Os relatos da paixão e da morte de Cristo constituem o núcleo de base do relato dos evangelhos. Embora o nosso foco nesse ano seja especificamente o relato de Mateus. Um detalhe interessante é que as primeiras páginas escritas dos livros que hoje conhecemos como os 4 evangelhos, foram exatamente as narrativas da paixão e morte de Jesus, indicando que as primeiras comunidades cristãs giravam em torno da mensagem do Cristo Ressuscitado.
Com as primeiras perseguições das autoridades romanas e também dos líderes religiosos judeus, a morte se tornava cada vez mais presente na igreja primitiva. Para quem não tinha convivido com Jesus, tornava-se cada vez mais difícil perseverar na fé e, para animar e fortalecer uma comunidade ameaçada pela perseguição, nada melhor do que reconstruir a história da perseguição e morte de Jesus, enaltecendo sua fidelidade aos propósitos do Pai e sua resistência contra o sistema.
Tendo acesso hoje aos textos inteiros dos evangelhos, percebemos que a morte de CRISTO foi uma consequência da mensagem do Reino, que nada mais era que uma alternativa aos sistemas sistemas vigentes, político e religioso. Durante a sua trajetória entre os homens, Jesus praticou e pregou o que a religião e o sistema político da época não aceitavam: o amor ao próximo, a justiça social, a gratuidade nas relações, o perdão ilimitado, o cuidado com os mais necessitados, a solidariedade, a acolhida aos excluídos e marginalizados. Uma vida marcada por estas características não poderia ter outro fim senão a cruz, a pior das penas aplicadas na época, não foi predestinação e nem acidente, mas consequência de uma trajetória marcada pelo inconformismo diante das atrocidades do sistema.
Jesus não se adequou aos padrões de comportamento da época: não foi um cidadão exemplar, como exigia o poder romano, nem um devoto fiel, como exigia a religião judaica, pois sua obediência e fidelidade estava toda voltada para o Pai do céu. Cristo de nazaré jamais participaria ou convocaria um jejum para tentar alavancar a popularidade do imperador.
Assim, a morte trágica de Jesus, foi consequência de uma inteira existência marcada por uma opção radical pelas causas do seu Pai, a quem foi fiel e obediente até às últimas consequências. Durante seu ministério na Galileia, houve conflitos doutrinais com os fariseus guardadores da lei e outros grupos, mas é em Jerusalém que as disputas passam do campo doutrinal para a esfera do poder.
"E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo.
E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;
Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.
E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai.
E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras." Mateus 26:26-30
⇒⇒ A páscoa, como sabemos, é a festa em que os judeus faziam memória da libertação da escravidão do Egito, tinha como ponto alto a ceia pascal, na qual comia-se o cordeiro imolado, símbolo da festa. Ciente de que era a sua última, estando à mesa com os discípulos, Jesus mesmo se apresenta como cordeiro, doando a sua existência.
"Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram." Mateus 26:56
"Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram." Mateus 26:56
⇒⇒ Os discípulos ficam com medo e frustrados ao perceber que o projeto de Jesus não corresponde às suas expectativas. São os mesmos que, no início do Evangelho, deixaram barco, família, redes e até coletoria de impostos para seguí-lo. Agora, é a Jesus que eles abandonam. É uma advertência aos cristãos e, ao mesmo tempo, um consolo: deve haver resistência e força para não desistir, mas sendo composta de seres humanos, a comunidade cristã será sempre passível de medos e contradições.
O duplo julgamento de Jesus, um religioso diante do sinédrio (26:57-68), outro político diante de de Pilatos (27:11-26), mostra a covardia e a hipocrisia da união de forças hostis(Estado e Igreja) quando tem um inimigo em comum, pois os poderes romano e judaico não se suportavam. Dois poderes viciados na corrupção, no suborno e na mentira, mantinham um relacionamento de conveniência, tendo o povo pobre e oprimido como alvo de suas cobiças.
"Então Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o entregou para ser crucificado.
