A Reforma Protestante

A Reforma Protestante do século XVI foi um fenômeno variado e complexo, que incluiu fatores políticos, sociais e intelectuais. Todavia, o seu elemento principal foi religioso, ou seja, a busca de um novo entendimento sobre a relação entre Deus e os seres humanos. Nesse esforço, a Reforma apoiou-se em três fundamentos ou pressupostos essenciais.

1. A centralidade da Escritura
Os reformadores redes
cobriram a Bíblia, que no final da Idade Média era um livro pouco acessível para a maioria dos cristãos. Eles estudaram, pregaram e traduziram a Palavra de Deus, tornando-a conhecida das pessoas. Eles afirmaram que a Escritura deve ser o padrão básico da fé e da vida cristã (2 Tm 3.16-17). Todas as convicções e práticas da Igreja deviam ser reavaliadas à luz da revelação especial de Deus. Esse princípio ficou consagrado na expressão latina “Sola Scriptura”, ou seja, somente a Escritura é a norma suprema para aquilo que os fiéis e a Igreja devem crer e praticar. Evidentemente, tal princípio teve conseqüências revolucionárias.

2. A justificação pela fé
Outro fundamento da Reforma, decorrente do anterior, foi a redescoberta do ensino bíblico de que a salvação é inteiramente uma dádiva da graça de Deus, sendo recebida por meio da fé, que também é dom do alto (Ef 2.8-9). Tendo em vista a obra expiatória realizada por Jesus Cristo na cruz, Deus justifica o pecador que crê, isto é, declara-o justo e aceita-o como justo, possuidor não de uma justiça própria, mas da justiça de Cristo. Essa verdade solene e fundamental foi afirmada pelos reformadores em três expressões latinas: “Solo Christo”, “Sola gratia” e “Sola fides”. Justificado pela graça mediante a fé, e não por obras, o pecador redimido é chamado para uma vida de serviço a Deus e ao próximo.

3. O sacerdócio de todos os crentes
A Igreja Medieval era dividida em duas partes: de um lado estava o clero, os religiosos, a hierarquia, a instituição eclesiástica; do outro lado estavam os fiéis, os leigos, os cristãos comuns. Acreditava-se que a salvação destes dependia da ministração daqueles. À luz das Escrituras, os reformadores eliminaram essa distinção. Todos, ministros e fiéis, são o povo de Deus, são sacerdotes do Altíssimo (1 Pedro 2.9-10). Como tais, todos têm livre acesso à presença do Pai, tendo como único mediador o Senhor Jesus Cristo. Além disso, cada cristão tem um ministério a realizar, como sacerdote, servo e instrumento de Deus na Igreja e na sociedade. Que esses princípios basilares, repletos de implicações revolucionárias, continuem sendo cultivados e vividos pelos herdeiros da Reforma.

Conclusão
A Reforma deixou um valioso legado para o cristianismo posterior. A igreja atual precisa tirar desse legado elementos que possam fundamentar sua teologia e prática, bem como orientar sua própria restauração desse legado. Fazendo assim, ela estará seguindo o lema dos reformadores: Ecclesia reformata semper reformanda (“igreja reformada, sempre se reformando”).


contribuição do Rev. Alderi Souza de Matos

LOCAL DO ENCONTRO ENTRE ABRAÃO E MELQUISEDEQUE É ENCONTRADO

Local do encontro entre Abraão e Melquisedeque é encontrado por Arqueólogo e Cientista chora. Local do encontro entre Abraão e Melquisedeque é encontrado por Arqueólogo e mundo surpreende. Os restos de um altar que ele encontrou em Jerusalém são o ponto onde Abraão encontrou o sumo sacerdote Melquisedeque, como lemos em Gênesis para um arqueólogo israelense .
Para Eli Shukron, que tem trabalhado com achados na cidade de Davi há muitos anos, esta é uma das suas descobertas mais importantes.


