado – pelo nosso Conselho, a Tavola Valdese – de responder à sua carta.
Se você está interessado nas Igrejas Valdenses na Itália (Norte, Centro e Sul da Itália) e no Uruguai e Argentina, no passado e no presente você pode procurar no site da nossa Editora: Claudiana (Torino), e e-mail. Você também pode tentar encontrar e estudar o seguinte livro: Giorgio Tourn, You are my witness – The Waldensians across 800 years, Claudiana Editor 1989 – Distribuído na América do Norte pela P.O. Box 37844 – CINCINNATI,OH 45222 (EUA).
Em seus 350 anos antes da Reforma, seu verdadeiro problema era o batismo – a ligação entre o batismo e o constantinianismo católico romano, não o problema do batismo (por imersão ou com aspersão), nem o problema do sábado em vez do domingo.


Em uma biblioteca bem abastecida você pode tentar encontrar os seguintes livros:
1) Jean Gonnet – Amedeo Molnar, Les vaudois au moyen age, Claudiana, Torino 1974 (francês): No século XV todos os valdenses (França, Itália: Piemonte, Calábria) se uniram ao movimento hussita: os tchecos taboritas (c/o Jan Hus! Nesse tempo há também alguns documentos valdenses sobre o batismo: pp., 434-437).
2) Amedeo Molnar, Storia dei valdesi/1, Dalle origini all’adesione alla Riforma, Claudiana, Torino 1974 (italiano). (Eles não tinham interesse no batismo, como escreveu São Paulo em I Cor.1,17): p. 274).
3) Carlo Papini, Valdo di Lione e i Çpoveri nello spiritoÈ, Claudiana, Torino, 2001.
Eles foram chamados: Mater Reformationis (=Mãe da Reforma) quando antes, como você sabe, durante a Idade Média um movimento, mas NÃO uma Igreja. Após o Sínodo de Chanforan em Angrogne (1532) e mais tarde, os valdenses tornam-se uma Igreja Presbiteriana Reformada, como em Genebra. Eles adotaram a Confissão de fé reformada huguenote, do chamado Sínodo “De la Rochelle” de 1559 (mas foi realmente o Sínodo de Paris, sua primeira Assembleia Geral huguenote).


Mas em 1655 as Igrejas valdenses tiveram sua própria Confissão de Fé, redigida às pressas em italiano imediatamente após o massacre dos valdenses, chamada de “Páscoa dos Piemontes” (Ver Avange o Lord…!. Esta confissão de fé foi simplesmente uma versão abreviada em italiano da Confissão de fé huguenote de 1559: confirmou que teologicamente os valdenses estavam no mainstream do calvinismo presbiteriano. Ainda é a base das crenças valdenses de hoje, que os Candidatos têm que subscrever em frente à Assembleia Geral antes de serem ordenados como Ministros (VDM) em nossas igrejas (sem qualquer tipo de Anabatismo, ou sábado em vez de domingo!).


Portanto, os valdenses não guardavam o sábado (no sentido de sábado em vez de domingo) e não eram guardiões da “Verdade Sabática”, como alguém a chama. Os valdenses nunca seguiram o sábado adventista do sétimo dia, mas seguiram mais Paulo em Romanos 14,5-8.
Podemos, portanto, dizer muito claramente que os valdenses não eram guardiões do sábado do sétimo dia e não eram perseguidos por guardar o sábado como o sábado! Vós fostes perseguidos, [de 1532 (quando aderiram à Reforma – Sínodo de Angrogna) a 1848 (quando receberam liberdade religiosa)], por causa de sua fé reformada-calvinista em Cristo.
Com os meus melhores cumprimentos, o seu, Thomas Soggin


22 de junho de 2006
Prezado Irmão Tomás,
Só mais uma coisa. Posso usar sua carta como uma resposta oficial da Igreja Valdesiana para refutar a alegação adventista do sétimo dia? (Como eu escrevi, eles afirmam que os valdesianos guardavam o sábado assim como eles; desta forma eles querem estabelecer uma continuidade histórica com sua igreja…)
No caso de você me permitir usar sua carta, eu também a enviaria a alguns pesquisadores americanos, que fariam apenas o que fazemos, dizendo aos Adventistas, que eles não podem usar valdesianos para provar a historicidade de seu ensino.
Deus te abençoe! Andras


23 de junho de 2006
Prezado Irmão Andreas,
Certamente você pode usar minha carta com toda a documentação, porque o antigo movimento valdense e a reivindicação adventista do sétimo dia, historicamente não têm nada a ver um com o outro, nem a Igreja Reformada Valdense após a Reforma (1532).
Deus te abençoe também, Thomas Soggin

 

  

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Uma leitura Pós-Milenista Historicista de Apocalipse

 Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia do mar.” (Ap.20.7-8)


Desde a morte e ressurreição de Jesus, a igreja vem esperando o cumprimento das promessas neotestamentárias, principalmente, com respeito à volta triunfal de Cristo, por meio da qual a criação será plenamente restaurada para uma nova e eterna vida sobre a terra (At.1.11; Rm.8.18-25; Co.15.50-58; 1Ts.4.13-18). Com o passar do tempo suas promessas foram se cumprindo: Jesus morreu e ressuscitou, conforme havia predito aos discípulos (Mt.16.21//Lc.24.44-46); o Espírito Santo foi derramado sobre a igreja por ocasião de Pentecostes (Jl.2.28-32; At.1.4-5//At.2); perseguições sobrevieram à igreja por causa do nome de Jesus (Mt.10.22//At.8.1); o evangelho chegou aos confins da terra por meio do empenho missionário dos apóstolos (At.1.11//At.19.21); os cristãos testemunharam o cumprimento da profecia sobre a queda de Jerusalém (Mt.24.2), e aqueles que se lembraram das palavras de Jesus livraram-se da morte que sobreveio à cidade rebelde.
Todavia, o tempo continuou passando e em vez de glória os cristãos se viram perseguidos, maltratados e mortos por causa do ódio pagão contra a fé deles. O anseio pela volta de Jesus se transformou em dúvidas: Quando Jesus voltaria? Será que Ele realmente viria ou já teria vindo espiritualmente? O que a igreja deveria aguardar com respeito a seu futuro? O importuno judaico contra os cristãos (At.8.1) logo foi sobreposto pela brutal perseguição provinda do Império Romano que considerou o cristianismo uma religião indesejada. A volta de Jesus tornou-se mais desejada do que fora no início de Atos dos Apóstolos e o clamor da igreja chegou aos ouvidos do Senhor (Ap.6.9-11). E, estando o apóstolo João preso na ilha de Patmos (Ap.1.9), o Senhor Jesus revelou-lhe o livro de Apocalipse, sob o propósito de consolar a igreja em dias difíceis e exortá-la diante das tentações, para que perseverasse fielmente até sua volta (Ap.2.7,11,17,26; 33.5,12, 21).
O propósito deste artigo é apresentar uma leitura panorâmica de nossa visão pós-milenista historicista do livro de Apocalipse. Identificamos, em Apocalipse, quatro grandes momentos correlacionados à história, além de seus capítulos iniciais (Ap.1-5): 1) A tribulação da igreja (Ap.6-16 - séc. I-V); 2) Queda do inimigo da igreja (Ap.17-18 – Sec. V); 3) O reinado da igreja (Ap.19-20.6 - séc. V-XV); 4) O final da história – soltura de Satanás, juízo final e advento da nova Jerusalém (séc. XV até sua conclusão). O livro, portanto, revelará alguns eventos históricos fundamentais que marcam etapas na trajetória da igreja, consolando-a com a promessa de vitória sobre seus inimigos tanto físicos (Ap.17-18) quanto espirituais (Ap.20.10). Contudo, nem todos os momentos históricos recebem igual ênfase em Apocalipse. Seu foco principal recai sobre o período de tribulação da igreja, (já presente nos dias do apóstolo João) e a queda do arqui-inimigo do cristianismo (o terrível e assolador Império Romano). Por essa razão, pouco é dito sobre o período da soltura de Satanás e sobre o juízo final (Ap.20.7-15).  Denominei a presente interpretação de Pós-Milenismo historicista, porque a vinda de Jesus é posterior ao milênio identificado com o período histórico denominado de Idade Média Cristã.