Então, os soldados do governador levaram Jesus ao Pretório e reuniram toda a tropa ao seu redor.
Tiraram-lhe as vestes e puseram nele um manto vermelho;
fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram em sua cabeça. Puseram uma vara em sua mão direita e, ajoelhando-se diante dele, zombavam: "Salve, rei dos judeus! "
Cuspiram nele e, tirando-lhe a vara, batiam-lhe com ela na cabeça.
Depois de terem zombado dele, tiraram-lhe o manto e vestiram-lhe suas próprias roupas. Então o levaram para crucificá-lo.
Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e o forçaram a carregar a cruz.
Chegaram a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira,
e lhe deram para beber vinho misturado com fel; mas, depois de prová-lo, recusou-se a beber.
Depois de o crucificarem, dividiram as roupas dele, tirando sortes." Mateus 27:26-35
O duplo julgamento de Jesus, um religioso diante do sinédrio (26:57-68), outro político diante de de Pilatos (27:11-26), mostra a covardia e a hipocrisia da união de forças hostis(Estado e Igreja) quando tem um inimigo em comum, pois os poderes romano e judaico não se suportavam. Dois poderes viciados na corrupção, no suborno e na mentira, mantinham um relacionamento de conveniência, tendo o povo pobre e oprimido como alvo de suas cobiças.
"Então Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o entregou para ser crucificado.
Então, os soldados do governador levaram Jesus ao Pretório e reuniram toda a tropa ao seu redor.
Tiraram-lhe as vestes e puseram nele um manto vermelho;
fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram em sua cabeça. Puseram uma vara em sua mão direita e, ajoelhando-se diante dele, zombavam: "Salve, rei dos judeus! "
Cuspiram nele e, tirando-lhe a vara, batiam-lhe com ela na cabeça.
Depois de terem zombado dele, tiraram-lhe o manto e vestiram-lhe suas próprias roupas. Então o levaram para crucificá-lo.
Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e o forçaram a carregar a cruz.
Chegaram a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira,
e lhe deram para beber vinho misturado com fel; mas, depois de prová-lo, recusou-se a beber.
Depois de o crucificarem, dividiram as roupas dele, tirando sortes." Mateus 27:26-35
⇒⇒ A cruz é decretada como pena exemplar. Justamente na páscoa, a religião oficial não hesita em ser conivente com a condenação de um inocente e justo. Os líderes religiosos, mais do que nunca, colocaram a Lei e a doutrina acima da vida. Em meio ao suplício e ao abandono dos seus discípulos, Jesus faz prevalecer as convicções de seguir até o fim. Aquele projeto de vida nova, com justiça, igualdade e amor sem distinção não poderia ser jogado fora de repente. O rosto amoroso do Pai que ele veio revelar não poderia ser escondido.
E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era o Filho de Deus. Mateus 27:54
E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era o Filho de Deus. Mateus 27:54
⇒⇒ A cruz veio como consequência de uma vida toda marcada pelo amor. E, nele, ao invés de ser simplesmente sinal de condenação, a CRUZ se tornou sinal de salvação. Na cruz ele ele foi escarnecido e humilhado, mas também reconhecido em sua mais profunda identidade.
"E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;" Mateus 27:51
"E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;" Mateus 27:51
⇒⇒ O rasgar-se do véu do santuário significa a falência completa da religião e do sistema político que tinham acabado de matar Jesus. A cortina ou véu do santuário marcava a divisória do espaço sagrado do templo: somente os sacerdotes podiam ultrapassar a divisória demarcada pelo véu. Jesus, mesmo morrendo, mostra sua força; consegue abolir as divisões e rótulos impostos pela religião. De agora em diante, conhece a Deus quem segue o Seu Filho.
Jesus abraçou o projeto de tornar o Reino de Deus possível e acessível a todos. Glória a Deus!!!
Paz, graça e bem,
Renato Barbosa
Jesus abraçou o projeto de tornar o Reino de Deus possível e acessível a todos. Glória a Deus!!!
Paz, graça e bem,
Renato Barbosa
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