“Estamos em um lugar muito, muito importante. Volte para Melquisedeque. Volte para o tempo de Abraão. Entenda de que maneira essas pessoas estão adorando a Deus no começo”, disse Shukron ao site CBN News.
O arqueólogo lembra que em outros povos como no Egito e Mesopotâmia a adoração era feita em templos, com ouro e ídolos, mas apenas os hebreus usavam pedras.“A pedra é a casa de Deus, não há ouro nem diamantes, tudo é simples, é o que Deus quer que sejamos, simples. É fantástico. Por quê? Por que razão? Para nos conectar com Deus”, declarou Shukron.

O ESTUDIOSO DIZ QUE ALI HÁ A COMBINAÇÃO DO ALTAR PARA O SACRIFÍCIO, O CANAL DO SANGUE, O PREGO DO AZEITE PARA O ÓLEO DA UNÇÃO, O LUGAR PARA AMARRAR OS ANIMAIS DO SACRIFÍCIO. A DESCRIÇÃO DESSE ENCONTRO ESTÁ EM GÊNESIS 14 QUE DIZ: “ENTÃO MELQUISEDEQUE, REI DE SALÉM, TROUXE PÃO E VINHO; ELE ERA O SACERDOTE DO DEUS ALTÍSSIMO. E ABENÇOOU-O E DISSE: BENDITO SEJA ABRÃO DO DEUS MAIS SUBLIME, POSSUIDOR DO CÉU E DA TERRA; E ABENÇOADO SEJA O DEUS ALTÍSSIMO, QUE ENTREGOU SEUS INIMIGOS EM SUAS MÃOS. E ELE DEU A ELE UM DÍZIMO DE TUDO.”

A bênção do pão e do vinho é uma tradição e um estilo de vida que continua cerca de 4000 anos depois, como explica o arqueólogo, e a entrega do dízimo é uma forma de adoração.
“O que estamos fazendo hoje? O judeu, o cristão… O que estamos fazendo? Estamos abençoando o pão e o vinho de uma maneira diferente, mas abençoando o pão e o vinho”, disse Shukron.
“Onde tudo começou? Aqui na cidade de Davi, no Templo de Melquisedeque . Este é o lugar. É onde estamos e isso é incrível para entender isso”, completou

TEMPLO EGÍPCIO DE 2 MIL ANOS É ENCONTRADO NAS MARGENS DO RIO NILO

O lugar teria sido construído durante o reinado de Ptolomeu IV e seria uma homenagem ao deus egípcio da fertilidade
Trabalhadores da construção civil que faziam escavações para a implementação de uma rede de esgotos, na cidade egípcia de Tama, descobriram algo inacreditável: um templo de 2.200 anos da dinastia de Ptolomeu IV.
Segundo o Ministério de Antiguidade do Egito, a construção foi interrompida imediatamente para que os arqueólogos pudessem averiguar o local, próximo às margens do Rio Nilo. Até agora, foram encontradas algumas paredes que possuem decorações dedicadas a Hopi, deus egípcio da fertilidade e a quem os antigos egípcios prestavam homenagens e faziam oferendas para que a colheita fosse abundante.
Algumas das gravuras mostram Hopi carregando oferendas enquanto era cercado por pássaros e outros animais. Além disso, hieróglifos mencionam Ptolomeu IV, o que pode indicar que ele foi responsável pela construção do templo religioso.
Registros históricos dão conta de que o reinado de Ptolomeu IV não foi bem-sucedido, já que o faraó estava mais interessado em festejar e fingir ser um artista do que administrar um reino. Ele supostamente terceirizou a maior parte de seu trabalho e por pouco não perdeu o território de Celessíria (atualmente a região abrange partes do Líbano e da Síria) para rivais do Império Selêucida.
Os ptolomeus eram gregos macedônios que governaram o Egito de 305 a.C. a 30 a.C., assumindo frequentemente os símbolos reais e religiosos de antigos governantes egípcios. A monarca mais famosa dessa dinastia foi Cleópatra, que governou de 51 a.C até 30 a.C. Após sua morte, o Egito se tornou uma província do Império Romano. 