DATAÇÃO
A partir de algumas evidências externas e internas, adotamos a data de, aproximadamente, 95 d.C. para a escrita do livro de Apocalipse. Enumeramos abaixo algumas evidências que consideramos relevantes:

1) As mais intensas perseguições sobre a igreja ocorreram sob o governo de Domiciano e Trajano (90-115). Não há nenhuma evidência que Nero tenha perseguido os cristãos fora dos limites de Roma ou Jerusalém. Contudo, há evidências que Domiciano tenha perseguido os cristãos em todo o Império Romano, conforme Plinio afirma em cartas ao imperador Trajano.
2) Clemente de Roma escreve em 96 d.C. e começa sua carta se referindo à tribulação de seus dias: “Por causa das desgraças e calamidades que repentina e continuamente se abateram sobre nós” (1Clemente 1.1) e ainda afirma que “já que nos encontramos no mesmo campo de batalha, nos esperando a mesma luta” (1Clemente 7.1) se referindo aos mártires da época dos apóstolos. Clemente revela as lutas dos cristãos no período de Domiciano.
3) Os cristãos não foram perseguidos por Nero por desprezo ao culto imperial. Seu problema estava mais intimamente relacionado ao judaísmo com o qual o cristianismo, em parte, estava relacionado. Contudo, Domiciano os acusou por não prestarem culto imperial (conforme Apocalipse 13). O contexto imperial de Apocalipse se coaduna bem com o contexto do império de Domiciano, tanto no que diz respeito ao relacionamento entre cristãos e Roma, quanto no que diz respeito ao comércio e culto imperial. Nero não erigiu estátuas suas exigindo a adoração, mas Domiciano o fez (há uma estátua sua em Éfeso), à semelhança de Nabucodonosor (Dn.3.12,18). Este fato explica Apocalipse 13.7-8, 14-15. Contudo, não há evento semelhante antes de 70 d.C. enquanto que as inscrições antigas nas cidades romanas mostram que o culto imperial cresceu a partir do final do primeiro século. Vale, portanto, salientar que esta é uma das principais preocupações de Apocalipse: o culto imperial.
4) A citação de Clemente de Alexandria com respeito ao “Tirano” é passível de mais de uma interpretação de forma que tanto Nero quanto Domiciano podem ser considerados como Tiranos no olhar de um cristão. Desta forma, tal citação não pode ser utilizada para defender a datação de Apocalipse antes de 70 d.C. Além disso, Eusébio interpreta as palavras de Clemente de Alexandria como uma referência a Domiciano (H.E. 3.23.6-19). Tacitus, Suetonius, Plinio, Dio Chrisostomo e Dio Cassius atribuíram a Domiciano a desordem civil e o forte culto imperial.
5) O cristianismo foi mais bem distinguindo do judaísmo a partir da queda de Jerusalém e, por isso, as perseguições aos cristãos tomaram formas peculiares. Plinio em 113 d.C. faz uma citação muito parecida com Apocalipse: “Outros nomeados pelo informante declararam que eram cristãos, mas depois negaram, afirmando que eles tinham sido, mas tinha deixado de ser, cerca de três anos antes, outros muitos anos, alguns tanto quanto 25 anos. Todos eles adoraram a sua imagem e a estátuas dos deuses e amaldiçoaram a Cristo” (Cartas 10.6-97)
6) Tertuliano em Apologia 5 destaca a perseguição de Domiciano dentre as demais levantadas.
7) É muito improvável que o mito do Nero redivivo possa ter se desenvolvido entre o povo de forma tão rápida, afinal Nero morreu em 68 d.C. e a queda de Jerusalém se deu em 70 d.C. Além disso, a ideia de que um imperador ressurgiria com as características de Nero se encaixa perfeitamente com Domiciano. Afinal, entre Nero e Domiciano a perseguição aos cristãos não foi tão grande. Domiciano conseguiu se destacar por sua perseguição à igreja como nenhum outro imperador antes dele e como poucos depois dele.
8) Irineu atribuiu a Apocalipse o período do imperador Domiciano (Contra Heresias 5.30.3)
9) Victorinus de Pettau (304 d.C.) em seu comentário de Apocalipse (primeiro comentário completo do livro) afirma que João escreveu Apocalipse no período de Domiciano (Apocalipse 10.11)

Além das evidências externas acima, algumas perguntas devem ser consideradas pelo leitor de Apocalipse:

