Durante séculos procurou-se e especulou-se sobre a localização de um
forte grego em Jerusalém. Muitos já consideravam este um dos “maiores
mistérios arqueológicos de Jerusalém”. É que os gregos estiveram na cidade e aí
construíram uma fortaleza chamada Acra. Todas as provas históricas
apontavam para isso, mas não se sabia onde.
Agora uma equipa de arqueólogos, que escavava um parque de
estacionamento há 10 anos, descobriu aquilo que parecem ser as ruínas da
fortaleza grega com mais de dois mil anos. Quem o afirma é a Autoridade de
Antiguidades de Israel.
Esta “descoberta é sensacional”, garantem os diretores da escavação
Doron Ben-Ami, Yana Tchekhanovets e Salome Cohen, citados pela CNN.
Sensacional não apenas pela antiguidade de Acra, mas também pelo que significou
na Antiguidade.
Acra remete para os tempos de Antiochus IV Epiphanes
ou Antíoco Epífanes, um dos líderes dos despojos do império deixado
por Alexandre o Grande. No ano 167 a.C, Antiochus IV conquistou o coração
e o centro do judaísmo, Jerusalém e durante o seu período de governação
quaisquer manifestações religiosas judaicas foram estritamente proibidas. Era a
tentativa de helenização do povo judaico, uma política que levou a que as
tensões na cidade aumentassem drasticamente, o que obrigou Antiochus IV a
construir a Acra para manter o controlo dos acessos ao Templo de
Jerusalém, localizado no topo do Monte do Templo, com um tamanho, calcula-se,
de 250 metros por 50.
Mas o domínio grego estava prestes a cair. Judas Macabeu liderou uma
revolta que os dirigentes helénicos desvalorizaram. Em I Macabeus
1:33-35 já se relatava que:
“Cercaram a Cidade
de David com uma grande e sólida muralha, com possantes torres, tornando-se
assim ela sua fortaleza. Instalaram ali uma guarnição brutal de gente sem leis,
fortificaram-se aí; e ajuntaram armas e provisões. Reunindo todos os espólios
do saque de Jerusalém, ali os acumularam. Constituíram desse modo uma grande
ameaça”.
Este foi o mote dado para aquela que ficou conhecida como a revolta dos
Macabeus que, em 164 a.C, conseguem recuperar o controlo da cidade
israelita e, mais importante, do sagrado templo. Mas a fortaleza resistiu. Não
se conhece a data exata até onde Acra resistiu, mas há relatos que
foi Simão que a destruiu depois de expulsar todos os seus defensores.
No entanto, no Primeiro Livro dos Macabeus, do Antigo Testamento,
conta-se que Simão “fortificou a montanha do templo do lado da cidadela e
habitou ali com os seus”. Ou seja, segundo este relato Simão terá mesmo vivido
no forte em vez de o destruir. Por isso, a teoria mais aceite é que a fortaleza
tenha caído em desuso e fosse finalmente demolida no final do século II a.C.
Esta nova descoberta pode dar respostas a todas estas perguntas e
mistérios. Como explicou Doron Ben-Ami, à Fox News, durante “dezenas de
anos estudiosos, arqueólogos e historiadores andaram à procura da localização
da Acra e muitas, muitas localizações diferentes foram sugeridas.” A
localização de Acra sempre foi “uma questão em aberto na arqueologia de
Jerusalém.”
Foram também encontradas pontas de setas em bronze com o símbolo do
reino de Antiochus IV estampado, oferecendo uma pista sobre as batalhas
que ocorreram naquela zona.
(CLARA AMI/ISRAEL ANTIQUITIES AUTHORITY)
Ben-Ami refere ainda que esta “descoberta vai-nos permitir,
pela primeira vez, reconstruir o aspeto da fortificação da cidade, em vésperas
da revolta dos Macabeus.”
As escavações ainda não acabaram, esperando-se que seja
possível encontrar ainda mais provas e registos sobre o período helénico
em Jerusalém.
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