O Partenon, Atenas

O Partenon fica na área sul da Acrópole de Atenas e foi dedicado às deusas Athena. O nome "Parthenon" se refere ao epíteto "parthenos" de Athena, que significa virgem. A estrutura foi construída entre 447 e 432 aC, pelos arquitetos Callicrates e Ictino, sob a supervisão de Phidias, que também foi encarregado da decoração escultórica.

Resíduos de cobre de 3.000 anos provam que reino bíblico existiu


Escavações de antigas minas de cobre acrescentaram peso ao relato bíblico de um reino que existia antes de Israel – uma grande descoberta para uma região onde a arqueologia é tão importante histórica e politicamente.
Análises das minas de cobre em Edom – uma área histórica nas modernas nações da Jordânia e Israel ao sul do mar Morto – são vistas como evidência de que o estado mencionado no primeiro livro da Bíblia cristã, o Gênesis, existiu. Edom aparece no livro como um estado que existia "antes dos reis governarem os filhos de Israel".
A palavra hebraica Edom significa "vermelho", e o nome da área está associado a Esaú, o filho mais velho do patriarca Isaac, porque ele tinha um olhar avermelhado no nascimento. Aliás, a paisagem montanhosa de Edom brilha com uma tonalidade avermelhada.
A terra é rica em cobre e já foi o lar de muitos em busca de minas de cobre. Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego e da Universidade de Tel Aviv estudaram pilhas de resíduos deixadas nas minas de cobre nos dois principais centros de produção, Faynan e Timna, localizados a cerca de 100 quilômetros de distância um do outro.

Produção de cobre

A pesquisa concluiu que o início da produção de cobre provavelmente começou na região com o Novo Reino Egípcio, então superpotência regional, por volta do século XIII a.C.
Os egípcios teriam sido levados a abandonar Edom após o declínio da civilização em meados do século XII a.C., quando o Mediterrâneo Oriental atravessava o período misterioso do colapso da Idade do Bronze Final. No entanto, a produção de metais ainda continuou em Edom após a saída do Egito "em uma escala industrial" e até melhorou.
Uma comparação entre os dados de Faynan e Timna mostrou que os dois locais deram um "salto tecnológico" na tecnologia de fundição ao mesmo tempo, algo que os pesquisadores dizem indicar que ambos eram geridos por uma autoridade central.
"O impressionante acordo síncrono entre a tecnologia em Timna e Faynan, evidente já no século XI a.C. [...] sugere que um órgão político abrangente já existia na região neste momento", diz o estudo. "Uma maior centralização deste corpo político é evidente nas mudanças observadas em relação a 1000 a.C.".

Discussão científica

Os dois locais teriam começado simultaneamente a introduzir fortificações, o que foi provavelmente ditado pela necessidade de defesa do Estado contra inimigos externos.
Esta nova teoria desafia a visão de muitos arqueólogos de que a terra foi povoada por uma aliança perdida de tribos na virada do primeiro milênio a.C., e se enquadra na história bíblica de um reino edomita.
Não há consenso universal sobre as conclusões do estudo. "Podem os nômades do deserto, mesmo uma formação territorial de nômades do deserto, sem centros urbanos, ser descritos como um 'reino'?", indagou Israel Finkelstein, um arqueólogo da Universidade de Tel Aviv ao The Times.
O professor Tom Levy, da Universidade da Califórnia, autor do estudo, ressaltou que a pesquisa se baseou em uma arqueologia mista com ciência da computação, engenharia e ciências naturais.
"Os dados nos levaram a um lugar onde o registro arqueológico realmente coincide com muitos aspectos da Bíblia Hebraica e do Edom bíblico. Isto foi uma surpresa para nós", concluiu o professor.

A busca pela mãe de todas as línguas

Os 3 mil idiomas atuais podem ter a mesma origem. Na busca pela lingua-mãe, pesquisadores descobrem semelhanças incríveis que talvez não sejam coincidências.