1) Para quem foi escrito o livro? Para igrejas de maioria gentílica ou judaica? (As sete igrejas de Apocalipse eram de maioria gentílica fortemente relacionadas política e economicamente com o Império Romano)
2) Qual o contexto dessas 7 igrejas? A relação da igreja gentílica era maior com Jerusalém ou com Roma (império)? As relações comerciais indicadas em Apocalipse eram realizadas com o mundo gentílico ou judaico? Jerusalém tinha uma boa relação com Roma, para que o livro de Apocalipse dissesse que a mulher está relacionada com a besta?
3) Qual o propósito do livro? Confortar os cristãos ou anunciar o fim dos Judeus? Se o propósito é confortar os cristãos, em que a queda de Jerusalém os confortaria?
4) Em que a queda do império Romano seria relevante para a igreja cristã gentílica? (Muito, pois o império Romano, por meio de vários imperadores (Ap.13 e 17), decretou perseguição ao cristianismo. Essas perseguições são mais fortes após a queda de Jerusalém.)
5) Em que a queda de Jerusalém significaria alento e o início de uma nova era de paz para a igreja gentílica? (A queda de Jerusalém não resultou em nenhum benefício para os cristãos, não sendo, portanto, confortadora para a igreja. Ao contrário, a queda de Jerusalém marcou uma maior perseguição de Roma aos cristãos tanto judeus como gentios.)
6) Em que a queda de Roma significaria alento e o início de uma nova era de paz para a igreja Judaica? (isso aconteceu na história, pois a queda paulatina do Império Romano está intimamente relacionada com o fim da perseguição contra a igreja)
7) As figuras malignas do livro apontam para Jerusalém ou para Roma? Jerusalém tinha tanta influencia sobre as nações vizinhas que pudesse ser acusada de embriagá-las ou era o império Romano que na época de Domiciano exigia lealdade aos seus deuses e ao imperador? As pessoas eram influenciadas pelo modo de vida dos judeus ou pelo estilo de vida romano? As pessoas seguiam aos líderes dos judeus ou procuravam agradar o principal patrono do império, o imperador, para conseguir benefícios daquele que ficou conhecido como “supremo benfeitor”? O comércio marítimo era forte em Roma ou em Jerusalém? As regalias usufruídas pela aristocracia vinham de Jerusalém ou de Roma?
8) A realidade das 7 igrejas descritas por Apocalipse 2 e 3, remontam a uma data posterior a 70 d.C. Tanto o esfriamento de Éfeso requer certo tempo após a morte de Paulo quanto a fundação e desenvolvimento das demais igrejas, principalmente seus pecados relacionados com o comércio, se acomodam melhor ao período em que os cristãos são distinguidos dos judeus e que poderiam viver em paz desde que fossem subservientes ao império participando da vida política e religiosa pagã. A geração da igreja em Éfeso parece não ter conhecido Paulo. As características da igreja diferem muito das mencionadas pela carta de Paulo. Os problemas que a igreja enfrenta, e que já há algum tempo estavam presentes em seu meio, não fazem parte do contexto da igreja de Éfeso conforme encontramos em Atos e na carta paulina.
9) O termo grego “táchos” não faz alusão ao cumprimento de toda a revelação de Apocalipse, mas ao começo de seu cumprimento. Ou seja, em breve Deus daria início ao processo de cumprimento das profecias reveladas em Apocalipse. Sua repetição (Ap.1.1; 22.6) deve ser compreendida como hebraísmo indicando tanto seu breve início quanto a certeza de seu cumprimento. Observe-se que os eventos mais próximos aos dias do autor (Ap.6-19) são bem mais detalhados do que os eventos finais pós-milênio (Ap.20-22). Até mesmo os preteristas parciais, por exemplo, reconhecem que parte de Apocalipse ainda não se cumpriu, tendo em vista que não é possível encaixar no ano de 70 d.C. um milênio inteiro, a soltura de Satanás, o juízo final e a chegada da nova Jerusalém. Portanto, a expressão “em breve” não deve ser compreendida obrigatoriamente como uma alusão ao cumprimento cabal de Apocalipse num tempo próximo aos dias de seu autor.

CONTEXTO HISTÓRICO
Diante do exposto acima, considero que o contexto político-econômico-geográfico do livro está relacionado a Roma, não a Jerusalém. Há diversos indicadores que apontam para Roma como sede da besta que perseguia a igreja com sua brutalidade enquanto a seduzia com sua luxúria (ver sete cartas às igrejas). Os destinatários, as sete igrejas, estavam localizados em províncias com forte relação política, econômica e religiosa com a cidade de Roma; há várias referências à diversidade racial presente em todo o império romano (Ap.2.26; 5.9; 7.9; 10.11; 11.9; 13.7; 14.6; 17.15 etc); a prisão de João não foi causada por perseguição judaica, mas por causa das ameaças provenientes do império romano (Ap.1.9); os judeus são considerados apenas mais um grupo que trazia problemas para a igreja (Ap.2.9; 3.9), enquanto que a primeira besta é considerada a principal ameaça sofrida pelos cristãos; há duas referências à região de ilhas que são abaladas por ocasião do juízo divino, e a Itália possui 45 ilhas ao seu redor (Ap.6.14; 16.20); o luxo do comércio, a diversidade de produtos e a venda de escravos eram negociados principalmente por navios (Ap.8.9; 18.17-19); há larga referência ao mar, e a Itália está praticamente cercada por ele: a leste, oeste e sul (Ap.4.6; 8.8-9; 10.2-8; 13.1; 15.2; 16.3; 18.17-21 etc); a mulher do capítulo 12 (a nação de Israel), que dá à luz ao Messias, está vestida do sol, tem filhos santos que guardam os mandamentos de Deus, e Deus mesmo a guarda, protegendo-a das investidas de Satanás (Ap.12.6,13-16); porém, a mulher do capítulo 17 é chamada de grande meretriz, está vestida de objetos de seu comércio (púrpura, escarlata, ouro etc), aparece montada sobre a besta e persegue os santos, ou seja, os filhos da primeira mulher (Ap.17.1,3-6); a primeira besta, sobre a qual a mulher meretriz está montada, não somente representa o lugar como também seus imperadores (Ap.17.9-11); há duas cidades em Apocalipse: uma é denominada Babilônia, “a grande, a mãe das meretrizes e das abominações da terra”, “a grande cidade que domina sobre os reis da terra” (Ap..17.5,18), enquanto que Jerusalém é chamada de “cidade santa” (Ap.11.2) e “cidade querida” (Ap.20.9). Além disso, já demonstramos em outro artigo (666 não é uma pessoa) que a segunda besta não pode ser uma pessoa (por isso, não é lançada no lago de fogo junto a primeira besta), sendo uma referência à economia romana (Cf. 2Cr.9.13).
A igreja nos dias do apóstolo João precisava ser consolada e exortada diante das ameaças e tentações provindas do império que “devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava [...] que falava com insolência” (Dn.7.7,20).  O Império Romano declarou-se inimigo do cristianismo e Apocalipse faz larga referência a suas perseguições contra os cristãos. Ainda que Apocalipse faça algumas referências a importunações de judeus, os principais inimigos da igreja, desde o primeiro capítulo do livro até o capítulo 19, são referências ao Império Romano: razão de João em Patmos (1.9); motivo do sofrimento das igrejas (2.3,13; 3.18); propósito da primeira besta (13.1-10//17.9-11//11.7; 14.9,11; 15.2; 16.2,10,13; 19.19,20; 20.4,10); tentação da segunda besta (13.11-18); razão para a queda da cidade das nações (16.19//11.8), a grande meretriz (17.1-7), chamada, também, de Babilônia (18.1-24).
A queda de Roma era a mais importante conquista esperada pela igreja durante os cinco primeiros séculos da era cristã, pois representava o fim da perseguição, semelhante a outras conquistas antigas: a queda do império Egípcio, a queda do império Assírio, a queda do império Babilônico, a queda dos impérios do período interbíblico. A destruição de Roma representa uma etapa importante da história, dividindo a história antiga da medieval, pois o domínio mundial cristão medieval está intimamente ligado ao fim do império romano. Sendo assim, interpretamos que a queda de Roma foi seguida pelo Reinado Milenar Cristão, quando o mundo passou a ser dominado pelo Reino de Deus, representado pela igreja que o carrega em seu coração, afinal, disse Jesus: “o Reino de Deus está dentro de vós” (Lc.17.21). É importante observar que a paz da igreja estava relacionada à derrota de seu inimigo vigente, exatamente como ocorreu na história. E, por essa razão, Apocalipse faz muito mais referências detalhadas a Roma e sua queda do que à queda de Satanás, descrita com poucas palavras no capítulo 20.
Os capítulos 17 e 18 possuem uma detalhada referência a elementos característicos de Roma e às fortes implicações para as nações ao redor do mundo que faziam uso da política e luxúria daquela cidade poderosa. No capítulo 17, João desvenda o segredo da primeira besta (pois, a segunda besta foi revelada por meio da referência aos textos sinóticos de 1 Reis 10.14 e 2 Crônicas 9.13, “seiscentos e sessenta e seis”, tendo em vista que citações diretas e indiretas de textos do Antigo Testamento é o principal recurso utilizado pelo autor de Apocalipse), dizendo que ela representa, pelo menos, oito reis, “dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco. E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei” (Ap.17.10-11). Os oito grandes reis possuem relações políticas com outros dez reis espalhados pela terra (Ap.17.12). A meretriz que está entre as sete colinas, também está entre águas (Ap.17.15), por meio das quais mantém relações políticas com as nações que oferecem à besta e à mulher “poder e autoridade que possuem” (Ap.17.13). Por fim, a mulher é identificada como “a grande cidade que domina sobre os reis da terra” (Ap.17.18).
O capítulo 18 continua fornecendo dados que nos ajudam a identificar a cidade a quem João se refere. A grande cidade, chamada de Babilônia (que em todos os livros do Antigo Testamento se refere a uma nação pagã, não a Jerusalém) violentamente devastou nações obrigando-as a embriagar-se com sua religião e cultura. Além disso, sua sedução econômica atraiu os povos a manter relações comerciais, pois gabava-se ser poderosa e luxuosa, dizendo: “Estou sentada como rainha. Viúva não sou. Pranto, nunca hei de ver!” (Ap.18.7). Sua queda abala não somente os habitantes locais, mas também o mundo todo, pois muitos reis mantinham relações políticas e muitos comerciantes marítimos buscavam nela suas mercadorias (Ap.18.11-15).
A luxúria de Roma é conhecida de todos os historiadores. Seu comércio era muito forte, e os portos da Itália facilitavam a ampla relação comercial com as demais nações. Os cidadãos dela gabavam-na, chamando-a de “Cidade eterna”, apelido dado por seus poetas. Jerusalém já tinha experimentado a queda em 598 a.C. (2Rs.24.10-25.7), tornando-se, desde então, dependente de outras nações (Pérsia, Média, Grécia, Ptolomeus, Selêucidas) durante quase todo o período interbíblico. Sua queda não admirara as nações ao redor, pois seu histórico de dependência e revoltas a acompanhavam por séculos. Contudo, Roma se via invencível, indestrutível e eterna e, por isso, sua queda foi inesperada, chocando todos os povos do mundo. Jerusalém caiu em 70 d.C. e foi reconstruída novamente, servindo como capital da Judéia tanto durante o poder de Roma quanto durante o domínio de Bizâncio (alvo, também, de brigas entre cristãos e muçulmanos durante a idade média). No entanto, a Roma antiga nunca mais foi reconstruída, preservando até nossos dias as ruínas da luxuosa cidade destruída por Deus como castigo por todos seus pecados (Ap.18.14,21,22).

