Divergências quanto à veracidade da “descoberta” acirram discussões.
A notícia sobre suposta localização da Arca da Aliança na Etiópia está movimentando os meios de comunicação e a opinião de pesquisadores, inclusive de Israel, que discordam de recente revelação feita pelo Instituto de Pesquisa e Exploração em Arqueologia Bíblica (Base).
Além da controvérsia quanto ao local onde a peça estaria hoje – muito distante de Jerusalém, de onde teria sido levada –, não há prova de que se trata, de fato, da verdadeira Arca, sagrada para judeus e cristãos.
Liderado pelo americano Bob Cornuke, um ex-investigador da polícia e autor do livro “Em Busca da Arca da Aliança”, o Instituto Base diz que o resultado da pesquisa surgiu após expedições que fizeram pela Etiópia, Egito, Israel e Roma. “Uma teoria emergente indica que a Arca da Aliança foi transportada do antigo Israel e pode estar na Etiópia hoje”, declara o instituto.
Cornuke conta que a relíquia tem sido mantida sob a guarda de monges cristãos no país africano desde sua chegada, cuja data não é revelada. Ele afirma que durante suas pesquisas recebeu diversas informações que o fizeram crer tratar-se da verdadeira Arca. “Eu pude falar, através de um intérprete, com o Guardião da Arca, que me disse que nenhum outro homem além de si mesmo poderia colocar os olhos na Arca, que era um objeto absolutamente sagrado”.
Outra entrevista feita pelo presidente do Instituto Base foi com um padre de 105 anos, que já foi o administrador da igreja onde está a suposta Arca. Segundo o sacerdote, é “uma caixa de ouro com dois anjos alados no topo.” Para Cornuke, há evidências convincentes de que a Arca pode ter sido levada pelo rio Nilo para um local de descanso final nas remotas terras altas da antiga Kush – a moderna Etiópia.
O que existe de verdade, além das pesquisas e o grande interesse em encontrar a Arca da Aliança, são as controvérsias em volta da relíquia sagrada.
Controvérsias
Na opinião de religiosos judeus, tudo não passa de teoria anti-semita, já que o objeto não pode ser visto por ninguém, o que torna impossível a investigação e comprovação de sua veracidade. “Parece basear-se mais na agenda pessoal do autor, dentro da teologia da substituição, do que na arqueologia e no fato.”
A grande curiosidade por parte do público faz com que haja interesse cada vez mais crescente dos veículos em noticiar sobre achados arqueológicos dos tempos bíblicos, que acabam comprovando verdades bíblicas. No caso da Arca da Aliança, tal notícia ganhou ainda mais força e repercussão em virtude de toda a simbologia da peça e dos lugares sagrados aos quais ela remete, como o Templo de Salomão e o Monte Sinai.
Presença de Deus
A Arca da Aliança simbolizava a presença de Deus entre o povo hebreu. Era de madeira revestida de ouro, onde ficavam guardadas as duas tábuas de pedra nas quais estavam esculpidos os Dez Mandamentos da lei de Deus, dados a Moisés, além da vara de Arão e do maná (pão que descia do céu para alimentar o povo no deserto).
Peça sagrada para o povo de Deus, a arca da aliança sofreu inúmeros deslocamentos desde a peregrinação pelo deserto (quando ficou instalada no Tabernáculo), passando por diversos reinados em Israel até ter sido colocada no Templo construído pelo rei Salomão, filho de Davi. De lá foi tirada após o ataque babilônico, que culminou com a destruição do templo.
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