Recolhido a seus aposentos numa certa noite do final do século VII a.C., Psamético, um dos últimos faraós do Egito, que reinou de 664 a 610 a.C., refletia sobre as línguas que os homens falavam. Sua riqueza e diversidade, as semelhanças e as diferenças entre as palavras, as pronúncias, as inflexões de voz, tudo o fascinava – principalmente a idéia de que essa multiplicidade tinha uma origem comum, uma língua mãe falada por toda a humanidade num tempo muito remoto, como afirmavam as lendas da época. O faraó imaginou então uma experiência engenhosa e cruel. Convencido de que, se ninguém ensinasse os bebês a falar, eles se expressariam naquele idioma original, determinou que dois irmãos gêmeos fossem tirados da mãe logo ao nascer e entregues a um pastor para que os criasse. O pastor recebeu ordens severas, sob pena de morte, de jamais pronunciar qualquer palavra na presença das crianças.

Quando completaram 2 anos, o faraó mandou que se deixasse de alimentá-las, na suposição de que a pressão da fome faria com que pedissem comida em sua “língua natural”. Não se sabe bem o que aconteceu, mas tudo indica que o pastor, movido pela compaixão, não fez exatamente o que lhe havia sido ordenado. Pois o inverossímil relato enviado ao faraó informava que um dos meninos, faminto, havia pedido pão em cíntio, idioma falado antigamente na região que viria a ser a Ucrânia, na União Soviética. Assim, satisfeito com o desfecho da impiedosa pesquisa, Psamético decretou que o cíntio era a língua original da humanidade. Por incrível que pareça, a experiência seria repetida dezenove séculos mais tarde. O idealizador foi o rei germânico Frederico II (1194-1250), que pelo visto não se convenceu das conclusões do faraó. Certamente vigiado mais de perto, o experimento resultou no inevitável: os dois gêmeos morreram.
De Psamético I aos dias de hoje, passando por Frederico II, muitos outros homens igualmente curiosos se perguntaram qual teria sido e como seria possível reviver o idioma do qual brotaram todos os demais. Essa indagação se transformou modernamente numa área de pesquisa de ponta em Linguística, a ciência que estuda a evolução das línguas, suas estruturas e possíveis inter-relações no quadro histórico e social. Os estudos viriam confirmar a crença dos antigos. Segundo o linguista Cidmar Teodoro Pais, da Universidade de São Paulo, a comparação entre as várias línguas do planeta, tanto as ainda faladas quanto as já desaparecidas, revela efetivamente algumas características comuns que apontam para a possível existência de uma língua primeira, mãe de todas. Nesse ponto, a Linguística parece se afinar com as mitologias que descrevem a dispersão das línguas pelo mundo.
A mais conhecida delas é a história bíblica da Torre de Babel. Segundo o Antigo Testamento, a multiplicação das línguas foi um castigo de Deus à pretensão dos homens de construir uma torre cujo topo penetrasse no céu. As lendas chinesas contam que a divisão da língua original fez com que o universo “se desviasse do caminho certo”. Na mitologia persa, Arimã, o espírito do mal, pulverizou a linguagem dos homens em trinta idiomas. E um dos livros sagrados dos maias, o Popol Vuh, lamenta: “Aqui as línguas da tribo mudaram – sua fala ficou diferente. (…) Nossa língua era uma quando partimos de Tulán. Ai! Esquecemos nossa fala”.
Hoje muitos linguistas estão empenhados em passar da lenda à verdade histórica, mas a tarefa é de extrema dificuldade. O exercício da Linguística como ciência, por sinal, está longe de ser uma atividade simples ou compensadora. Ao contrário, linguistas freqüentemente passam anônimos pelo mundo, ao contrário de outros escavadores do passado humano, como os arqueólogos e paleontólogos. Grandes nomes da Linguística deste século, os franceses Ferdinand de Saussure, Émile Benveniste e o americano Noam Chomsky são ilustres desconhecidos para o público leigo. “Definitivamente”, resigna-se o linguista Flávio di Giorgi, da Universidade Católica de São Paulo, “esta ciência que se faz debruçado sobre manuscritos antigos, inscrições ou reconstituições de línguas não tem qualquer vocação para ser popular.”