DIVISÕES DO LIVRO
E como devemos dividir o livro? Apocalipse possui algumas divisões naturais, relativamente fáceis de serem identificadas. A primeira grande divisão é indicada por Apocalipse 1.19: “Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas”. O versículo nos diz que o livro está dividido em três partes maiores: 1) A primeira parte é composta da introdução do livro, o local e momento em que o apóstolo João recebe a visão de Cristo glorificado e as orientações iniciais sobre o livro (Ap.1.1-20). 2) A segunda parte é composta por sete cartas às sete igrejas localizadas na Ásia Menor dos dias do apóstolo João. Essas cartas nos ajudam a compreender o contexto em que o apóstolo recebeu a revelação, pois apontam os problemas políticos, econômicos e religiosos da época (Ap.2-3). 3) A terceira e ultima grande divisão revela as coisas que “hão de acontecer depois destas” (Ap.4-22), ou seja, o cumprimento das profecias que tem início com a abertura dos selos (Ap.6). Portanto, o ponto de partida histórico do livro é o tempo presente do apóstolo, mas a ênfase recai sobre dias posteriores que brevemente teriam início apontando para a queda do arqui-inimigo da igreja: o Império Romano, representado por sua principal cidade: Roma. O livro é encerrado com a derrota de todos os inimigos da igreja, inclusive Satanás, e a chegada da Nova Jerusalém, lugar da eterna habitação daqueles que venceram junto ao Cordeiro.
Além da divisão maior (Ap.1; 2-3; 4-22) apresentada no início do livro (Ap.1.19), Apocalipse possui ainda subdivisões, a maioria fácil de ser identificada. Os capítulos 2 e 3 são subdivididos em sete cartas às sete igrejas, exortadas e confortadas por Jesus (Ap.2.1-7; 2.8-11; 2.12-17; 2.18-29; 3.1-6; 3.7-13; 3.14-22). Depois disso, os capítulos 4 a 22 são subdivididos em sete ciclos que narram a história desde os dias da igreja primitiva até a volta de Jesus, tendo como foco principal a queda do arqui-inimigo da igreja: o império romano (Ap.17 e 18). O coração dessa subdivisão é a manifestação dos juízos de Deus sobre os inimigos de seu povo, finalizando com o advento do juízo final vindouro. Os quatro primeiros ciclos (7 selos, 7 trombetas, 7 vozes, 7 flagelos) focam os sofrimentos que viriam sobre os homens dentro do contexto romano, seguidos da derrota dos inimigos da igreja (Ap.6.12-17; 11.18-19; 14.17-20; 16.17-21) e vitória do povo de Deus (Ap.7.9-17; 11.15-17; 14.12-13; 15.3-4). Cada ciclo garante à igreja que as tribulações sobre o mundo viriam da parte de Deus e que a perseguição de Satanás, por meio do império romano, teria um fim, pois, mesmo que parecesse demorado, Deus julgaria a causa da igreja e a recompensaria por sua fidelidade.
Para identificar cada parte de Apocalipse é preciso seguir os marcadores. Observe que a primeira parte do livro se encerra após ultima carta às igrejas, para as quais o livro é destinado (Ap.3.22). Após a carta à igreja de Laodicéia, o cenário muda completamente e o apóstolo João é conduzido para um lugar celestial por meio de uma porta que se abre no céu (Ap.4.1-2). João se depara com um novo cenário repleto de novas imagens. A história dramatizada segue até a abertura dos selos que irão descortinar a história a ser revelada pelo livro. Observa-se, então, que há uma sequencia de sete elementos: 1º ciclo - Sete selos (Ap.4-7); 2º ciclo - Sete trombetas (Ap.8-11); 3º ciclo - Sete vozes (Ap.12-14); 4º ciclo - Sete flagelos (Ap.15-16). Cada sequencia de “Sete” equivale a um ciclo, que repete enfaticamente o período de sofrimento que viria sobre a igreja e sobre o mundo, pois enquanto os cristãos estariam sofrendo perseguições por parte do império, Deus estaria castigando o mundo com flagelos.
Contudo, nem todos os ciclos são identificados pela sequencia de “Sete”. As quatro sequências desaparecem após o capítulo 16, encerrando os ciclos referentes ao período de tribulação da igreja e castigos divinos derramados sobre o Império Romano. Sua repetição aponta para a insistente proximidade e importância do assunto, conforme ocorreu com o sonho de Faraó (Gn.41.32). O final de cada um dos quatro ciclos, (Ap.6.12-7.17; 11.13-19; 14.17-20; 16.17-21) antecipa, resumidamente, a revelação da queda do inimigo da igreja, o Império Romano, e o subsequente reinado cristão. Esta antecipação aponta para os capítulos posteriores (Ap.17-22) quando os eventos são detalhados e adequadamente distinguidos. A leitura do resumo antecipado (Ap.6.12-7.17; 11.13-19; 14.17-20; 16.17-21) dá a impressão que a queda do império e o juízo final se dariam num só momento, bem como o reinado cristão milenar e a vida eterna. Contudo, os capítulos seguintes clareiam o assunto revelando com mais detalhes os eventos posteriores ao período de tribulação da igreja: A queda do inimigo da igreja; o reinado da igreja e o final da história (Ap.17-22).
No 5º ciclo, o personagem principal é a grande meretriz, chamada, também, de Babilônia (Ap.17-18). Nesse ciclo, o autor, que nos quatro ciclos de “sete” havia focado sobre o processo histórico da queda do inimigo da igreja, agora foca, especificamente, sobre a queda de Roma, cidade principal do império inimigo da igreja. O capítulo 17 aborda a queda da cidade a partir da decadência do poder político enquanto o capítulo 18 aborda a destruição da cidade e suas implicações econômicas para o mundo imperial. No 6º ciclo surge um novo tema e personagem: O estado vitorioso da igreja governada pelo cavaleiro Fiel e Verdadeiro (Ap.19.11-21) que lidera um exército e vence os inimigos do povo de Deus, derrotando de uma vez a besta, o falso profeta e os reis da terra, assumido, então, o trono sobre a terra, ou seja, o domínio político do mundo. Observe que 5º e 6º ciclos contam a mesma história sobre focos diferentes: o 5º ciclo foca sobre a queda do inimigo da igreja, o 6º ciclo foca sobre a vitória concedida à igreja. Essa vitória resulta num período de mil anos de domínio da igreja sobre o mundo (Ap.20.1-6), durante os quais Satanás está preso para não mais enganar as nações (Ap.20.3).
O principal inimigo da igreja durante os cinco primeiros séculos foi o Império Romano, considerado um dos maiores inimigos do povo de Deus (Dn.7.7-8,19-25). A história contada em símbolos ao longo dos sete ciclos descreve, em sua maior parte, os cinco primeiros séculos da era cristã, quando a igreja sofre intensamente a “grande tribulação” (Ap.7.14), nas mãos do império romano, e assiste, ao final desse tempo, a vitória de Cristo sobre seu arqui-inimigo: Roma, invadida em 24 de Agosto de 410 d.C., saqueada e incendiada em três dias de muito sangue (Ap.18.8). Após uma série de eventos políticos e bélicos, o Império Romano caiu em 476 d.C., dando fim à Idade Antiga e início à Idade Média Cristã. Semelhante ao clamor de Israel, quando era escravo do Egito (Ex.2.23-25), Deus ouviu o clamor da igreja (Ap.6.9-11) rogando justiça por causa de todo sofrimento advindo do Império Romano que maltratava e matava os cristãos. Durante os primeiros séculos, Deus manifestou seu juízo sobre Roma por meio de guerras, fomes e doenças (Epidemia de 125 d.C.; Peste Antonina no séc. II; Catástrofes Infecciosas nos séc. III e IV), enfraquecendo o império até sua queda em 476 d.C.
Contudo, ainda que Roma tenha sido instrumento de Satanás para perseguir a igreja, sua queda não representava o fim do mal, pois o principal inimigo, Satanás, precisa ser derrotado, também. Assim, o sétimo e ultimo ciclo (7º ciclo) do livro foca a queda de Satanás e a chegada da plenitude do Reino de Deus, representado pela descida da Nova Jerusalém que vem dos céus para estar entre o povo de Deus (Ap.20.7-22.21). Pela desproporção nas ênfases, é possível se observar que o foco do livro não recai sobre a chegada do milênio, nem sobre a descida da Nova Jerusalém, mas sobre o fim do sofrimento da igreja daqueles dias, ou seja, a queda de Roma. Desta forma, o livro de Apocalipse cumpre seu propósito de consolar a igreja perseguida (Ap.13.1-10) dos dias do apóstolo João, exortando-a a manter-se fiel diante das seduções econômicas do império (Ap.13.14-17) que cativava as nações com sua luxúria comercial (Ap.17-18). Podemos representar graficamente o livro da seguinte forma (Clique no gráfico para visualizá-lo melhor):
  


