Foi descoberto em Israel um tecido com 2 mil anos tingido com a enigmática tintura azulada "púrpura" descrita na Bíblia.
Desde os dias de Jesus que tinha sido encontrada apenas 1 amostra desta "cor sagrada" descrita no Antigo Testamento com o nome hebraico "tekhelet", cujo significado é: turquesa, ou azul.
A primeira foi encontrada em Massada, mas o azul dessa amostra de pano era mais escuro. Este actual achado é muito mais próximo da cor original, daí a importância do mesmo.
Esta cor azulada era usada na vestimenta do sumo sacerdote de Israel, só que foi-se perdendo ao longo do tempo, permanecendo sempre um enigma ao longo de muitas gerações.
Durante séculos se discutiu qual seria a verdadeira tonalidade deste "azul púrpura" que, no entender de muitos, simboliza a cor dos céus.
O tecido encontrado e em que foi tingida esta cor poderá ter pertencido a refugiados judeus do tempo da revolução de Bar-Kokhba dos anos 132 - 135 d.C.
O pano agora achado contém alguns dos únicos resquícios jamais encontrados desta antiga coloração, cujo tingimento era feito através de um caramujo (caracol do mar) chamado Murex trunculus.
A glândula deste caramujo libera um fluído amarelo que, quando exposto à luz solar, torna-se azul-púrpura e pode ser utilizada para tingir tecidos.
Esta recente descoberta foi feita por Naama Sukenik, da Autoridade para as Antiguidades de Israel, e deu-se após a investigação de um pequeno têxtil de lã encontrado nos anos 50.
Pesquisadores e rabinos têm tentado desde há muito encontrar esta cor enigmática que a Bíblia ordenava que os judeus usassem na orla das suas vestes.
"Fala aos filhos de Israel e dize-lhes que, nas bordas dos seus vestidos, façam franjas, pelas suas gerações; e, nas franjas das bordas, porão um cordão de azul." (Números 15:38)
O Livro das Crónicas revela-nos por exemplo que o véu do Templo de Salomão
era tingido de azul-púrpura. Já no tabernáculo construído por Moisés o véu tinha também de ser tingido de "azul púrpura"
- Êxodo 26:31.
O sacerdote tinha também que usar paramentos em azul púrpura, como o "manto de éfod" e as mantas do mesmo (Êxodo 28:31, 33).
Essa coloração tinha no entanto sido perdida ao longo do tempo.
Milhares de fragmentos de panos datando da época romana têm sido já encontrados no deserto da Judeia, mas até ao momento apenas dois deles foram descobertos com tintura extraída do caramujo.
Além do pano azul descoberto, Sukenik encontrou ainda dois outros tecidos com a cor púrpura que poderão ter sido usados no tempo dos romanos.
Esta descoberta foi feita nas grutas de Wadi Murabba, localizadas a sul de Qumran, e envolveu a análise de colorações feitas em 180 tecidos.
De todas as cores utilizadas para tingir tecidos na época helenística e romana e nos dias de Jesus, a púrpura era considerada a de maior prestígio. Houve até ocasiões em que o povo era proibido de usar roupas tingidas de cor púrpura, uma vez que era permitida apenas ao imperador e seus familiares.
Estas medidas serviram para aumentar o prestígio da cor púrpura, cujo preço atingiu os níveis do próprio ouro.
Sendo um prestigiado rabino, certamente que o Messias Jesus também usou esta coloração de púrpura na "orla do Seu manto". Alguns textos do Novo Testamento descrevem o desejo de muitos enfermos e necessitados de tocar na orla do vestido de Jesus: "...trouxeram-Lhe todos os que estavam enfermos. E rogavam-Lhe que, ao menos, eles pudessem tocar a orla do Seu manto; e todos os que a tocavam, ficavam sãos." (Mateus 14:35, 36. Confira também 9:20 - 22).
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