Para quem gosta, porém. é um prato cheio. “Já me diverti muito estudando Linguística”, conta Teodoro Pais, um professor de óculos de lentes grossas, fala mansa e hábitos metódicos, no ramo há 30 de seus 50 anos de vida. Afinal, os atuais 5 bilhões de seres humanos se comunicam recorrendo a um estoque de cerca de 3 mil línguas espalhadas pelos quatro cantos do mundo. Essas, mais outros milhares já esquecidas que deixaram algum tipo de registro escrito, foram agrupadas em doze famílias linguísticas importantes e cinqüenta menos importantes.

Essas duas grandes arrumações familiares aparentemente nada têm em comum – e eis aí a suprema dificuldade dos pesquisadores: eles farejam semelhanças onde o que salta aos olhos são diferenças. As buscas, contudo, têm o estímulo das barreiras já derrubadas. Quem diria, por exemplo, que há algum parentesco, embora remoto, entre o português e o sânscrito, uma língua falada na Índia há milhares de anos, e ainda a sua versão moderna, o hindi? E, no entanto, o parentesco existe.

Descobriram os linguistas que esses idiomas descendem de um mesmo e único tronco, o indo-europeu, pertencendo portanto à grande família das línguas indo-européias que inclui também o grego, o armênio, o russo, o alemão, entre muitas outras. Hoje, aproximadamente a metade da população mundial tem como língua nativa um idioma dessa família. Foi justamente a descoberta do parentesco entre o sânscrito e as línguas européias, no século XVIII, que fez nascer a Linguística histórica, dedicada a investigar essas similaridades. A tese da origem comum foi proposta em 1786 por Sir William Jones, um jurista inglês cujo passatempo era estudar as culturas orientais. A partir de então, os linguistas europeus passaram a se dedicar a duas tarefas: uma, refazer passo a passo a árvore genealógica dessa família, trilhando a história de sua evolução, outra, reconstituir a língua perdida que dera origem a todas, o indo-europeu. Esse trabalho não se faz às cegas, ou por ensaio e erro. A pesquisa percorre o caminho aberto pelas leis linguísticas, resultantes de outros estudos, que mostram como os sons e os sentidos das palavras evoluem com o tempo, promovendo a transformação das línguas. Essas leis são estabelecidas a partir de comparações entre palavras. Por exemplo, do latim lacte e nocte vieram as formas leite e noite. Comparando-se os termos, percebe-se que o “c” das palavras em latim virou “i” nos vocábulos em português. No século passado, o trabalho dos linguistas se apoiou fortemente numa lei formulada em 1822 pelo alemão Jacob Grimm (1785-1863), mais conhecido pelos contos de fadas que escreveu com seu irmão Wilhelm, entre os quais Branca de Neve e os sete anões.

A lei de Grimm afirmava ser possível prever como alguns grupos de consoantes se modificariam com o tempo nas línguas indo-européias. Entre outras coisas, ele dizia que uma consoante forte ou sonora (pronunciada fazendo-se vibrar as cordas vocais) tendia a ser substituída por sua equivalente fraca ou surda (pronunciada sem vibração das cordas vocais). O “b” e o “p”constituem um par desse tipo, assim como o “d” e o “t”. “B” e “d ” são fortes, “p” e “t” são fracas, como se pode comprovar, pronunciando-os com a mão na garganta. Com base nessas leis, foi possível mostrar, por exemplo, que a forma dhar em sânscrito, que significa puxar, trazer, originou o inglês draw, o alemão tragen, o latim trahere e o português trazer, todos com significado semelhante. O “d” da palavra em sânscrito virou “t” nas outras línguas. Pode-se concluir ainda que a palavra em inglês evoluiu menos que nas demais, pois se manteve fiel ao som original do sânscrito.