ANÁLISE PANORÂMICA DO TEXTO

Capítulo 1 – Visão de Cristo glorificado
Na introdução do livro, o apóstolo João indica a autoridade suprema da revelação recebida (Jesus Cristo), os destinatários da obra (sete igrejas) e o tempo em que teria início o cumprimento das profecias do livro (breve). Também são indicados o mediador da revelação de Jesus Cristo (anjo) e o compilador (João), ou autor humano, que registrou tudo o que vira (Ap.1.1-2). Os destinatários primários eram as sete igrejas escolhidas para receber o livro, mas o alcance de suas profecias perpassava a vida de seus destinatários primários (Ap.1.3-8). Os dados introdutórios do livro de Apocalipse são mais precisos que qualquer outro livro do Antigo e Novo Testamento. Além dos dados fornecidos anteriormente, João ainda indica sua localização (Patmos) e dia (“dia do Senhor”) em que recebe a revelação de Jesus Cristo.
A visão apocalíptica tem início com a manifestação da glória do Filho de Deus. A visão de Cristo glorificado é deslumbrante tanto em beleza quanto em poder. Sua glória é visível e o poder está em suas mãos, tendo senhorio completo da igreja e controle absoluto sobre o mundo. Por essa razão, pode dizer: “Não temas” (Ap.1.17). A revelação é dada por meio de símbolos que serão desvendados pelo próprio Senhor (Ap.1.20). Portanto, o apóstolo João deveria estar atento à visão e, também, ao significado de cada símbolo apresentado, a fim de que a igreja fosse confortada e exortada com precisão, compreendendo a mensagem advinda da parte de Jesus Cristo.

Capítulos 2 e 3 – As sete igrejas
Após a visão inicial, Cristo glorificado dirige Palavras de conforto e exortação para as sete igrejas destinatárias. As igrejas são louvadas por sua fidelidade, consoladas diante das adversidades, advertidas por causa de seus desvios e animadas à perseverança por meio de promessas de valor eterno. Ao dirigir palavras sobre e para as sete igrejas, o Senhor Jesus revelou o contexto em que o livro foi revelado ao apóstolo João fornecendo indícios que nos ajudam a compreender sua importância e significado.
As sete igrejas não deve ser consideradas simbólicas, mas reais. O assunto tratado em Apocalipse é concreto, apesar de ter sido revelado em linguagem simbólica: A situação em que se encontrava o apóstolo João; a circunstancialidade das sete igrejas; a visão celestial do trono de Deus; e, as demais visões a cerca de eventos futuros a João. Apocalipse não é uma grande parábola onde os elementos são metafóricos. Apocalipse é uma visão sobre a história concedida através de símbolos que substituem os elementos dessa história.
As sete igrejas são reais, seus problemas internos e suas lutas contra as ameaças externas, também, eram reais. Contudo, assim como as demais cartas do Novo Testamento, as sete cartas às sete igrejas da Ásia Menor devem ser recebidas como palavras do Senhor para a igreja de toda e qualquer geração, pois suas palavras são fiéis e verdadeiras e tem valor permanente. Desta forma, em dias de tribulação a igreja é consolada com o mesmo consolo oferecido às igrejas de Apocalipse e em dias de decadência a igreja é exortada a retornar para a Escritura Sagrada da mesma forma que aquelas igrejas foram advertidas pelo Senhor Jesus.

