JESUS NÃO COMBINA COM PRECONCEITO

Por Hermes C. Fernandes
Já no começo Ele mostrou a que veio. Escolheu nascer numa família humilde e em circunstâncias que poderiam ser, no mínimo, consideradas suspeitas. De repente, sua mãe apareceu grávida, e o filho não era de seu pai.
Poderia ter nascido num palácio, mas preferiu nascer entre os animais, acolhido numa manjedoura em vez de num berço de ouro. De fato, Jesus não combina com preconceito.
Ainda bebê, recebeu presentes de magos estrangeiros que não professavam a religião dos seus pais (“magos” é um eufemismo para “bruxos”). Por que hoje Ele discriminaria quem o quisesse louvar, ainda que não pertencesse ao seu povo? Ora bolas, Jesus não combina com preconceito.
Já adulto, foi inusitadamente banhado pelo perfume de uma dama da noite, adquirido no exercício de sua atividade. Jamais se incomodou por ser flagrado andando publicamente na companhia delas e de outros de moral duvidosa. Será que hoje Ele ficou mais seletivo? Jesus não combina mesmo com preconceito.
Nunca usou termos pejorativos para tratar leprosos, mendigos, excluídos, eunucos. Por que alguns dos seus seguidores insistem em usá-los. Não consigo imaginá-lo chamando alguém de “gay aidético”, ou de "leproso imundo". Ele sempre foi um gentleman. Tratava com dignidade a qualquer ser humano. E sabe por quê? Jesus não combina com preconceito.
Ele foi capaz de elogiar publicamente a manifestação da fé de um oficial do exército do império que ocupava sua terra. Mesmo sabendo que aquele homem provavelmente era devoto de muitos deuses, Ele não recriminou, mas admirou sua devoção ao criado enfermo. Tudo porque Jesus não combina com preconceito.
Ele escandalizou seus conterrâneos, ao usar uma figura por eles desprezada para ser o principal personagem de algumas de suas parábolas. Para Ele, mesmo um samaritano era capaz de surpreender o mundo com atitudes dignas e motivadas por amor. Definitivamente, Jesus não combina com preconceito.
Foi flagrado aos papos com uma "nordestina" de sotaque estranho (Samaria ficava ao norte de Jerusalém) à beira de um poço, e mesmo sabendo de seu estilo de vida promíscuo, não a condenou, mas ofereceu-lhe saciar sua sede existencial. Você ainda acha que Jesus combine com preconceito?
Ao escolher seus discípulos, não os censurou por suas ideologias. De fato, entre eles havia publicanos, zelotes e até fariseus, abrangendo todo o espectro ideológico da época. Por que alguns dos seus seguidores atuais apaixonam-se de tal maneira por certas ideologias, que acabam demonizando os que pensam diferente? Quem dera fôssemos como Jesus que não combina com preconceito.
Ao ressuscitar, Ele quebrou todos os protocolos ao aparecer antes às mulheres e enviá-las como portadoras da boa nova aos demais discípulos. Por incrível que pareça, ainda há quem se diga discípulo d'Ele e que pensa que a mulher não deve ter oportunidade no ministério. Parece que Jesus vivia bem à frente do seu tempo e por isso, jamais combinou com preconceito.
Paulo, um dos seus mais proeminentes discípulos, fez eco ao que aprendeu do seu mestre. Tanto que foi capaz de citar poetas seculares em seu discurso, revelando estar desprovido de qualquer espírito discriminatório. Haveria algum erro em citar poetas seculares atuais? Será que isso nos desqualificaria como pregadores? Definitivamente, Jesus não combina com preconceito.
Jesus só demonstrou intolerância para com os intolerantes, aqueles que se achavam tão santos, que ao subirem ao templo para orar, ousavam declarar não serem tão pecadores como os outros. Estes não foram poupados de suas duras e severas críticas. Com a mesma severidade com que julgaram, foram julgados. Para estes, Jesus tinha adjetivos muito especiais, tais como hipócritas, “raças de víboras” e “geração adúltera” (equivalente mais polido de um xingamento muito usado em nossos dias). Definitivamente, Jesus não combina com preconceito, muito menos com intolerância.

#ELENÃO

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