Os linguistas puderam assim “estabelecer um modelo confiável das relações familiares entre as línguas”, conta o paulista di Giorgi, “construindo um modelo bastante aceitável do que teria sido a língua ancestral – o proto-indoeuropeu.” O que se ambiciona, porém é uma descoberta muito maior. Dispondo das reconstituições dos ancestrais de grande parte das famílias mais importantes, os linguistas tentam achar relações entre as próprias protolínguas. O primeiro e maior obstáculo é justamente o material de que dispõem. Apesar de resultarem de cuidadosa montagem científica, as protolínguas não passam de modelos, pouco mais que sombras do que terão sido as línguas antigas. Algo como um dinossauro de museu em relação ao bicho verdadeiro.

“Nesse ponto, a análise avança com base na cultura, pois não se dispõem mais de documentos escritos”, explica Teodoro Pais, da USP, que conhece sânscrito e gostava de trocar cartas com os colegas em proto-indo-europeu. Toda língua produz e reflete cultura e não é à toa que, fundamentados nas palavras reconstituídas da protolíngua, os pesquisadores podem inferir com razoável margem de confiança os hábitos do povo que a falava. Com esses dados é possível construir pontes até outros grupos aparentemente não relacionados. Por exemplo, tanto nas línguas indo-européias quanto no grupo semítico, as palavras homem e terra originalmente se confundem. Em hebraico, são respectivamente adam e adamah, ambas derivadas de uma raiz comum em proto-semítico.

Em proto-indo-europeu, a palavra dheghom tem os dois significados. A parte final originou o latim homo (homem) e humus (terra, solo). Assim, embora não haja parentesco etimológico algum entre as palavras semíticas e indo-européias, é clara a semelhança quanto à maneira de pensar e classificar o mundo entre as populações de ambos os grupos linguísticos. As mais recentes descobertas da Arqueologia e até da Genética conduzem à mesma idéia: é possível agrupar as grandes famílias em famílias ainda maiores, um avanço formidável na busca da língua-mãe. Há mais de vinte anos, os linguistas russos Vladislav M. Illich Svitch e Aron Dolgopolsky propuseram que o indo-europeu, o semítico e a família das línguas dravídicas da Índia poderiam fazer parte de uma superfamília, chamada então nostrática. Na época, o trabalho foi encarado com desconfiança. Depois, ganhou alguma aceitação nos meios científicos. Há pouco, enfim, uma descoberta da Genética parece ter dado nova projeção ao trabalho dos soviéticos.

A partir de análises de grupos sangüineos de várias populações, a equipe do geneticista Allan C. Wilson, da Universidade da Califórnia. em Berkeley, concluiu que há um grande parentesco genético entre os falantes das línguas indo-européias, semíticas e dravídicas. Isso quer dizer que, ocupando uma vastíssima porção do planeta, da Ásia às Américas, eles têm mais em comum entre si do que, digamos, com os japoneses ou os esquimós. Essa descoberta coincide de forma espantosa com a teoria da superfamília nostrática. Em outra frente, pesquisas arqueológicas e linguísticas estão finalmente determinando o local de origem do proto-indo-europeu-um dos objetivos dos linguistas desde o século passado.

Até os anos 40, os pesquisadores acreditavam que o berço do indo-europeu estava situado no norte da Alemanha e da Polônia. Essa teoria, sustentada por deduções bastante ingênuas, foi usada nada ingenuamente pelos nazistas para confirmar sua teoria de que a raça tida como pura dos arianos surgira ali mesmo. Os linguistas imaginavam que, se fosse possível estabelecer um pequeno vocabulário comum à maioria da línguas indo-européias, estariam diante de algumas palavras localizadoras, sobreviventes do proto-indo-europeu, em cuja terra natal seriam ainda faladas. Uma dessas tentativas estabeleceu três palavras localizadoras – tartaruga, faia (uma árvore) e salmão. O único lugar onde todas elas podiam ser encontradas era uma área da Europa Central entre os rios Elba, Oder e Reno, na Alemanha, de um lado, e o Vístula, na Polônia, de outro. Ali havia salmões, tartarugas e faias. Não havia tartarugas ao norte da fronteira alemã, faias a leste do Vístula nem salmões a oeste do Reno. O método acabou desacreditado, pois muitas das palavras localizadoras estão sujeitas a mudanças de sentido, não sendo portanto instrumentos confiáveis.