Capítulos 4 e 5 – A visão celestial
Tendo encerrado as Palavras às sete igrejas, a visão muda diante de João e um novo cenário prepara o ambiente para as novas revelações que seriam dadas ao apóstolo. Até aquele momento, o apóstolo João se encontrava na terra vislumbrando a visão de Cristo glorificado a falar para sete igrejas locais na região da Ásia Menor. A partir do capítulo 4, a revelação é dada nas regiões celestiais e, diferente dos três primeiros capítulos, as visões anunciam dias futuros a João. Todavia, aquele que revela “as coisas que hão de acontecer” permanece sendo Cristo, o Cordeiro que morreu e ressuscitou (Ap.5.5-6), afinal somente Ele é digno de abrir o livro que contém a revelação da história (Ap.6.1).
Na visão celestial, Deus está sempre entronizado reinando sobre tudo e todos, e tem conhecimento de todas as coisas (Ap.4.3-6) tendo domínio completo sobre o mal representado pelo mar de vidro debaixo de seus pés (Ap.4.6). Seu trono é inabalável e eterno, transmitindo segurança para a igreja que sofre as tempestades de um mundo em constante mudança. Por isso, a igreja deve permanecer firme em sua fé sem jamais temer as adversidades, pois seu Senhor Reina absoluto sobre todos. A adoração nas regiões celestiais é destinada unicamente ao Criador e Senhor de tudo (Ap.4.8-11) e a igreja deveria permanecer com o olhar fixo sobre o Senhor, a fim de prostrar-se somente perante o Deus da glória.
Então, a história dos mundo surge nas mãos de Deus. Ela está completa, como um livro escrito em todos os lados sem deixar qualquer brecha para acréscimos, selada para que ninguém possa abri-lo a não ser aquele que é digno: o Cordeiro de Deus. Seres celestiais glorificam ao que está sentado no trono e ao Cordeiro dando-lhes todo louvor, honra e glória, aguardando que o Senhor revele à igreja o curso da história.

Capítulos 6 a 16 – A tribulação da igreja
Cristo abre o livro para revelar a história (Ap.6.1). Então, uma sequência de quatro ciclos revela um período de castigos que viriam sobre as regiões imperiais, semelhante às pragas que antecederam a destruição do Egito (Ap.6.-16). Esses castigos atendem ao clamor da igreja que pedia justiça celestial tendo em vista a perseguição do Império Romano (Ap.6.9-11). Mas, durante esse período a igreja continuaria sendo atribulada e deveria perseverar até o fim, não temendo o adversário (Ap.13.7-10) nem caindo na sedução de suas ofertas (Ap.13.11-18). Os quatro ciclos abrangem o período entre o primeiro século (recuando até o advento de Cristo) e o quinto século, perfazendo mais de 400 anos de tribulação da igreja.

1º Ciclo: 7 Selos
Os sete selos revelam as guerras sofridas pelo Império Romano, a fome advinda da queda da economia e as mortes provenientes das doenças que assolariam o império (Ap.6.1-8). O Império cairia aos poucos, castigado por causa de sua arrogante perseguição contra as testemunhas do Senhor Jesus. Ao final o inimigo seria destruído (Ap.6.12-17) e a igreja triunfaria (Ap.7).

2º Ciclo: 7 Trombetas
As sete trombetas revelam o derramar da ira do Senhor sobre o Império Romano que aos poucos é destruído (Ap.8.7-13). As nações que viviam debaixo das asas do estado sofreriam os danos, pois se aliaram aos inimigos de Deus. O Senhor castigaria os povos por causa da maldade feita contra a igreja que não havia sido esquecida pelo Senhor (Ap.8.1-6). As “orações dos santos” estavam sendo continuamente ouvidas pelo Senhor que ao seu tempo agiria em favor de seu povo. A igreja, portanto, deveria ser paciente e perseverante, certa de que o Senhor da glória estava atento ao sofrimento da igreja.
Surge uma visão celestial do “santuário de Deus” (Ap.11.1), semelhante às visões do Templo (Ez.40-44) que Ezequiel teve junto aos exilados na terra dos Caldeus (Ez.1.1-3), anos após a queda de Jerusalém por ocasião do sítio da Babilônia (2Rs.25.9-10). Mesmo após usa destruição, Jerusalém continua tendo significativo valor. De acordo com Paulo, o endurecimento de Israel cumpre papel importante dentro da história redentora, a fim de marcar o tempo dos gentios (Rm.11.25-32). Em Apocalipse, “a cidade santa” estaria sobre o domínio dos gentios até o tempo determinado (Ap.11.1-2), transmitindo ideia semelhante ao que fora escrito por Paulo.  Nesse período a igreja deveria continuar profetizando a Escritura Sagrada contra todo pecado, anunciando o juízo do Senhor contra os ímpios, até que o juízo contra Roma viesse definitivamente (Ap.11.15-19), pois mesmo que o Império Romano investisse toda sua fúria contra a igreja ela jamais seria extinta, e mesmo que pensassem tê-la vencido, veriam a igreja viva e triunfante.

3º Ciclo: 7 Vozes
O terceiro ciclo recua um pouco no tempo relembrando a vitória de Cristo sobre o pecado, a fim de conceder justificação ao povo de Deus (Ap.12.1-12). Vendo-se vencido, Satanás dirige-se contra o povo de Deus, tentando destruí-lo, pois sabe que pouco tempo lhe resta (Ap.12.13-18). A perseguição contra a igreja não era sem razão. Satanás desejava destruir aquilo que Deus amava, pois fora derrotado e estava destinado ao inferno eterno. E para destruir a igreja, Satanás decide usar as maiores armas de seus dias: o poder político imperial (Ap.13.1-10) e o poder econômico romano (Ap.13.11-18). Violência e sedução seriam atiradas à igreja, a fim de fazê-la negar sua fé. Mas, as estratégias de Satanás não seriam bem-sucedidas e o terceiro ciclo anuncia o juízo sobre os inimigos da igreja, outra vez (Ap.14.1-20).
O mistério da primeira besta é revelado no capítulo 17 (Ap.17.9-11) e as características da segunda besta aparecem no capítulo 18 (Ap.18.11-15). A primeira besta é violenta e obriga as pessoas a se submeterem à sua vontade (Ap.13.7-10). Enquanto isso, a segunda besta é sedutora e trabalha em prol da primeira besta (Ap.13.14). Seus danos alcançam pessoas de todas as castas sociais e ninguém compra ou vende sem sua autorização (Ap.13.16-17). Seu número, “seiscentos e sessenta e seis” (Ap.13.18) é encontrado nos textos sinóticos de 1 Reis 10.14 e 2 Crônicas 9.13, indicando que a segunda besta é uma referência ao poder econômico do Império Romano. Juntas, a primeira e a segunda besta, ameaçavam e maltratavam a igreja, e, por essa razão, Deus traria juízo sobre os adversários de seu povo.

4º Ciclo: 7 Flagelos

O quarto ciclo repete os castigos divinos sobre o Império Romano culminando com a destruição do arqui-inimigo da igreja (Ap.16.1-21). A repetição dos castigos confirma a pressa do Senhor em cumprir sua vontade e a certeza de que nada impediria que o Senhor castigasse os inimigos de seu povo. A igreja, apesar das tribulações, é considerada vitoriosa, pois o Senhor luta por ela, impedindo que o mal seja bem-sucedido em suas empreitadas para destruir o povo de Deus (Ap.15.1-8).

