Reflexão do Dia - Evangelho Segundo João 14:1-12

Paz, graça e bem,

A reflexão de hoje é sobre um trecho do discurso de Jesus na última ceia com os seus discípulos. João deu importância à última ceia, dedicando aproximadamente 5 capítulos ao relato deste evento. Os discípulos estavam abatidos e desanimados, a ceia tinha perdido o seu clima festivo, Jesus tenta recuperar a alegria e o entusiasmo dos discípulos.

Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. João 14:1 ⇒⇒ os discípulos estão abalados e tristes, há uma situação difícil de ser aceita e compreendida. É interessante que, embora fale para todo o grupo dos discípulos, Jesus se refere ao coração no singular, evidenciando a importância da unidade da fé na comunidade cristã de todas as épocas e de todos os tempos. Apesar dos conflitos internos, a comunidade não pode desistir de ter um só coração, ou seja, um único mandamento amor. João também está ensinando que a fé em Deus e a fé em Jesus são uma única fé.

Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. João 14:1,2 ⇒⇒ Essa é uma das afirmações mais revolucionárias de todo o Evangelho, embora tenha sido muito mal compreendida ao longo dos séculos. Jesus reforça cada vez mais a importância da comunidade cristã, ela passa a ser "a nova casa do Pai", uma vez que a antiga - o templo - fora transformada em casa de negócio. Jesus não está se referindo ao céu enquanto morada do Pai, e nem prometendo reservar lugares para os seus discípulos, Ele está fazendo uma mudança radical de paradigma: a nova casa do Pai é a comunidade cristã, na qual há espaço para todos e todas, compreendendo toda a diversidade de dons e carismas.Ao invés de irmos ao templo para encontrar Deus, devemos acolher Deus em nossa vida, uma vez que é Ele que vem ao nosso encontro, numa relação oposta ao que ensinava a antiga religião.

E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. João 14:3 ⇒⇒ Jesus diz que vai preparar porque é a sua ressurreição que inaugura essa nova realidade. Ele não está prometendo transportá-los de um lugar para outro, mas conduzir a uma nova condição de vida. Mais do que levar a comunidade para Deus, na verdade Jesus traz Deus para a comunidade; essa será a casa do Pai quando nela vigorar a lei do amor e sua aplicação prática, o serviço.

Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. João 14:4 ⇒⇒ esse caminho é a sua própria vida e mensagem, marcada pelo amor ilimitado e incondicional.

Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?João 14:5 ⇒⇒ os discípulos ainda estavam dominados pelos ideais messiânicos triunfalistas e não compreendiam a morte de Jesus como passagem para uma presença permanente no meio da comunidade. Eles viam a morte como o fim.

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. João 14:6 ⇒⇒ com essa declaração “Eu sou” -> Jesus reafirma a sua condição divina, pois essa é a fórmula de revelação do Deus do Êxodo, o Deus libertador. Jesus diz que ele mesmo é tudo o que a comunidade necessita, é Ele o parâmetro. O itinerário que devemos percorrer é a trajetória de vida de Cristo, Ele viveu e doou em abundância. Sua vida foi marcada pela liberdade, dignidade e amor.Se auto declarando como Caminho, Verdade e Vida, Jesus está dizendo que é tudo para a comunidade cristã e essa não pode alimentar-se de nada além da sua pessoa e da sua mensagem.

Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto.Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. João 14:7,8 ⇒⇒ não se trata de um conhecimento intelectual, mas de uma experiência de intimidade e de amor. O conhecimento de Deus não é fruto do intelecto, mas de uma disposição para amar e ser amado.

Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? João 14:9 ⇒⇒ os discípulos tinham dificuldade de aceitar e assimilar um Deus presente na história e relacionando-se diretamente com o seu povo, mas é exatamente esse Deus que Jesus nos revela.

Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.João 14:10 ⇒⇒ Toda a vida de Jesus é revelação de Deus em tudo o que faz, ele revela o Pai porque os dois vivem uma unidade perfeita.

Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras. João 14:11 ⇒⇒ é importante essa recomendação, pois as obras são o último critério para a fé. O primeiro critério é o amor, na comunidade onde reina o amor, todos tem espaço, inclusive para questionar. O que importa é que o amor fraterno seja vivido em abundância.

Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. João 14:12 ⇒⇒ vivenciando o único mandamento que é o do amor, estabelecendo relações que sejam fraternas e sinceras, cultivando a igualdade a comunidade cristã poderá realizar obras muito maiores que aquelas que o próprio Jesus fez, e é Ele mesmo quem nos dá essa garantia Não devemos apresentar o Evangelho apenas como uma história a ser contada, mas como um caminho a ser percorrido, uma verdade a ser anunciada e, principalmente, uma vida a ser vivida, marcada pelo amor, acolhimento, partilha e perdão.

Paz, graça e bem,Renato Barbosa

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