As pesquisas mais recentes afirmam que o proto-indo-europeu era falado há cerca de 6 mil anos na Ásia e não na Europa Central. Dois trabalhos, um do americano Colin Renfrew, outro dos soviéticos Thomas Gamkrelidze e V.V. Ivanov, concordam ao apontar o berço do indo-europeu como o planalto da Anatólia, uma região que vai da Turquia à República da Armênia, que faz parte da União Soviética. Dali, movidos pela busca de terras férteis e de novos campos de caça, os indo-europeus migraram, há uns cinco milênios, seja para a Europa, seja para a Ásia. A corrida à procura da língua-mãe está apenas começando mas desde já nessa aventura científica não faltam algumas descobertas insólitas.

Uma delas é a incrível semelhança de palavras entre as línguas indígenas da América pré-colombiana e idiomas falados pelos povos do Mediterrâneo e Oriente Médio. Por exemplo, os índios araucanos do Chile usam a mesma palavra que os antigos egípcios, anta, para designar o Sol e a mesma palavra que os antigos sumérios, bal, para machado. A palavra araucana para cidade é kar, semelhante a cidade em fenício, que é kart. Há mais: a palavra maia thallac, que designa “o que não é sólido”, é semelhante a Thallath, o nome da deusa do caos na antiga Babilônia. Curiosamente, thallac lembra ainda thalassa, mar em grego, e Tlaloc, o deus asteca da chuva. Shapash, o deus-sol dos fenícios, é também o deus-sol dos índios klamath, no Oregon, Estados Unidos. Essas misteriosas semelhanças escapam a qualquer tentativa de classificação. Mas, como disse certa vez Albert Einstein, o mistério é a fonte de toda verdadeira ciência. Desde que, para resolvê-lo, não seja preciso negar comida a crianças, como fizeram um faraó egípcio e um rei germânico.

FONTE: SUPER INTERESSANTE.

Descoberta traz evidências da existência de Golias

A cidade de Gate, descrita na Bíblia Sagrada como “lar dos gigantes”, entre eles Golias, está sendo escavada por uma equipe de arqueólogos, que descobriram enormes fortificações milenares com tamanho sem precedentes para seu tempo e lugar. As descobertas, com idade estimada superior a três mil anos, são ruínas monumentais encontradas sob os restos de uma camada mais superficial e já bem explorada pelos pesquisadores no assentamento filisteu, indicando que trata-se de uma cidade mais antiga que foi parcialmente ou completamente construída pelas gerações subsequentes.
Para os pesquisadores, a cidade em que Golias nasceu aparentemente seria essa das ruínas localizadas somente agora, e não aquela sob investigação arqueológica por décadas.

Segundo informações do portal israelense Haaretz, a descoberta sugere que Gate estava no auge de seu poder muito antes do que se pensava, colocando seu auge na época em que a cidade aparece fortemente na narrativa bíblica como um feroz rival dos primeiros israelitas, bem como a cidade natal de Golias e outros guerreiros bíblicos descomunais.
“Eu tenho cavado aqui por 23 anos, e este lugar ainda consegue me surpreender”, declarou o arqueólogo Aren Maeir, professor da Universidade Bar-Ilan e líder da expedição em Gate. “O tempo todo nós tivemos essa cidade gigante e mais velha que estava escondida a apenas um metro sob a cidade que estávamos cavando”, acrescentou, demonstrando sua surpresa com a descoberta atual.