Capítulos 17 e 18 – A destruição de Roma
Após a revelação do período de tribulação da igreja e castigos sobre o Império Romano, o livro de Apocalipse segue com a queda político-econômica do Império (Queda de Roma em 410 d.C.; queda do Império Romano em 476 d.C.). Finalmente, a queda da cidade de Roma e o declínio de seu poder imperial, resumidamente antecipada nos quatro ciclos anteriores, agora são detalhados. A igreja aguardou pacientemente o fim de seu inimigo (Ap.6.9-11) e, após diversas manifestações do juízo divino, veria a consumação do juízo de Deus sobre seus algozes.
No capítulo 17, a besta e a mulher possuem íntima relação estando esta montada sobre aquela (Ap.17.3-7). O significado das cabeças da primeira besta é revelado, representando não somente sete reis imperiais (Ap.17.10), mas, também, outros que ainda surgiriam tempos depois aos dias de João (Ap.17.11). O Cordeiro de Deus surge para vencer todos os reis imperiais e, também, aqueles que se associaram a eles, dando à igreja a vitória (Ap.17.14).
No capítulo 18, a descrição da queda da grande cidade é vista sobre a ótica econômica e suas implicações para as nações circunvizinhas. A queda de Roma abala o mundo e mercadores de muitas nações choram sua destruição, pois não mais comercializariam com suas mercadorias. Seu império político e econômico sucumbem completamente e a cidade é condenada à destruição perpétua, para “nunca jamais” ser reconstruída (Ap.18.14,21,22). Finalmente, a igreja foi vingada por todo sofrimento que padeceu nas mãos de seus inimigos que maltrataram e mataram aqueles que tinham o testemunho de Jesus Cristo (Ap.6.9-11; 8.3-4; 12.17; 16.5-7).
A história testifica o declínio político-econômico do Império Romano durante os Séculos II a V. Aos poucos guerras civis, doenças e más administrações fizeram com que o império fosse enfraquecido economicamente, trazendo implicações políticas, pois nações romperam alianças importantes. Roma estava se tornando cada vez mais vulnerável. Em 24 de Agosto de 410 d.C. os bárbaros invadiram Roma, a fim de saqueá-la e destruí-la. A cidade foi queimada e os habitantes mortos diariamente, numa verdadeira carnificina. A igreja fora advertida da ameaça bárbara e aqueles que deram ouvidos ao alerta conseguiram salvar-se (Ap.18.4). Contudo, alguns cristãos não atenderam ao alerta e morreram junto aos pagãos de Roma. O mundo viu a “cidade eterna” ser destruída em três dias horrendos, pintada de vermelho com o sangue de seus habitantes. Desta forma, cumpriu-se a profecia de Apocalipse e a Babilônia, marcada com o sangue daqueles que morreram pelo nome de Jesus, caiu num só momento (Ap.18.21-24), preservando até hoje as ruinas de sua destruição, memorial que confirma a veracidade da Palavra do Senhor.

Capítulos 19 a 20.6 – O reinado milenar da igreja
Após a destruição do inimigo da igreja (Roma caiu em 24 de Agosto de 410 d.C. e o Império Romano em 476 d.C.) dá-se início ao período de domínio cristão sobre o mundo (século V ao XV). A igreja canta jubilosa e começa o processo de reeducação e reestruturação do mundo, a fim de substituir o mundo pagão greco-romano por um mundo cristão, propagando a cosmovisão cristã para todos os povos. A igreja, testemunha de Cristo no mundo, anuncia que somente Cristo é Senhor absoluto sobre tudo e todos, exigindo de todos completa submissão ao senhorio de Jesus. Então, as práticas pagãs são, pouco a pouco substituídas pelo cristianismo.
De acordo com o Amilenismo, a “prisão de Satanás” se deu por ocasião da morte e ressurreição de Cristo (Mt.12.29; 22.44). Contudo, de acordo com Apocalipse, a vitória de Cristo não trouxe a prisão de Satanás, mas sua expulsão das regiões celestiais, tirando de suas mãos o poder legal de acusar os homens por causa dos pecados (Ap.12.7-12). Satanás perdeu o direito legal de acusador, pois Cristo pagou a dívida na cruz, mas Satanás não foi aprisionado e, por isso, mesmo após a ascensão de Jesus, continuou perseguindo a igreja por meio dos judeus e romanos (Ap.12.13-18). Portanto, considerando que o milênio seria um período em que Satanás estaria preso, é um erro identificar o milênio da igreja com o período entre a primeira e segunda vinda de Cristo, tornando tal período vago e incoerente com a realidade caótica do mundo. Mesmo não podendo mais acusar o povo de Deus, por causa da justificação, Satanás continuou enganando as nações durante o domínio do paganismo por meio do poder político e econômico romano e através da cultura grega, resgatada após a soltura de Satanás: Renascença, Classicismo, Iluminismo, Evolucionismo, Feminismo etc. (Ap.20.7-9).
Portanto, assim como justificação e santificação são coisas distintas, também a impossibilidade de Satanás acusar a igreja é bem diferente de sua atuação destrutiva no mundo, enganando as nações com toda sorte de paganismo. Conforme Apocalipse, o milênio é qualificado como período de domínio do cristianismo sobre todas as demais nações e culturas. Hoje, por meio de uma leitura da história, é possível olharmos para trás e identificarmos um período em que o cristianismo predominou sobre o mundo, propagando a cultura do Reino de Deus em todas as esferas da sociedade. Esse período durou mil anos e precisa receber a atenção da igreja de nossos dias, a fim de ser bem compreendido e aproveitado.
É importante observar, ainda, que a Idade Média Cristã foi um período glorioso para o cristianismo, pois a igreja propagou os valores cristãos pelo mundo, cristianizando o ocidente e o oriente por meio de sua crescente hegemonia. O politeísmo foi quase extinto no ocidente; o homossexualismo deixou de ser algo aceitável para a sociedade; as ciências se curvaram a Deus por meio da exigência de que todo conhecimento passasse pelo crivo da Escritura Sagrada; a arte refletia as obras do Criador não mais a idolatria do homem; a arquitetura greco-romana deu lugar às construções teocêntricas; a cultura foi cristianizada e o mundo pagão foi substituído por um mundo cristão (moral) imposto sobre todos, tanto convertidos quanto não-convertidos, estabelecendo um domínio que durou cerca de mil anos sobre o mundo, regendo “com cetro de ferro” (Ap.12.5; 19.15), tornando Cristo conhecido de todas as principais civilizações do planeta.

Também gostaríamos de lembrar que o período de reinado da igreja não deve ser lido de forma utópica, ou seja, com características além das que se pode esperar num mundo pecador. Enquanto o cristão estiver dentro de um mundo pecador sua vida estará marcada por pecados, pois sua natureza não fora plenamente transformada ainda. De acordo com Paulo, tal transformação somente ocorrerá por ocasião da volta de Jesus quando os mortos ressuscitarão e a igreja será glorificada (1Co.15.50-58). Portanto, o reinado da igreja não significa seu estado de glorificação, mas, sim, seu domínio sobre o mundo, impondo os valores cristãos sobre o paganismo. Por essa razão, o Milênio cristão (a Idade Média Cristã) foi marcado por acertos e erros, momentos bons e, também, ruins. Todavia, o cristianismo foi bem sucedido em ter substituído o mundo pagão greco-romano por um novo mundo construído sobre o crivo da Escritura Sagrada, coibindo o pecado enquanto propagava a primazia de Cristo sobre tudo e todos. Os resultados da cristianização do mundo podem ser vistos ainda hoje em todas as esferas da sociedade.

Capítulos 20.7 a 22 – O final da história
O domínio cristão acaba aos poucos. A igreja entra em declínio, trazendo o fim de seu período milenar. Com o fim do Milênio, Satanás é “solto de sua prisão” a fim de “seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra” (Ap.20.7-8). O mundo que estava debaixo do domínio cristão se rebela contra a igreja, substituindo o teocentrismo pelo antropocentrismo, novamente. A igreja passa a ser vista como inimiga, outra vez, e o mundo se volta contra o povo de Deus, tanto física quanto culturalmente. A indicação de “pouco tempo” (Ap.20.3) da soltura de Satanás deve ser lida à luz dos milhares de anos em que ele esteve solto desde a queda de Adão e Eva (Gn.3) até sua prisão (Ap.20.2). Satanás enganou as nações por muito tempo, mas após o Milênio ele não teria mais os milhares de anos nos quais conduziu as nações ao paganismo. Seu tempo foi reduzido e, por isso, ele tem pressa em proliferar o mal no mundo.
Aos poucos, a partir do final da Idade Média, o mundo greco-romano é resgatado por meio da Renascença, Classicismo, Iluminismo, Evolucionismo, Feminismo etc. Paulatinamente, Satanás atrai as nações para o paganismo, fazendo com que o mundo se rebele contra todos os valores cristãos que foram propagados durante séculos. O humanismo fez do homem o centro e razão de tudo, resgatando o hedonismo do mundo antigo. O mundo retornou à cultura pagã, subjugando todas as esferas da sociedade aos enganos de Satanás. A arte se torna prostituta, a ciência ateia, a arquitetura reproduz a imagem do homem e a cultura enaltece os prazeres da carne. O mundo pagão se volta contra Deus novamente, dizendo: “rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas” (Sl.2.3). A prostituição alcança níveis absurdos e o homossexualismo volta às ruas. O mundo se torna uma grande Sodoma e Gomorra, uma imensa Babilônia.
Mas, qual o papel da Reforma Protestante do século XVI dentro da história? A Reforma Protestante foi uma providência divina (renovação da vida da igreja), com o fim de capacitá-la para as lutas que viriam nos séculos seguintes. A ameaça cultural-acadêmica proveniente do humanismo exigiu da igreja piedade, firmeza e maturidade, a fim de vencer os desafios de um mundo entregando-se pouco a pouco ao paganismo. Da mesma forma, outros movimentos posteriores ajudaram a igreja, renovando seu vigor, para que os cristãos não deixassem seu posto de batalha como testemunhas de Cristo no mundo. E, assim, em cada geração Deus provê uma renovação da Igreja reconduzindo-a ao conhecimento da Escritura, a fim de que Cristo seja sempre engrandecido diante de seus adversários.
Desta forma, nossos dias se encaixam perfeitamente em Apocalipse 20.7-8, sem data definida para acabar. O mundo caminha para o juízo dos inimigos de Deus, mas com respeito àquele dia ninguém sabe. A igreja deve continuar lutando com coragem e firmeza, certa de que Deus lhe concederá a vitória final (Ap.20.10), assim como fê-lo quando derrotou tantos inimigos do passado. Agora, aguardamos a consumação de tudo (Ap.20.10-22.21), mas enquanto esse dia não chega, devemos servir ao Senhor “firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1Co.15.58).

Após o período da soltura de Satanás ocorrerá a conclusão de tudo. O juízo final virá sobre Satanás e, também, sobre todos os ímpios que serão julgados conforme suas obras (Ap.20.11-15), enquanto que o povo de Deus será livrado da ira vindoura porque confiou na justiça de Cristo. Para estes, uma nova Jerusalém desce dos céus anunciando a restauração de todas as coisas. Uma nova e eterna vida aguarda os filhos de Deus que perseveraram na fé não cedendo às ameaças e seduções do mundo.

CONCLUSÃO
O coração de Apocalipse aborda os cinco primeiros séculos da era cristã, a idade antiga cristã, até a queda o arqui-inimigo da igreja. Ainda que os demais períodos, também, apareçam no livro (idade média e idade moderna), eles não são o foco do livro e não recebem muitos detalhes. Isso ocorre porque o livro de Apocalipse atende a uma necessidade imediata da igreja, semelhante ao que ocorre com os demais livros do Novo Testamento. Os cinco primeiros séculos da era cristã foram marcantes para a igreja, por causa da perseguição que assolou os cristãos. Foi nesse período que a igreja mais precisou de consolo e encorajamento para que não esmorecesse nem cedesse às tentações. Durante esse tempo, Apocalipse trouxe esperança para o povo de Deus, a fim de que continuasse perseverando na certeza de que Deus cumpriria sua promessa derrotando o inimigo da igreja.
Contudo, ainda que boa parte do livro de Apocalipse deva ser considerada como profecia cumprida na história, é evidente que a queda de Roma não trouxe o fim da história humana, mas o fim de uma etapa importante. Outros muitos inimigos cruéis apareceram na história, lutando contra Deus e sua igreja. A revelação das perseguições de Roma contra a igreja e a derrota dela no quinto século devem ser consideradas como exemplos para os cristãos de todas as gerações. Portanto, ainda que Apocalipse dê forte ênfase aos cinco primeiros séculos, eles servem de paradigma para os séculos seguintes, pois nos dias da soltura de Satanás as nações seriam enganadas outra vez com o propósito de atacar a igreja ferozmente.
O proposito deste artigo não é trazer todas as respostas, mas apontar o caminho para a interpretação de Apocalipse. Vimos que o contexto de Apocalipse é a perseguição e sedução do império romano; que a queda de Roma é principal evento, necessário para dar fim ao sofrimento da igreja; que apesar de simbólico, o livro aponta para uma história real e progressiva; e, que a queda de Roma daria início a um novo período da história: o Milênio Cristão. Esses eventos já se cumpriram e estão registrados na história, mas as aplicações de Apocalipse não se encerram com seu cumprimento, pois o livro revela à igreja que Deus está atento a seus sofrimentos e, também, tentações. Sempre que a igreja ler Apocalipse, ela será consolada com a promessa da vitória final sobre seus inimigos e, por fim, com o advento do Senhor Jesus que virá para buscar seu povo.
Após o período da soltura de Satanás ocorrerá a conclusão de tudo. O juízo final virá sobre Satanás e, também, sobre todos os ímpios que serão julgados conforme suas obras (Ap.20.11-15), enquanto que o povo de Deus será livrado da ira vindoura porque confiou na justiça de Cristo. Para estes, uma nova Jerusalém desce dos céus anunciando a restauração de todas as coisas. Uma nova e eterna vida aguarda os filhos de Deus que perseveraram na fé não cedendo às ameaças e seduções do mundo.

(Abaixo, um gráfico com minha visão Pós-Milenista historicista de Apocalipse. Para visualizar melhor a imagem, clique sobre o gráfico)