Localizado no sul de Israel, o local é hoje conhecido como Tell es-Safi, caracterizado por por um monte, em grande parte constituído pelas ruínas estratificadas de múltiplos assentamentos de outros povos. Os achados em Tell es-Safi vão desde os restos mortais datados de cinco mil anos antes de Cristo, até um castelo medieval dos cruzados e uma moderna aldeia árabe destruída na Guerra da Independência de 1948 em Israel. A maioria dos estudiosos aceita a identificação deste local como a cidade bíblica de Gate, em grande parte devido à sua localização e aos principais vestígios da era filistéia encontrados ali. Essa cidade é mencionada na Bíblia mais vezes que qualquer uma das cinco principais cidades filistéias (as outras quatro são Ascalão, Asdode, Ecrom e Gaza). Diz-se que Gate hospedou a Arca da Aliança por um breve tempo depois que os filisteus a capturaram dos israelitas (I Samuel 5: 8) e é onde Davi se escondeu duas vezes do rei Saul, eventualmente se tornando um mercenário para o governante da cidade, Aquis (I Samuel 21 e I Samuel 27).

2 -Cidade oculta:

Os arqueólogos cavaram assentamentos filisteus por décadas, descobriram templos, casas de tijolos de barro e enormes prensas de óleo que formam a imagem de uma cidade movimentada que se estende por 50 hectares, com uma população estimada entre cinco e dez mil pessoas.

“Esta foi a maior cidade filistéia e provavelmente uma das maiores do Levante da Idade do Ferro”, declarou o professor Maeir. “Cidades maiores só foram encontradas fora do Levante, como no Egito e na Mesopotâmia”, pontuou.

Essas ruínas filisteias foram datadas de um período chamado a Idade do Ferro IIA, aproximadamente do final do século 10 aC até o final do século IX aC, quando a cidade foi destruída em uma conflagração, provavelmente na conquista da área pelo rei dos Arameus, Hazael, por volta de 830 aC – um evento registrado na Bíblia (II Reis 12:17).

Gate nunca se recuperou desse golpe: foi mais tarde reconstruída como um pequeno assentamento judaico, mas foi destruída novamente pelos assírios no final do oitavo século aC. Até agora, os pesquisadores pensavam que Gate teria crescido principalmente durante aquela breve janela entre o final do século 10 aC e a chegada de Hazael, embora esse período seja um pouco mais tarde do que a maioria das histórias bíblicas em que a cidade se destaca.

Pela cronologia bíblica, Saul e Davi, que tão frequentemente tiveram relações com os geteus, viveram no final do século XI até o início do século X aC. “Até agora pensávamos que a cidade da Idade do Ferro, a que foi destruída por Hazael, era o maior e mais importante período em Gate”, diz Maeir. “Este ano nós tivemos uma história diferente”.

Durante a campanha de escavação no verão da região, que terminou no meio de julho último, os arqueólogos decidiram investigar as fundações de grandes terraços localizados na cidade baixa de Gate, que só foi habitada durante a Idade do Ferro. A escavação revelou que esses terraços estavam assentados em enormes fortificações e edifícios maiores feitos de enormes pedras e tijolos queimados – um método que os torna mais fortes do que os tradicionais tijolos de barro secos ao sol.

Em algumas áreas essas paredes têm quatro metros de espessura ou mais, e a cerâmica associada a elas remonta ao início da Idade do Ferro, ao século 11 aC ou possivelmente ainda mais antigas. Nenhuma estrutura comparativamente colossal é conhecida no resto do Levante deste período – ou mesmo da encarnação posterior do Filisteu Gate, diz Maeir.

“Seja o que for, é enorme”, disse o professor durante uma visita ao local. “É como se o local de Gate no início da Idade do Ferro fosse menor que a cidade posterior”.

Essas estruturas monumentais se encaixam com a imagem de Gate como uma grande potência regional já no início da Idade do Ferro – um quadro que pode ser evidenciado a partir da Bíblia e as evidências arqueológicas na região circundante. Assentamentos próximos no vale de Elá, como Azeca e Khirbet Qeiyafa mostram sinais de destruição durante este período, sugerindo que Gate estava preservando agressivamente sua hegemonia local, disse o arqueólogo responsável.

Por fim, os pesquisadores ainda não estão convencidos sobre a veracidade total das histórias narradas na Bíblia Sagrada sobre a era marcada pelos reinos de Saul, Davi e Salomão. Mas, eles já sabem que quando Davi se refugiou da perseguição de Saul em Gate, ele vislumbrou as paredes recentemente descobertas quando ele entrou na cidade.